quinta-feira, 25 de março de 2021

A Bozosfera atrapalha até Bolsonaro

 

Já faz alguns dias que venho defendendo a teoria de que o presidente Jair Bolsonaro se cercou de idiotas que no fundo o atrapalham a governar. Primeiro, porque são inúteis, segundo, porque obrigam o presidente manter uma postura de enfrentamento contra todos que ou sem pensar diferente do grupo que o cerca.

Lembremos por exemplo, do ex-secretário de Cultura Roberto Alvin que gravou um vídeo imitando o NAZISTA, Joseph Goebbels.

Ou então do ex-ministro da Educação abraham weintraub ( assim mesmo no minúsculo, já que é desprezível ), que vociferava imbecilidades para todos os lados. Para não falar do execrável chanceler Ernesto Araújo que entre um ou outro excremento verbal, chegou a atacar a obra do poeta João Cabral de Mello Neto, a quem chamou de "comunista".

Acreditei, equivocadamente que depois do generaleco rexonxudo Pazuello, não haveria mais espaço para tanta Imbecilidade. Afinal, não dava para cavar mais fundo. Ledo engano.

O grupo de cretinos que rodeia o presidente não conhece limites para sua falta de caráter. E isso foi comprovado por dois fatos que sozinhos talvez não sugerissem nada, mas realizados assim, sincronizadamente explicam muita coisa.

Vamos ao primeiro:

Um apoiador abordou o presidente para uma foto. Mas no momento de tirar a fotografia, o apoiador fez um gesto com a mão. O presidente logo em seguida reclamou com o homem. E um dos seguranças pediu que a foto fosse apagada. Logo depois, o presidente pediu para que seus assessores prestassem à atenção aos gestos do pessoal, e o segurança repete o pedido para a foto ser apagada.

Este fato isolado, passarimia despercebido, se o mesmo não houvesse ocorrido em pleno Senado Federal.

Durante uma sabatina com o chanceler Ernesto Araújo, enquanto o presidente do Senado Rodrigo Pacheco se pronunciava, o assessor de assuntos internacionais da presidência, Felipe G. Maetins, fez o mesmo gesto com a mão direita durante quase 10 segundos.

Mas afinal, porque de tanta polêmica em torno deste mesmo sinal com as mãos? É porque este sinal é utilizado por um grupo ideológico norte-americano de supremacia racial.

O sinal que no Brasil pode significar "ok", ou até mesmo "tomar no órgão final do aparelho excretor", nos EUA representa as letras W e P, iniciais do termo White Power.

Você poderia argumentar: "ora, mas isto não é ofensivo. Tem o mesmo mesmo que o Vidas Negras Importam". E eu teria que lhe responder que não.

Por um simples fato: este grupo ideológico norte-americano, é simpatizante do nazismo!

O gesto realizado por Felipe Martins, que uniu o dedo indicador ao dedão formando um círculo, também foi feito por Brenton Tarrant, supremacista branco que, em 2019, matou 51 pessoas na mesquita de Al Noor em um atentado terrorista na Nova Zelândia. O atirador fez o gesto durante o tribunal em Março de 2020.

Felipe Martins publicou também em suas redes sociais uma imagem com o verso "Do not go gentle into that good night" - poema de Dylan Thomas traduzido por Augusto de Campos como "Não vá tão docilmente nessa linda noite" - utilizado como abertura por Tarrant na sua carta manifesto, onde explica o que o levou a cometer o massacre em Christchurch.

A reação do presidente diante do gesto do apoiador, sugere que ele conhece o sinal e seu significado. Com certeza deve ter tomado conhecimento pelos seus bajuladores que vivem ao seu redor. E o fato de o apoiador ter feito o gesto, pode significar que há ligação entre os funcionários do Planalto e os grupos de apoiadores que vivem em volta do cercadinho onde o presidente se encontra com eles.

Basta agora, saber se a investigação solicitada pelo presidente do Senado sobre o gesto de Felipe Martins vai se aprofundar a ponto de saber se ele comete o crime de apologia ao nazismo em redes sociais, e também, se quem anda financiando os apoiadores do cercadinho, são servidores do governo.

