terça-feira, 16 de dezembro de 2025

Zezé Amargo e a ignorância de um bolsonarista de ocasião

Zezé Di Camargo (o Mirosmar) resolveu falar — e, como costuma acontecer quando certas celebridades resolvem opinar fora do microfone do karaokê, falou demais e pensou de menos.

Ao atacar as filhas de Silvio Santos e o SBT, não produziu crítica; produziu sintoma.

Sintoma de um bolsonarismo que não educa, não refina, não complexifica — ao contrário, embrutece.

É curioso observar como o bolsonarismo funciona como uma espécie de solvente moral: dissolve a capacidade de discordar com civilidade, corrói o senso de limite e transforma qualquer divergência em ofensa pessoal.

Não se debate decisões empresariais, não se analisa linhas editoriais; parte-se direto para o ataque. É a política reduzida ao grito, à grosseria, ao “ou está comigo ou é inimigo”.

Zezé (o Mirosmar) não criticou o SBT como quem exerce cidadania. Criticou como quem foi treinado a reagir por impulso, como se o mundo fosse uma arquibancada e ele estivesse obrigado a xingar o juiz.

O bolsonarismo ensina isso: pensar é coisa de fraco; intolerância é prova de caráter.

O resultado é esse festival de opiniões mal digeridas, ditas com a convicção de quem confunde franqueza com grosseria. Uma prova de imbecilidade completa.

Atacar as filhas de Silvio Santos, herdeiras legítimas de um grupo privado, por decisões que dizem respeito à gestão e à sobrevivência de uma empresa, revela algo ainda mais grave: a incapacidade de aceitar que o mundo não gira em torno da seita ideológica do momento. O bonde passou, Zezé (o Mirosmar), e você nem viu 

O bolsonarista típico não tolera a autonomia alheia. Se não obedece, “traiu”. Se discorda, “se vendeu”. Se pensa diferente, “virou comunista” — esse espantalho eterno usado por quem não sabe nomear a própria ignorância.

O caso é didático. O bolsonarismo não forma cidadãos críticos; forma idiotas profissionais, sempre prontos para atacar pessoas, nunca ideias. E quando artistas aderem a esse modo de ver o mundo, passam a confundir palco com púlpito e opinião com revelação divina.

No fim das contas, Zezé (o Mirosmar) fez um favor ao debate público — ainda que involuntariamente. Sua fala confirma, com a eloquência de um tropeço, que o bolsonarismo não apenas empobrece a política brasileira. Ele empobrece as pessoas. Intelectualmente, moralmente e, sobretudo, humanamente.

E isso, convenhamos, não é desafinação passageira. É método.

Justo ele quer cobrar moral? O cara pobre, que quando ficou rico, humilhou a esposa chamando de feia publicamente diversas vezes? E depois a trocou como se troca de roupa? Que moral tem esse senhor?

O cérebro de Zezé (o Mirosmar), deve ter acabado junto com a voz, que aliás, nunca foi nem longe, boa o suficiente.

Ele é apenas mais um dos milhares de artistas medíocres que passaram pelo Brasil, e não conseguiram realizar nada de concreto pelo país.

E não, não se trata de dizer que artistas são obrigados a ser de esquerda. Trata-se de ter cérebro, seja de esquerda ou de direita.

Mas Zezé, (o Mirosmar) optou por não ser nem um, nem outro. Ele escolheu ser bolsonarista, que virou sinônimo de ignorância.

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