terça-feira, 17 de junho de 2025

A Cascata da Casta para manter castos os seus ganhos

Ontem à noite, um "mantra" materialista foi bradado o tempo todo na Câmara: "chega de impostos!". Isso seduz mas, no caso, engana.

Para defender que não se altere a estrutura tributária e fiscal injusta - onde quem mais ganha menos paga - os deputados da elite "vendem gato por lebre": é MENTIRA que os impostos sobre Operações Financeiras "recaiam sobre toda a sociedade". 

O decreto do governo - cuja "urgência" para ser derrubado foi aprovada por 346 a 97 - afeta, moderadamente, quem tem grandes aplicações ou faz gastos expressivos no exterior - o "andar de cima".

O presidente Hugo Motta, para se contrapor a Haddad, diz que "todos moram no mesmo prédio". Só não diz que as regras do condomínio, que querem inalterada, privilegiam quem mora na cobertura.

Os ultraneoliberais repetem que é preciso "cortar gastos" - isto é, programas sociais, reajuste do salário mínimo e para aposentados/pensionistas, percentuais constitucionais de Educação e Saúde. E "esfregam as mãos": hoje, o Senado deve aprovar o aumento do número de deputados, de 513 para 531!

Cortar isenções bilionárias de empresas (R$ 800 bi este ano), benesses de parlamentares e emendas pouco transparentes (R$ 50 bi), juros e serviços da imensa dívida (R$ 540 bi)? Nem pensar.

Falta sinceridade no debate sobre a necessária Reforma Tributária estrutural. Sobra hipocrisia.

TEXTO DE:
Chico Alencar

domingo, 15 de junho de 2025

(Tris)tirinhas do Nietzsche Tupiniquim

1) A mesma "imprensa" que ataca a ministra Marina Silva por "atrapalhar" o desenvolvimento economico, é a que fica chocada com intenção do Instituto Butantan desmatar mais de 6 mil árvores para ampliar o complexo industrial. Aqui vale a máxima: desmatamento no dos outros é refresco.

2) Brasileros aplaudem ataques de Israel em Gaza, enquanto outros brasileiros aplaudem ataques do Irã contra Israel. Todos dizem ter bons motivos, mas nenhum consegue explicar quais.

3) Esquerda brasileira apoia Rússia comunista, que persegue homossexuais, judeus e cristãos. Direita brasileira apoia Ucrânia nazista que persegue homossexuais, judeus e cristãos.

4) Enquanto isso, o mundo acomapanha o mundial de clubes da Fifa. Aquela que proibiu a Rússia de jogar enquanto faz Copa do Mundo na Arábia Saudita, onde direitos humanos ainda não chegaram.

5) O futebol é contra racismo, homofobia e misoginia, desde que esejam praticados fora do Qatar.

6) Revista Veja diz que Mauro Cid mentiu e que portanto mentias e golpes de Bolsonaro deveriam ser perdoados.

7) Leo Lins se defende da condenação por crimes cometidos em show, atacando Universidades (antros comunistas), e dizendo ser perseguidopela mesma "ditadura do judiciário", responsável por inventar crimes contra Bolsonaro. So não explicou se essa postura reacionária é personagem também.

8) Rafinha Bastos na ânsia de defender o colega de profissão(?), pede prisão de Nazaré Tedesco, personagem de novela.

9) Em depoimento no STF, Bolsonaro perguntou a ministro se poderia contar uma piada. O Ministro na lata devolveu:
"Vai ser sem graça?". O ex-presidente preferiu não contar.

10) Motta não quer IOF, e pede que Governo reduza gastos para que Congresso possa criar projeto para acumular salário e aposentadoria para congressistas. Aqui vale a máxima (correndo risco de soar repetido): reforma estruturante no dos outros é refresco.

11) Não deu tempo de comentar sobre o deputado Nikole Ferreira porque ele saiu correndo daqui.

sábado, 14 de junho de 2025

(Tris)tirinhas do Thiago Muniz

1) O querido Hélio de La Peña, o famoso Chocolate Cumprimenta, não se incomoda com as piadas hostis de Leo Lins. Mas é óbvio que ele não vai se incomodar, ele comprou a alforria dele num dos metros quadrados mais caros do mundo, o Jardim Pernambuco, onde fica a nata da elite carioca.

2) Bolsonaristas decepcionados com Bolsonaro. Alguém achava mesmo que com todos as provas e delações ele iria peitar o STF? Pedir desculpas na audiência é tentar minimizar os danos com a possível prisão. Diminuir a pena para sermos bem claro.

3) Copa do Mundo de Clubes. Não vamos nos iludir com um título de clube brasileiro, mas como estamos no meio da temporada e os clubes europeus estão em final de temporada, pode ser que a parte física comprometa. Um passo de cada vez.

4) O Estado sionista de Israel cada vez mais audaz, desta vez sequestrando o barco da Greta Thumberg em águas internacionais. Isso porque ela não estava armada, era ajuda humanitária aos palestinos. Israel sionista de hoje é a Alemanha nazista de ontem, só falta os campos de concentração. E desta vez é muito mais grave pois os judeus possuem grande parte da influência e do controle bancário e da mídia Ocidental. Tempos tenebrosos. 

