segunda-feira, 9 de junho de 2025

Trump e suas Trumpices

Donald Trump atua como agitador de multidões que sabe que o caos é seu melhor combustível político. A última cena dessa tragédia repetida como farsa se desenrola em Los Angeles, onde o mandatário decidiu enviar tropas federais para reprimir protestos contra deportações em massa.

Contra a vontade do governador da Califórnia, Gavin Newsom, e das autoridades locais, transformou as ruas da cidade em um palco de seu espetáculo autoritário. Tanques e fuzis estão apontados contra inimigos internos construídos insistentemente nos últimos anos.

Mas não se enganem: isso não é sobre migração. É sobre poder.

Enquanto manifestantes, em sua maioria pacíficos, saíam às ruas para protestar contra operações brutais de deportação, Trump trabalhava duro para vender a narrativa de que Los Angeles estava “invadida por turbas violentas”.

Disparou a repórteres frases de efeito dignas de um filme B: “Ninguém vai cuspir nos nossos policiais. Ninguém vai cuspir nos nossos militares”.

Para ele, quanto mais os protestos escalarem, melhor. Ironicamente, as turbas violentas são suas próprias tropas.

A estratégia é velha conhecida de quem estuda regimes autoritários:
1) Invente um inimigo (no caso, migrantes e quem os defendem);
2) Crie uma ameaça (tratando protestos como insurreição);
3) Ofereça a si mesmo como salvador (enviando tropas para lutar contra a própria população).

Stephen Miller, vice-chefe de gabinete da Casa Branca, resumiu: “Esta é uma luta para salvar a civilização”.

A frase, digna de um discurso de Mussolini, revela o projeto em curso.

Não se trata de governar, mas de dominar. Trump não está apenas desrespeitando o governo da Califórnia em uma briga que ajuda a fragmentar a federação. Testa até onde pode ir na erosão da democracia.

A Universidade de Harvard, que vem sofrendo ataques por resistir ao choque autoritário do governo federal, e Los Angeles não são casos isolados, mas laboratórios. Se der certo por lá, a receita será exportada para outras universidades e cidades que ousem resistir.

Enquanto isso, os EUA seguem na direção errada, e o mundo assiste, esperando que o pior não aconteça. Mas o pior já está acontecendo.

TEXTO DE:
Thiago Muniz

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