CAMPANHA DEPRIMENTE
A grande maioria dos brasileiros está seguindo a última moda: analisar as performances dos pré-candidatos à presidência da república no programa de TV "
Roda Viva".
Mas não se iluda! Os eleitores não estão prestando realmente à atenção ao que é perguntado e ao que é respondido. Talvez nem mesmo tenham realmente assistido ao programa.
O que eles simplesmente fazem, é compartilhar em suas redes sociais vídeos com trechos das entrevistas, editados por páginas ligadas aos próprios candidatos ou aos adversários.
Os eleitores nem mesmo formam nenhuma opinião sobre o que foi dito no programa, pois os próprios candidatos já formularam as opiniões favoráveis ou contrárias que devem ser espalhadas. Cabe ao eleitor, como bom "
jumento bem adestrado", espalhar o que seu candidato quer.
Estes vídeos são editados no pior estilo "
youtuber", com direito a óculos escuros na cara daquele que "
mitou", com direito a imbecilidades no lugar da descrição, como: "
fulano humilha sicrano", ou "
fulano cala jornalista".
Quando a intenção do vídeo é ridicularizar um adversário, as edições seguem o mesmo nível de qualidade, geralmente mostrando pedaços cortados de frases, seguidas de crianças gargalhando, na clara intenção de "
mitar" ou "
lacrar", em cima do candidato que supostamente disse tal asneira.
Claro, devemos lembrar que essa idiotice, não parte apenas dos eleitores, pois afinal, eles apenas reproduzem o conteúdo que está nas páginas de grupos ligados aos próprios candidatos.
O QUE PODEMOS CONCLUIR?
Duas conclusões podem ser formuladas através desse comportamento:
1 - A primeira, é a de que no fundo os candidatos não possuem um programa de governo de verdade. A saída então é o projeto do candidato, adversário, seja através de vídeos, ou entrevistas regadas de frases de efeito, piadas de mal-gosto e estatísticas tiradas do fundo de suas cartolas.
2 - A segunda conclusão( e essa é a mais preocupante ), é que no fundo, todos esses candidatos menosprezam o eleitor, a ponto de considerá-lo realmente como um "
jumento bem adestrado".
Isso se evidencia até mesmo no comportamento da imprensa.
Citemos aqui dois casos em particular:
Ciro Gomes (
PDT, ex-PROS, ex-PSB, ex-PPS, ex-PSDB, ex-PMDB, ex-PDS ) e Jair
Bolsonaro (
PSL, ex-PSC, ex-PP, ex-PFL, ex-PTB, ex-PPB, ex-PPR, ex-PP, ex-PDC ).
Quem observa tudo com um olhar neutro, já deve ter percebido que estes dois candidatos geralmente são questionados pela imprensa, sobre os mais variados temas que não tem a mínima importância.
Tanto
Ciro, quanto
Bolsonaro são alvos de perguntas sobre gays, ex-esposas, e
Cuba ou
Venezuela, como se os dois não tivessem sequer um plano de governo, que alias, não devem ter mesmo, ou já teriam apresentado.
Quem assistiu ( assistiu mesmo, não pelos vídeos editados de Facebook ), os programas do
Roda Viva com os candidatos
Manela D'ávila (
PC do B ) e
Geraldo Alckmin (
PSDB ), deve ter notado a diferença do tratamento dado aos dois. Enquanto
Manuela era constantemente interrompida pelos entrevistadores, que a todo o tempo discordavam de tudo que ela falava, com o tucano, o que se viu foi um mini-discurso do candidato, pontuado com algumas observações elogiosas e respeitosas dos entrevistadores.
Com
Ciro, as entrevista são mais sobre polêmicas inúteis com
MBL, e com
Bolsonaro até mesmo sobre a vida de
JESUS CRISTO ( último
Roda Viva ), que inclusive foi taxado de refugiado.
Resumindo, o eleitor não é apresentado a um projeto de país, mas sim, a polêmicas descabidas como se na verdade o povo fosse escolher um ganhador de algum tipo de realit show sinistro.
O QUE REALMENTE PREOCUPA
O que realmente preocupa é o fato de que entre as poucas propostas apresentadas, todas apontam para um governo voltado a atender interesses de empresários, grandes ruralistas, e investidores internacionais.
A única diferença básica entre eles, é que a maioria fala disso de forma velada, mas
Jair Bolsonaro ( até mesmo por ser dotado de
inteligência pitoresca ) fala abertamente.
Bolsonaro chegou a falar que o povo precisa escolher entre emprego e direitos, que o trabalhador rural não pode folgar sábados e domingos sob risco de prejudicar o fazendeiro, e que os empresários enfrentam muita burocracia para poderem enriquecer.
Não que os outros candidatos tenham uma plataforma voltada aos interesses das classes mais pobres, mas eles não são tão "
pitorescos" a ponto de deixarem escapar esse tipo de declaração.
E o deprimente, é que a grande maioria da população, mesmo sendo pobre e assalariada, concorda com o "
fato criado" de que as empresas estão prejudicadas por um número enorme de vagabundos que não trabalham e nem estudam.
Há quem defenda o fim de direitos básicos para que "
vagabundos" sejam obrigados a trabalhar de verdade.
Sempre que alguém declara abertamente esse tipo de pensamento, ele se exclui dessa análise, considerando um "
homem perfeito". E chega mesmo a crer que seu patrão lhe dará um salário maior, quando tiverem sidos retirados os direitos de seus companheiros "
vagabundos" de empresa.
Outra diferença básica entre
Bolsonaro e os outros, é a questão da segurança pública. Enquanto os outros tendem a minimizar esse debate,
Bolsonaro usa como carro chefe de sua campanha.
Mesmo ele tendo ideias descabidas sobre esse problema, verdade seja dita, ele é o único que tem coragem de dizer como vai ao menos tentar resolver esse problema, você concordando ou não com ele.
Neste caso, ninguém explica que as policias militares estão subordinadas aos governos de seus estados, e portanto um presidente não tem o poder de "
mandar o policial matar", nem mesmo bandidos.
Outra coisa a ser explicada, é que ao "
liberar armas" para a população se defender, não se explica que nem toda situação que ocorre pode ser enquadrada em legítima defesa.
Mas de nada adianta tentar explicar aqui, sobre isso, pois se você é contra
Bolsonaro, vai discordar dele mesmo que ele tenha boa intenção, e se você é um de seus seguidores, tentará de todo modo fazer crer que qualquer morte será aceita como legítima defesa.
Então empataremos eternamente.
CONCLUSÃO FINAL
A conclusão final disso tudo, é que após as eleições de outubro de 2018, independente de quem seja eleito, a realidade é bem simples: os ricos continuarão ficando cada vez mais ricos, e os pobres cada vez mais pobres.
Com o agravante de que mudanças estruturais na relação empregador-empregado podem se tornar mais cômodas para os patrões, com a concordância dos empregados. Basta uma simples vasculhada na Internet, e você verá a grande maioria apoiando os fins dos direitos trabalhistas que "
fecham vagas de trabalho".
É a legalização do "
trabalho análogo à escravidão", sendo apoiado pelo próprio escravo, para a salvação de seus sofridos patrões.
Anote se quiser e me cobre depois: quem ganhar, não fará diferença nenhuma, pois será marionete do "
mercado".