Texto de Andrey Vitor.
O feijão, que é quase um símbolo da identidade nacional e que boa parte da população brasileira depende diariamente dele na sua alimentação, está custando um absurdo para o bolso do trabalhador.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses ( Ibrafe ), a saca do feijão passou de R$ 160 e chegou a ser comercializada por R$ 410. Já o preço para o cliente passou de R$ 4 para até R$ 10 o quilo.
O crescimento do preço do feijão está intimamente associado a conversão das terras brasileiras em desertos de soja, onde a produção obedece a demanda do mercado externo.
A dinâmica do mercado que atua sobre a agricultura brasileira faz com que a produção de feijão se desloque para um setor de maior lucratividade ( soja ), produzindo uma escassez artificial determinada pela gerência dos interesses privados sobre um bem natural: a terra.
Quando a terra – um bem natural que deveria pertencer e servir aos interesses da população brasileira – é apropriada de forma privada, a população se torna refém dos interesses do mercado e é obrigada a engolir os abusos desses mesmos interesses.
A mão invisível do mercado opera como um bandido que rouba os mais pobres e favorece os mais ricos.
Isso tudo acontece enquanto o Estado brasileiro não toma a sua postura de “instância superior da sociedade civil” e permite que toda uma população seja punida pela concentração da terra e sua gerência privada.
Na contramão da denúncia e da informação, os jornais - que representam os interesses do latifúndio - ocultam as causas do crescimento abusivo do preço do feijão.
Eles - a grande imprensa - recorrem a uma narrativa que demonstra a alta do valor do grão como um fetiche ( um fenômeno sem determinações materiais ) e conduz o trabalhador a acreditar que só lhe resta aceitar e se adaptar ao problema, substituindo seus hábitos alimentícios.
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