segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Em um outro tempo: A história Mount Athos e outros naufrágios no Litoral Gaúcho

O litoral gaúcho, no trecho compreendido entre o balneário de Dunas Altas em Quintão e a barra da Lagoa dos Patos em São José do Norte, abriga em sua extensão uma série de naufrágios que justificam a expressão “cemitério de navios” empregada para descrever este trecho da costa.

São 250km de praia reta e deserta, entrecortados por faróis, pequenas vilas de pescadores e raros balneários de veraneio, formando uma região extremamente isolada e por isso mesmo de natureza bastante preservada. Extensas dunas e banhados acompanham a praia em toda a sua extensão, e nos meses de inverno não é raro encontrar pela praia animais marinhos como pingüins, desviados de suas rotas migratórias pelas correntes marinhas. Em função de tudo isso, vencer os 250km de areia entre Dunas Altas e São José do Norte se constitui numa aventura que todo proprietário de um veiculo 4x4 deveria fazer, pelo menos uma vez na vida.

Dentre os diversos naufrágios ocorridos na costa gaúcha, um dos mais notáveis e conhecidos é o navio cargueiro Mount Athos, cujos restos repousam na praia, 15km a norte do Farol da Solidão.


Antes da instalação de uma rede de faróis entre Torres e o Chuí, bem como o surgimento da navegação por GPS, o litoral gaúcho foi palco de incontáveis naufrágios. O vento “nordestão” e o “carpinteiro” agravavam a situação, fazendo da nossa costa uma verdadeira armadilha para a navegação. Estas características valeram ao nosso litoral, considerado um dos mais perigosos do mundo, o apelido de “cemitério de navios”. 

Uma das vítimas foi o navio “Mount Athos”, de 164 metros de comprimento. No dia 11.03.1967 o cargueiro grego, que transportava adubo para Rio Grande, foi acossado pelo vento e por fortes ondas. Ao aproximar-se demasiadamente da costa, a embarcação colidiu com um banco de areia, vindo a dar na praia com os seus 28 tripulantes. Todos se salvaram. Estava a 15 quilômetros ao norte do Farol da Solidão, nas coordenadas aproximadas de 30ºS31’/50ºW20’.

O Mount Athos foi desmontado pelos Irmãos Mollet de Porto Alegre e seus restos encaminhados para a siderúrgica Rio Grandense. Ainda hoje, no entanto, nas ocasiões de mar baixo, é possível observar os restos do fundo do " Mount Athos”.Além do Mount Athos, este trecho deserto da costa gaúcha abriga ainda uma quantidade razoável de outros naufrágios menores, muitos deles visíveis nas areias ou na beira da praia.

Deste, localizado em torno de 20km ao sul do Farol da Solidão, restou o casco de aço na praia.

Relato de quem viveu essa história!
Posso considerar que fui um "piá" de sorte, pois na primavera de 1967 meu pai pegou o seu Aero-Willys-1961 e levou toda família para visitar o navio soçobrado. Nas fotos da família Zuazo Sanchis, o meu pai Fernando, a minha mãe Eloina, Mende (a menina), José Fernando e Miguel (o caçula).


Reportagem/JFV (Desde 1976)
📷 Divulgação (Rede social)
jornalfolhadovalemetropolitano@gmail.com

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