5) Carlo Ancelotti na seleção da CBF. Até a Copa acho que será possível ele imprimir um estilo de trabalho próprio, bem ao estilo europeu impondo muita marcação na saída de bola. Resta saber se essa geração “tik tok” de jogadores vai abraçar a ideia de tentar o hexacampeonato mundial, o que não acredito muito. Mas talvez com a volta do Casemiro, homem de confiança de Ancelotti; possa mudar essa mentalidade. Veremos!

6) Odete Roitman vilã? A mulher protege os filhos para não cagarem mais ainda as suas vidas. Afonso é um playboy que só treina e faz palestras sobre sustentabilidade e descobriu que sua família é bilionária graças a quem? A sua mãe! E não se conforma em ter uma namorada que prioriza o trabalho pois não nasceu em berço de ouro, precisa de uma mulher que paparique o ego dele 24 horas por dia. A Heleninha da Paolla Oliveira é uma super mulher inteligente, graças ao bom estudo que foi proporcionada mas não equaliza isso tudo numa independência pessoal, falta uma boa dose de amor próprio e zero álcool.

7) Extrema direita tentou lacrar para cima de Haddad e tomou lindas invertidas de fatos verdadeiros. Mesmo assim acho que será Lula 2026 pois a esquerda ainda não conseguiu se unir da forma que tenha sucessores vorazes.

TEXTO DE:
Thiago Muniz

quinta-feira, 12 de junho de 2025

Bolsonaro, a infâmia da República

Ontem bolsonaro ( todo com minúsculas, pois maiúscula no nome há que merecê-la ) escreveu um dos mais infames capítulos de nossa história. Seu depoimento para Alexandre de Moraes foi um espetáculo dantesco de hipocrisia, mentiras, covardia, desarticulação de ideias e burrice.

Esse monte de esterco ter sido presidente da república é, mais do que uma vergonha, uma calamidade que só poderia msmo acontecer numa democracia de mentirinha, como a nossa, burguesa até a medula, cuja finalidáde é a manutenção dos privilégios dos donos do capital.

Como alguém pode admirar aquele rascunho mal acabado de ser humano? Eu simplesmente não entendo. Quer ser de direita, eu lamento, mas ainda entendo; agora, ser fâ de um saco de esterco com pernas como aquele, aí já é demais pra mim.

TEXTO DE:
Alexandre Périgo

segunda-feira, 9 de junho de 2025

Trump e suas Trumpices

Donald Trump atua como agitador de multidões que sabe que o caos é seu melhor combustível político. A última cena dessa tragédia repetida como farsa se desenrola em Los Angeles, onde o mandatário decidiu enviar tropas federais para reprimir protestos contra deportações em massa.

Contra a vontade do governador da Califórnia, Gavin Newsom, e das autoridades locais, transformou as ruas da cidade em um palco de seu espetáculo autoritário. Tanques e fuzis estão apontados contra inimigos internos construídos insistentemente nos últimos anos.

Mas não se enganem: isso não é sobre migração. É sobre poder.

Enquanto manifestantes, em sua maioria pacíficos, saíam às ruas para protestar contra operações brutais de deportação, Trump trabalhava duro para vender a narrativa de que Los Angeles estava “invadida por turbas violentas”.

Disparou a repórteres frases de efeito dignas de um filme B: “Ninguém vai cuspir nos nossos policiais. Ninguém vai cuspir nos nossos militares”.

Para ele, quanto mais os protestos escalarem, melhor. Ironicamente, as turbas violentas são suas próprias tropas.

A estratégia é velha conhecida de quem estuda regimes autoritários:
1) Invente um inimigo (no caso, migrantes e quem os defendem);
2) Crie uma ameaça (tratando protestos como insurreição);
3) Ofereça a si mesmo como salvador (enviando tropas para lutar contra a própria população).

Stephen Miller, vice-chefe de gabinete da Casa Branca, resumiu: “Esta é uma luta para salvar a civilização”.

A frase, digna de um discurso de Mussolini, revela o projeto em curso.

Não se trata de governar, mas de dominar. Trump não está apenas desrespeitando o governo da Califórnia em uma briga que ajuda a fragmentar a federação. Testa até onde pode ir na erosão da democracia.

A Universidade de Harvard, que vem sofrendo ataques por resistir ao choque autoritário do governo federal, e Los Angeles não são casos isolados, mas laboratórios. Se der certo por lá, a receita será exportada para outras universidades e cidades que ousem resistir.

Enquanto isso, os EUA seguem na direção errada, e o mundo assiste, esperando que o pior não aconteça. Mas o pior já está acontecendo.

TEXTO DE:
Thiago Muniz

sábado, 7 de junho de 2025

Ódio Performático

Muito se tem falado sobre a condenação do "comediante" Leo Lins e, lendo as publicações, resolvi trazer um pouco do que pensa a filósofa e linguista Judith Butler sobre o que ela chama de discurso de ódio.

