Lingua Preta
Não me faça perguntas, e eu não te direi mentiras.
domingo, 21 de abril de 2024
Prefeita Pró-Golpe e anti-Democracia
sexta-feira, 19 de abril de 2024
Golpista de Mato Grosso do Sul começa trajetória para a cadeia
O ministro Alexandre de Mores, do Supremo Tribunal Federal, votou para condenar a 17 anos e seis meses de prisão no regime fechado o bolsonarista José Paulo Alfonso Barros, 47 anos.
No dia 8 de janeiro do ano passado, o golpista de Ponta Porã gravou vídeos e foi flagrado pelo circuito de TV da Câmara dos Deputados invadindo e depredando o prédio nos atos antidemocráticos contra a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ( PT ).
Barros é o 7º morador de Mato Grosso do Sul a ser condenado pelos atos terroristas no dia 8 de janeiro de 2023, quando bolsonaristas invadiram e destruíram os prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do STF. Dois paulistas foram contabilizados pela mídia estadual como sul-mato-grossenses.
O julgamento de José Paulo Alfonso Barros começou nesta sexta-feira (19) com o voto de Alexandre de Moraes. Os 10 ministros do STF terão até o dia 26 deste mês para acompanhar o relator ou apresentar divergência.
Geralmente, nove magistrados votam pela condenação, enquanto os bolsonaristas André Mendonça e Nunes Marques divergem e pedem a absolvição ou pena inferior a cinco anos.
Para a Procuradoria-Geral da República, Barros foi um dos autores intelectuais e executores dos atos de 8 de janeiro.
“JOSÉ PAULO ALFONSO BARROS foi um dos primeiros a quebrar a vidraça da Câmara dos Deputados, utilizando uma ferramenta que retirou do bolso — demonstrando que sua ação foi planejada —, entrando no edifício principal da Câmara dos Deputados, sendo seguido por vários outros agentes e iniciando a invasão ao Congresso Nacional”, destacou o ministro no voto pela condenação.
“A ação delitiva do denunciado foi capturada pelo CFTV da Câmara dos Deputados, cujos detalhados registros constam do Inquérito Policial n° 03/2023 — CPJ/DEPOL-CD (anexo). A identificação de JOSÉ PAULO ALFONSO BARROS ocorreu a partir de imagens dos atos do dia 8 de janeiro de 2023 divulgadas na conta @contragolpebrasil no Instagram”, pontuou, sobre o selfie feito pelo ponta-poranense e disponibilizado nas redes sociais.
“Está comprovado, pelo teor do seu interrogatório, pelos depoimentos de testemunhas arroladas pelo Ministério Público, pelas conclusões do Interventor Federal, pelos laudos periciais, vídeos e fotos produzidos pelo próprio réu e divulgados em Fontes abertas , e outros elemento informativos, que JOSE PAULO ALFONSO BARROS buscava, em claro atentado à Democracia e ao Estado de Direito, a realização de um golpe de Estado com decretação de intervenção e destituição dos Poderes e, como frequentador do acampamento do QGEx naquele fim de semana e invasor de prédios públicos na Praça dos Três Poderes, com emprego de violência ou grave ameaça, tentou abolir o Estado Democrático de Direito, visando o impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais, tudo para depor o governo legitimamente eleito, com uso de violência e por meio da depredação do patrimônio público e ocupação dos edifícios-sede do Três Poderes da República”, apontou o ministro.
Barros foi preso no dia seguinte à invasão no acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília. Ele chegou a ficar preso por meses e foi liberado mediante o uso de tornozeleira eletrônica.
Em depoimento à justiça, ele negou as acusações. O bolsonarista disse que teve a intenção de participar de manifestação pacífica.
A defesa do golpista alega que ele não depredou absolutamente nada, e só se manifestou de forma pacífica. Sobre as imagens gravadas por ele mesmo depredando o local, a defesa alega ser um sósia membro do MST, se passando pelo safado.
O relator votou pela condenação a cinco anos e seis meses pelo crime de tentativa de abolição do estado democrático de direito; a seis anos de seis meses por tentativa de golpe de estado; a um ano e seis meses pelo dano causado ao Congresso Nacional; a um ano e seis meses pela deterioração do patrimônio histórico; dois anos por organização criminosa; e seis meses por incitação ao crime de animosidade às Forças Armadas. Ele também deverá pagar solidariamente a multa de R$ 30 milhões.
Barros já foi condenado à perda de R$ 3,8 milhões pela 5ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande por dar um golpe em 2,3 mil investidores. Ele sentenciado ainda a três anos e dois meses de prisão no regime aberto que foi substituído pela prestação de serviços à comunidade.
Como se vê, golpista financeiro e anti-democrático é chamado por bolsonaristas de empresário
domingo, 7 de abril de 2024
Valeu, Ziraldo
Vai com Deus, Samylla
Eu estava almoçando com o pessoal da escola. Nesses locais comuns onde gente comum vai pra almoçar. A conversa era leve, tao leve que nem me lembro. Coisas do dia-a-dia.
Na parede uma TV, ligada no jornal de meio dia. Eu assistia muito esse jornal, hoje em dia não vejo mais.
Aí veio a notícia: criança é arrastada por enxurrada numa cidade de Goiás.
Seis anos.
A mãe voltava para casa com ela, quando a chuva forte começou. A uns pouco metros de casa, a menina escorregou, largou a mão da mãe e não suportou a força da água. Foi arrastada. A mãe correndo atrás, tentando salvar.
Mas não deu. A menina caiu num córrego e a mãe não viu mais. Um vizinho entrou na água, fez buscas, mas a noite sem luz dificultou a coisa toda.
A reportagem mostrou a mãe contando o que aconteceu. E depois o pai.
O pai com olhar conformado, agradecia aos vizinhos por terem tentado ajudar.
"Brasileiro sofre demais, cara." - falei na mesa pra mim mesmo. Acho que ninguém notou.
Acabamos o almoço, fomos para casa.
A noite, demorei dormir. Pensava no desespero que a menina devia ter passado. Sendo levada pela água, sem conseguir lutar e vendo a mãe desparacer no escuro atrás dela.
Morro de medo de água.
Mas tem uma coisa que eu tenho mais medo: conformismo com coisa ruim.
O olhar daquele pai, conformado com a provável morte da filha, não me saia da cabeça.
Ele não estava conformado porque não se importava, mas porque sabia que há gente nessa vida que não tem direito à felicidade.
No outro dia, acharam a mochila dela. Os caderninhos molhados dentro. O pai segurando na mão chorou. As cameras todas lá, pra registrar a dor.
O conformismo do pai deu lugar ao luto. Acharam o corpo da menina.
As cameras aos poucos foram sendo desligadas. Perderam o interesse.
Dá mais ibope criança perdida que criança morta. Criança morta a gente enterra e esquece. E pobre, sabe como é: logo faz outra.
Pois é. Eu não me conformo. Não me conformo pela Samylla. Não me conformo por nenhuma criança, mulher, negro, idoso, morador de rua, travesti, o que for.
Ninguém deveria morrer assim. Morrer a gente morre, mas precisa ser assim? Antes de morrer precisa perder a esperança? Precisa ver a mãe sumir na escuridão pra com 6 anos ter certeza que não vai mais viver?
Deus me perdoe. Mas não me conformo.
No dia que eu me conformar com o sofrimento dos meus irmãos, é melhor morrer também.
Vai com Deus, Samylla. Já me desculpei com Ele, por não me conformar.
Vai com Deus.