terça-feira, 30 de dezembro de 2025

De Jesus às Havaianas, só não pode matar o Mensageiro

Antes de tudo, um fato: em tempos de mimimi - y “del no me toques”, convém lembrar que meu pai era de Direita.

Filiou-se nos anos 80 à Ação Popular (hoje Partido Popular) e foi Concejal del Servicio Público y Fomento em As Neves, cidade de Galícia — algo como vereador-secretário.

Divergíamos sempre. Nunca houve grito, nem cara atravessada. Hoje, treze anos após sua morte, está cada vez mais difícil engolir certas coisas — e mais difícil ainda ficar calado.

Em 1973, a Pepsi lançou um jingle nas rádios que virou polêmica: QUEM TEM AMOR PRA DAR (composição de , Rodrix & Guarabira): 

"Hoje existe tanta gente que quer nos modificar, não quer ver nosso cabelo assanhado com jeito.
Nem quer ver a nossa calça desbotada, o que é que há? Se o amigo está nessa ouça bem, não tá com nada!
Só tem amor quem tem amor pra dar, quem tudo quer do mundo sozinho acabará.
Só tem amor quem tem amor pra dar, só o sabor de Pepsi lhe mostra o que é amar"...


Houve quem enxergasse ali uma ameaça ao regime militar. Não havia. Mas a paranoia falou mais alto. Até que saiu o comercial na televisão. Não passava de uma mensagem aos jovens, na onda do movimento hippie. Os hippies pregavam o amor livre, o respeito à natureza, ao pacifismo e a uma vida mais simples – MAKE LOVE, NOT MONEY.

Pouco depois, veio o clássico da Bamerindus: “o tempo passa, o tempo voa e a poupança Bamerindus continua numa boa” — e passou mesmo. Só a ignorância cricri continua, permaneceu intacta.

Em 2025, repetimos o filme. Um surto coletivo se volta contra a campanha de fim de ano das Havaianas, estrelada pela premiadíssima Fernanda Torres. Um ataque neurótico, beirando o delírio.

A pergunta é simples: se a protagonista fosse a Regina Duarte, a Cássia Kiss, a Antônia Fontenelle ou a Luiza Tomé, com o mesmo texto, haveria a mesma gritaria? Ou o problema é o CPF de quem calça a sandália?

Outra: os mesmos que gritam contra a propaganda recusariam uma transfusão de sangue “vermelho” ou preferem uma overdose de anilina?

Cancelariam Milton Nascimento por causa de Canção da América – e o amigo guardado no lado esquerdo do peito?

Ou César Menotti & Fabiano por Do Lado Esquerdo?

No fundo, o que mudou nesses 52 anos entre a Pepsi e as Havaianas é pouco: a burrice virou hereditária.

E que me perdoem alguns amigos da esquerda: o povo tem direito de comprar o que quiser. Não dá mais para culpar o capitalismo por tudo. Ou vamos ressuscitar Georgi Dimitrov e o Congresso de 1935?

Já que falamos de extremismo, é urgente dar um basta ao deputado Paulo Bilynskyj — um misógino que agora resolveu posar de teórico separatista. Ao chamar o Maranhão de “bosta”, revela ignorância crassa sobre a cultura e o potencial econômico do estado. E, ao atacar a Bahia, transforma ACM em Fidel Castro, a velha ARENA em Sierra Maestra e a UDN em guerrilha revolucionária. Patético.

E não esqueçamos do nebuloso caso do Banco Master, que traz consigo a verborragia contaminada da Malu Gaspar. Como cidadão brasileiro desejo que se apure até o último centavo. Como torcedor do Fluminense me preocupa. Há boatos, supostamente com o BTG no meio, e silêncio demais.

Por fim, o Natal.

O Papa Leão XIV disse algo óbvio: negar ajuda aos pobres é negar Deus.

Já o Cardeal Dom Odilo mandou suspender as transmissões do Padre Júlio Lancellotti. Enquanto isso, quem aparece na TV são  os Padres das fanfarras, Marcelo Rossi e Fábio Melo — cujas práticas cristãs não chegam a 5% da obra social de Júlio.

Que igreja é essa? Dois pesos, duas medidas.

Um mês sem Paulo Andel me deixou mais ácido, mais atento. Especialmente em dezembro, mês do nascimento de Jesus — que, convenhamos, usava sandálias, as Havaianas da época. 

Não esqueçam:

Jesus se escreve com J.

J de Padre Júlio Lancellotti.

FELIZ 2026!!!


TEXTO DE:
Antonio Gonzalez

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