Em um contexto político onde se tem uma sociedade fraturada e um Congresso com uma coalizão de forças tão desfavorável, o principal legado do 3º mandato de Lula talvez não seja grandes transformações sociais, como foram nos dois primeiros, mas sim a volta da normalidade do funcionamento da máquina pública, e isso não pode ser desprezado.
A queda nas adesões a cursos de licenciatura acende um alerta: estamos à beira de um "apagão" na educação pública. Baixos salários e condições de trabalho precárias afastam futuros professores e outros trabalhadores da área da educação, agravando a escassez desses profissionais.
Para enfrentar o problema da falta de professores, o governo anunciou dois programas: uma bolsa de R$ 1.050 para alunos de licenciatura e um adicional de R$ 2.000 para docentes que atuem em municípios com déficit de professores.
O nome disso é política pública: o Estado identifica um problema de impacto no médio prazo e desenvolve mecanismos para evitá-lo ou amenizá-lo. Para que isso seja feito, os ministérios devem ser ocupados por quadros técnicos, que administrem a pasta sem ideologização e radicalização.
Agora, quem aí se lembra de como foi o ministério da educação no governo anterior? Bolsonaro começou o mandato com um tal de Velez, um colombiano olavista que foi indicado pelo próprio Olavo, e ficou na pasta por cerca de 4 meses sem sequer conseguir entender o que estava fazendo ali.
Demitido, Velez foi substituído por Weintraub que, em pouco mais de um ano na pasta, não desenvolveu nenhuma política pública e somente se envolveu em polêmicas ideológicas.
Weintraub deu lugar a Milton Ribeiro, um pastor que ganhou destaque quando foi descoberto que o MEC passou a ser usado para favorecer pastores e igrejas e pelo pagamento de propinas em barras de ouro, que eram escondidas em bíblias.
Nas mãos de Bolsonaro, o que se viu foi um ministério disfuncional, incapaz de produzir políticas públicas e imerso em ideologias radicalizadas.
E, caso a extrema-direita retorne em breve ao poder, seja pelas mãos de Tarcísio de Freitas ou de qualquer outro personagem bizarro do bolsonarismo, a entrega da pasta novamente para figuras ideológicas e radicalizadas é certa, já que qualquer candidato que queira se firmar no campo bolsonarista precisa fazer acenos para este eleitorado fanatizado que dorme a acorda pensando em ideologia de gênero, marxismo cultural e outras maluquices da extrema-direita.
Assim, políticas públicas são desmontadas e inicia-se outro ciclo de obscurantismo e paralisia.
TEXTO DE:
Lady Army
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