Os planos do Homem Laranja

O mundo ocidental pode estar surpreendido com os planos de Trump, mas não os pesquisadores de geopolítica e também a própria mídia árabe que vem afirmando que existem interesses dos Estados Unidos na faixa de Gaza e também no sul do Líbano.

Por conta da guerra da Ucrânia, o suprimento de gás e petróleo das potências da União Europeia está severamente prejudicado.

Sabemos inclusive que parte da crise econômica alemã e também francesa deriva da falta de competitividade de suas economia, que estão sendo obrigadas a comprar petróleo e gás muito mais caros que antigamente compravam da Rússia.

Pior.

Sabemos que esses países têm inclusive comprado gás e petróleo e russos revendidos por terceiros como se isso não desrespeitasse as próprias sanções que aplicaram.

Ao mesmo tempo, hoje se sabe que existe um acordo internacional entre Grécia, Chipre e Israel para a construção de gasodutos que levariam esses produtos comprados da Rússia agora obtidos do Chipre mediante equipamento que iria até a Itália e assim abasteceria o mercado europeu.

Existem indícios de que existem também reservas em Gaza e no sul do Líbano.

É evidente que os Estados Unidos, as potências europeias e Israel possuem interesse nisso.

Era uma questão de tempo para que os reais interesses do Ocidente ficassem claros e de que sempre houve um intuito de "limpar" Gaza.

As violações aos direitos humanos e a imposição de um regime de apartheid vigoram em Gaza há mais de uma década e não somente a partir dos bombardeios de Netanyahu.

É importante também chamar atenção para o fato de que o cessar fogo em Gaza está apenas evitando que mais pessoas morram em Gaza, mas não teve nenhum efeito sobre o que está acontecendo na Cisjordânia, outra ocupação Palestina, porém governada pela autoridade Palestina e não pelo Hamas.

Enquanto o mundo esteve focado em Gaza, o governo israelense não economizou esforços em prosseguir ocupando a Cisjordânia e expulsando palestinos.

O governo israelense também vem adentrando o território sírio e já controla grande parte das reservas de água da Síria.

O governo Trump certamente apoia essas iniciativas.

Para alimentar os europeus com energia mais barata, os Estados Unidos e Israel estão promovendo uma descarada limpeza étnica em pleno século 21.

Mas e a ONU?

A discordância dos demais integrantes da ONU e até mesmo a publicação de uma decisão que não acate a proposta de Trump não impedirão que ele prossiga no seu projeto se ele assim quiser. 

Os Estados Unidos invadiram o Iraque no começo do século XXI em uma guerra que resultou em mais de 1 milhão de mortos. Não houve consenso sobre a invasão e hoje se sabe que ela foi amparada em motivos falsos. 

Alguém sabe de algum líder do governo dos Estados Unidos que tenha sido processado pelo tribunal penal internacional ou existiu alguma sanção contra os EUA?

A postura de Trump resgatou a diplomacia do bullying não vai parar tão cedo. Em um primeiro momento as lideranças globais estão atônitas sem saber como reagir. Mas passados alguns meses, mundo perseverar que a mais espuma do que cerveja neste copo...

 Existem mais bravatas do que poder efetivo e as ameaças são mais um sintoma da decadência do poder hegemônico dos Estados Unidos do que propriamente uma prova de força.

TEXTO DE:

Alexandre Gossn