Nenhum silêncio é tão rascante quanto o da madrugada de segunda-feira.
Com a semana, começa o trabalho, isso para quem pode tê-lo. A maioria reabre as portas da desesperança.
Quem ainda tem algum conforto alimenta sua jornada de segunda até sexta ou sábado.
Assim, vamos preenchendo os dias, fazendo do tempo escasso o sentido da vida. Festa, talvez sexta ou sábado ou domingo.
Sorte dos artistas em não ter o começo da segunda como o marco laboral.
Os trens e ônibus estão cheios de luta, esperança, dor e cansaço.
As ruas vazias celebram uma volta improvável à normalidade.
São quatro da manhã e lá vem uma nova semana útil. Útil mesmo? Para que? Para quem?
Engraçado que eu mesmo, diante da tragédia, tenho o privilégio de só ir para o trabalho às duas da tarde ou sequer ir hoje. Mas acontece que não me sinto bem.
Foram muitos e muitos anos de pressão à essa hora exata para começar uma nova jornada, então ainda não estou livre disso.
Nossa vida é under pressure. Folga, no máximo, para as crianças com recursos familiares. A maioria não tem nada, mas fingimos que há plena democracia.
Para garantir nossa sanidade, desprezamos nossos irmãos sofrendo na porta de nossas casas.
Vem aí uma nova semana. Deus quer. O homem é que humilha o homem.
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