Afinal, como diria Milton Friedman, não existe almoço grátis. Nem lanche, nem estadia, nem barracas, nem armas, etc.

Que a Polícia Federal abra inquérito de ofício é investigue essas ligações entre servidores do Planalto é manifestantes golpistas, já que tanto a PGR, quanto o MPF estão cegos quanto a isso.

E sim, a Polícia Federal pode iniciar investigação sem precisar esperar ser acionada por estes preguiçosos.

Tal ato se chama inquérito ex officio.

Basta ter vontade.

terça-feira, 16 de março de 2021

O Generalocídio, Oito Generais Degolados Pelo Governo

O primeiro e o segundo escalões, além de estatais, estão coalhados de militares. Comandam, por exemplo, 15 estatais. Mas também eles são alvos do destrambelhamento de Bolsonaro. O general Santos Cruz, da então Secretaria de Governo, foi o mais graduado a cair, no dia 13 de junho de 2019. Segundo entendi, foi acusado de ter pensamento lógico. Carlos Bolsonaro passou a considerar o militar um inimigo pessoal.

Dois dias antes da queda de Santos Cruz, já havia sido defenestrado da Funai o general Franklimberg de Freitas. No caso, pesava contra ele algo gravíssimo: defender os índios num troço  que chama Fundação Nacional do Índio. Onde já se viu?

Seis dias depois da demissão de Santos Cruz, Juarez Cunha deixou os Correios sob a suspeição de que trabalhava contra a privatização da empresa e de que passara a defender interesses dos servidores.

No dia 30 de setembro do mesmo ano, João Carlos Jesus Correia foi chutado do Incra. Resolveu levar a sério o seu trabalho e passou a tratar com rigor técnico a regularização de títulos de propriedade na Amazônia. Até as árvores derrubadas por madeireiros ilegais sabiam que supostos pequenos proprietários estão sendo usados como laranjas de grileiros. Jesus Correia, a exemplo dos outros, achou que tinha sido escolhido para trabalhar direito.

Em abril de 2019, já havia deixado o cargo Márcio Aurélio Vieira Santa Rosa, que foi diretor-executivo de operações da RIO 2016. Ficou 107 dias à frente da Secretaria de Esporte, um braço do Ministério da Cidadania. Em seu lugar, entrou o também general Décio Brasil, igualmente demitido - em fevereiro do ano passado - para dar lugar a Marcelo Reis Magalhães. No dia 4 de novembro de 2019, Maynard Marques Santa Rosa foi demitido da Secretaria de Assuntos Estratégicos.

Fato: nas 7 demissões - 6 delas no primeiro ano de governo, e três no prazo de 8 dias -, nota-se que o presidente põe e tira general como se diz "hoje é domingo". Uma coisa é certa: há um pressuposto para durar no cargo: ser ineficaz e despido de qualquer sombra de amor próprio.

O presidente submete os generais a um óbvio ritual de humilhação. Talvez Freud explique, já que foi um "mau militar", na frase resumida de Ernesto Geisel. O fato é que essa folia não estaria em curso se os militares da ativa e da reserva não tivessem decidido governar o país em parceria com o "capitão" que julgavam controlável... Forças Armadas não podem se comportar nem como tutoras da sociedade nem como Partido da boquinha.

Nos sete casos elencados, tratava -se de generais da reserva. Com Pazuello, há obviamente uma delicadeza adicional: é general da ativa. E foi justamente ele a levar mais longe a subserviência. Assim foi ficando no cargo. E acumulando cadáveres.

Ainda agora, se o presidente desligar o fogo da fervura ele permanece. Até porque está com medo da justiça.

Texto de Reinaldo Azevedo, jornalista.

LEIA MAIS EM UOL NOTÍCIAS

Logo após esta matéria, o presidente nomeou outro ministro da saúde. Subiu para 8 o número de generais demitidos pelo governo.