Não é muito a minha praia, aliás a minha praia é noturna, mas vou falar um pouco sobre livros. Ou melhor, sobre algumas coisas que eu diria para escritores iniciantes.
Primeiro, ler muito. Escritor que não é um caudaloso leitor não é digno de confiança.
Segundo: escrever de acordo com seu próprio estilo, sem se preocupar com o que os outros vão pensar. Escrita é arte e arte ė desafio. Tirar a si mesmo e ao leitor da zona de conforto, o que não quer dizer aspereza. O que deu certo para um não dá para outro.
Vale para a literatura e para todos os sentidos da vida: aquele desprezo continental às chamadas "críticas construtivas" de quem nunca construiu nada.
Quando comecei a ser publicado, ganhei haters de meia tigela apontando os defeitos do meu trabalho. Treze anos depois, publiquei 40 livros e eles continuam procurando gente para espinafrar e ofender gratuitamente, tudo por natural inveja. Coitados.
Não se mede a qualidade de uma obra literária pelo número de páginas ou tamanho do livro. Há livrinhos fundamentais e livrões absolutamente medonhos.
Não se mede o talento e a qualidade de um autor pelo número de exemplares vendidos, longe disso. Há muitos grandes autores desconhecidos e outros que, embora donos de holofotes, pouco têm a dizer.
Naturalidade. Sentimento. Profundidade humana. Há muitos parâmetros em jogo.
Não se perder em preciosismos ocos com pretensa erudição. Textos mais simples podem ser mais fascinantes do que verborragia travestida de sapiência. Entender que a língua é dinâmica, que se move e se modifica. Não se trata de desprezar o bom e correto português, mas de compreender a multiplicidade das formas.
Escrever é literalmente colocar as mensagens dentro de garrafas e atirá-las ao mar. Ninguém sabe ao certo no que vai dar, nem quando. Escrever é oxigênio: depois se discute o resultado do gás carbônico emitido pelos escritores em suas páginas.
Voltando as críticas: em caso de insegurança ao publicar, a palavra de alguém substanciado pode ajudar sim. Mas é aquilo: uma análise realmente crítica não pode se basear em achismos e gostos, daí nem todo muito pode ocupar esse papel.
Ah, sim: pode até acontecer e, se for o caso, será bom, mas não espere grandes elogios e parabéns.
É difícil explicar o motivo, mas uma parte dos brasileiros tem verdadeiro horror quando um amigo ou colega lança um livro.
Alguns fingem não saber do fato. Pior ainda são outros escritores: salvo a minoria elegante e generosa, fazem de tudo para sequer mencionar outros autores, como se isso fosse lhes adiantar em algum benefício.
Sorte dos que seguem uma trilha literária longe desse rol de boicotes e sabotagens. Escritores de futebol então... (alguns com aspas).
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