Primeiro, precisamos dizer que a condenação é mais que justa, uma vez que ele não foi censurado, ou seja, ele fez seu show e apenas está sendo julgado por coisas que ele mesmo disse.

Porém, como não achamos que a prisão é uma solução inteligente para nenhuma problema, achamos que 8 anos de cadeia não é a melhor medida de punição. Melhor seria que houvesse uma condenação reparativa.

Mas...vamos a Butler.

Na obra Discurso de ódio: uma política do performativo (1997), Butler faz uma reflexão crítica sobre como a linguagem pode ser utilizada como uma ferramenta de violência, opressão e exclusão.

Para ela, a linguagem é performativa e, por isso, ela não só fala sobre a realidade, mas ela constrói, reconstrói, molda, desfaz e refaz a realidade como ela nos aparece.

Partindo desse princípio, uma frase nunca é uma frase. Uma palavra carrega a performatividade histórica a qual ela está atribuída e o contexto no qual ela é explicitada.

Assim, uma frase, que se pretende piada ou não, nesse caso pouco importa, é capaz de escrever, criar ou reconstituir e restabeleces relações de poder, subordinando certos grupos minorizados.

Na prática, como a linguagem molda a realidade social e a identidade dos sujeitos, ela pode causar danos psicológicos, sociais e até físicos.

A palavra INVENTA a violência. A palavra MANTÉM a violência. Mas a palavra também pode RESISTIR À VIOLÊNCIA.

E isso talvez seja o mais importante agora: como as palavras não apenas descrevem, mas também produzem efeitos sociais e políticos, ideia que ela recupera de Michel Foucault, estaria justamente na linguagem o nosso potencial de resistência e ressignificação dentro do próprio discurso.

Disputar, então, significados da linguagem no espaço público é nossa trincheira para um mundo mais justo.

Sigamos.


TEXTO DE:

Luiz Antonio Ribeiro

- editor do Nota

domingo, 1 de junho de 2025

Eulogy

Chegou à Netflix a aguardadíssima sétima temporada de Black Mirror e com ela, Eulogy, episódio que mergulha de cabeça no novelo emaranhado entre tecnologia e lembrança.

O artifício que move a trama é, por si só, de arrepiar: um software capaz de nos colocar dentro de fotografias antigas para que possamos compor um elogio fúnebre à altura de quem partiu. Para Phillip ( Paul Giamatti ), essa porta no tempo tem gosto amargo.

Nas três polaroides que ele escolhe, o rosto da antiga namorada, Carol, foi rasbicada às pressas - uma tentativa infantil e inútil de apagar a dor de quem preferiu rasgar a página em vez de virá-la.

A lente do episódio é quase psicanalítica. Memória não é uma gaveta bem arrumada, é história recontada para que possamos seguir vivendo. Ao reconstruir aqueles cenários riscados, Phillip ressuscita tudo o que havia empurrado para o porão.

O dispositivo age como analista: força o encontro - desconfortável mas, necessário - entre a vontade inconsciente de repetir a perda e o desejo de transformar luto em futuro.

O roteiro frisa que o destino cinzento de Phillip, envelhecendo sozinho numa cidade pequena, não foi castigo do relógio: brotou de decisões minúsculas, de cada conversa adiada, cada foto rasgada em silêncio.

Paul Giamatti carrega tudo isso no corpo. Ele faz dos olhos uma zona de exclusão - raramente encara a lente. Um leve tremor no canto da boca vale mais que paginas de diálogo. E, nos silêncios, sentimos o peso de tudo que não coube em palavras. Quando enfim chega o choro, ele explode como relâmpago.

A direção de Chris Barret e Luke Taylor brinca com a nossa percepção: as fotos começam planas, desbotadas, e de repente as figuras respiram, o grão salta, o obturador estala. É lindo e pertubador - como folhear um álbum de família sabendo que cada página guarda algo que talvez preferíssemos nunca reviver.

Charlie Brooker e Ella Road, os roteiristas, costuram tudo con a melancolia de quem olha para a própria juventude pelo retrovisor. As menórias de verão vibrantes - risadas ecoando na feira, planos ousados para quando ficarmos velhos - batem de frente com ruas vazias, a barbearia fechada, o relógio da praça parado às três e quinze.

Eulogy pergunta: será que a solidão é obra do tempo... ou culpa da nossa covardia diante das encruzilhadas?

Os giros do enredo - a identidade real da Guia, o segredo por trás da foto rasgada - mantêm o coração na garganta. Mas, quando a tela escurece, fica o olhar de Phillip: um pedido de desculpas tardio para o próprio passado. Aprendemos aí: a tecnologia pode reabrir portas, atracessá-las ou não continua sendo só nosso.

Eulogy dispensa consolo fácil. Oferece, em vez disso, um espelho sem retoques. Nele, entendemos que dá para reescrever certas memórias antes que o tenpo as cubra de poeira - mas apenas se tivermos coragem de encará-las de frente.

Black Mirror talvez nunca tenha soado tão profundamebte humano.

TEXTO DE: