Eu sempre gostei de números desde criança, mas não queria ser um número. Eu preferia ser uma pessoa, um cidadão, um ser humano tratado com dignidade, mas a sociedade e o estado fazem tudo para me oprimir e humilhar a ponto de eu não passar de um número, desprezível, descartável, absolutamente desimportante.
Eu preferia ser um cachorro bem tratado numa família, ou um gato ou um passarinho, apesar da gaiola - que é opressora, mas nesse mundo de ruindade pode até ser bom negócio como residência. Bom mesmo deve ser morar nesse novo parque do Rio. Mas não, sou um número. E se eu me tornar zero ou infinito logo mais, para essa máquina de moer gente não faz a menor diferença. Troca-se um número por outro com grande facilidade. E alguém se importa com um número descartado? Somou, diminuiu, trocou, tchau e bênção.
O próximo número, por favor.
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