Advinha quem criticou a imprensa, o STF, as pesquisas eleitorais e alegou ser o único político honesto que lutará contra "o sistema"?
Quem usou tropa de choque na Internet para atacar jornalistas e adversários?
Quem disse que quando eleito, irá atropelar o Congresso Nacional, apoiado na suposta força do povo que o elegeria?
Se você pensou em Jair Bolsonaro, errou feio, pois a resposta correta é Ciro Gomes.
Ciro que iniciou a campanha como candidato a presidente, termina como candidato a um novo Bolsonaro.
Um Bolsonaro mais à esquerda, com mais vocabulário, mais leitura, porém, igual em temperamento.
Ciro Gomes disse tantas barbaridades em seu "manifesto à nação", que chegaria a deixar Bolsonaro com a face corada, se este último tivesse um mínimo de vergonha na sua cara sebosa.
Muitos eleitores na época das pré-candidaturas, tinham a intenção de votar em Ciro Gomes no primeiro turno. Porém, conforme foram se dando os fatos, o próprio Ciro foi convencendo os eleitores a migrarem para o famoso "voto útil" ao Lula.
O motivo é meio óbvio: este mesmo discurso pavimentou a chegada de Bolsonaro ao poder e causou uma desgraça atrás da outra. Até mesmo por isso, quem poderia acreditar no mesmo discurso agora?
Ora, e por que alguém seria obrigado a confiar que Ciro conduziria o país a um caminho diferente do de Bolsonaro se ele usa o mesmo discurso para vencer a eleição? Ou ao menos para evitar que Lula vença logo no primeiro turno?
Ciro já chegou a reproduzir a ideia mais difundida entre os bolsonaristas: a extinção total do PT.
Em suma, Ciro, já pensa em 2026. Ele mesmo disse que não faria mais campanha para ladrão nem que o pau tore (sic), referindo-se ao atual candidato ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, em uma entrevista.
Ciro não cansa de repetir que Lula não foi inocentado. Que isso seria uma narrativa do PT. Essa é uma meia verdade. Realmente, Lula não foi inocentado, pois para que isso ocorresse teríamos de considerar que os processos contra o ex-presidente foram legítimos.
Porém, os processos contra Lula foram anulados pois o juiz responsável pela condenação foi considerado suspeito e incompetente (aquele juiz que após a condenação foi ser ministro daquele que ajudou a eleger). Isto, Ciro ignora solenemente.
Por fim, o que restará para Ciro Gomes?
Talvez nem mesmo o PDT, pois é impossível que o partido apoie Bolsonaro em um possível segundo turno, como Ciro vem fazendo objetivamente neste primeiro turno.
É praticamente o fim melancólico de uma carreira política longa e produtiva.
Como diria Leonel Brizola: a política ama a traição, mas odeia o traidor.
Mesmo que Ciro esteja apenas traindo a si mesmo e sua trajetória política, tendo inclusive atuado por anos nos governos petistas.
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