sábado, 30 de setembro de 2023

Seca na Amazônia pode bater record

A seca na Amazônia pode bater record esse ano e se estender até janeiro de 2024. A previsão é do Centro de Monitoramento de Alertas de Desastres Naturais. Rios estratégicos da região estão com volumes abaixo da média histórica.

É sobre os ombros dos moradores da cominidade do Catalão que os garrafões chegam até pequenas embarcações. A comunidade que fica no município de Iranduba, recebe água do rio Negro e do rio Solimões dutante a cheia.

A comunidade do Catalão fica proxima a Manaus e é conhecisa por ser flutuante. Neste afluente do Rio Solimões estão maos de 120 casas.

No período de cheia, a profundidade do rio chega a mais de 20 metros. Mas a seca deste ano está tão severa que os moradores precisam se virar, agora, com menos de um metro de profundidade de água.

Agora, no período seco uma barragem foi improvisada para empoçar um pojco do que ainda engra pelo Solimões para manter as casas flutuando. Porém, a água é tao suja que não pode ser consumida, por isso existe uma enorme fila de botes qie levam para as casas a água que chega por uma bica improviada.

Mesmo com as barragens improvisadas, muitas casas que antes flutuavam agora estão encalhadas.

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domingo, 24 de setembro de 2023

Sobre autores e livros

Não é muito a minha praia, aliás a minha praia é noturna, mas vou falar um pouco sobre livros. Ou melhor, sobre algumas coisas que eu diria para escritores iniciantes.

Primeiro, ler muito. Escritor que não é um caudaloso leitor não é digno de confiança.

Segundo: escrever de acordo com seu próprio estilo, sem se preocupar com o que os outros vão pensar. Escrita é arte e arte ė desafio. Tirar a si mesmo e ao leitor da zona de conforto, o que não quer dizer aspereza. O que deu certo para um não dá para outro.

Vale para a literatura e para todos os sentidos da vida: aquele desprezo continental às chamadas "críticas construtivas" de quem nunca construiu nada.

Quando comecei a ser publicado, ganhei haters de meia tigela apontando os defeitos do meu trabalho. Treze anos depois, publiquei 40 livros e eles continuam procurando gente para espinafrar e ofender gratuitamente, tudo por natural inveja. Coitados.

Não se mede a qualidade de uma obra literária pelo número de páginas ou tamanho do livro. Há livrinhos fundamentais e livrões absolutamente medonhos.

Não se mede o talento e a qualidade de um autor pelo número de exemplares vendidos, longe disso. Há muitos grandes autores desconhecidos e outros que, embora donos de holofotes, pouco têm a dizer.

Naturalidade. Sentimento. Profundidade humana. Há muitos parâmetros em jogo.

Não se perder em preciosismos ocos com pretensa erudição. Textos mais simples podem ser mais fascinantes do que verborragia travestida de sapiência. Entender que a língua é dinâmica, que se move e se modifica. Não se trata de desprezar o bom e correto português, mas de compreender a multiplicidade das formas.

Escrever é literalmente colocar as mensagens dentro de garrafas e atirá-las ao mar. Ninguém sabe ao certo no que vai dar, nem quando. Escrever é oxigênio: depois se discute o resultado do gás carbônico emitido pelos escritores em suas páginas.

Voltando as críticas: em caso de insegurança ao publicar, a palavra de alguém substanciado pode ajudar sim. Mas é aquilo: uma análise realmente crítica não pode se basear em achismos e gostos, daí nem todo muito pode ocupar esse papel.

Ah, sim: pode até acontecer e, se for o caso, será bom, mas não espere grandes elogios e parabéns.

É difícil explicar o motivo, mas uma parte dos brasileiros tem verdadeiro horror quando um amigo ou colega lança um livro.

Alguns fingem não saber do fato. Pior ainda são outros escritores: salvo a minoria elegante e generosa, fazem de tudo para sequer mencionar outros autores, como se isso fosse lhes adiantar em algum benefício.

Sorte dos que seguem uma trilha literária longe desse rol de boicotes e sabotagens. Escritores de futebol então... (alguns com aspas).


TEXTO DE:

domingo, 17 de setembro de 2023

Ironia da Pedagogia no Brasil, quiçá no Mundo

Coisa mais fácil do mundo é ser pedagoga, gente. 

É só você entrar na sala de aula e deixar lá a criança interagir com o objeto segundo a fase de desenvolvimento.

Mas só que aí, se for escola pública, você vê logo que nem tem tantos objetos assim como tinha lá o Piaget com os filhos dele, lá na Suíça.

Então você lembra que o ser humano é um ser sócio-histórico, e aí começa a apostar na interação e lembra do Vygotsky e quando olha pro lado vê ali os alunos de inclusão que não conseguem interagir tanto assim porque não tem material e nem respaldo pedagógico e nem espaço adaptado.

Então se inicia o desespero de deixar as crianças soltas no estilo Montessori, só que depois a gente lembra daquela merda toda de conteúdo bancário que o Paulo Freire criticou, mas só que não há tanto tempo pra refletir sobre a prática porque tem diário e três turnos e relatórios e sábados letivos, sindicatos, greves e a PM sentando a borracha nesse bando de vagabundos agitadores políticos marxistas que são os professores raça ruim do inferno, a pedido mesmo do governador do Estado que até ontem era a favor da categoria.

E então, você volta pra sala de aula depois de passar no banco (se tiver sorte lá vai ter uns 900 conto no final do mês ou uns 10 por cento a mais se você tiver feito mestrado sem bolsa porque o governo federal cortou), viajado por dois anos, gastado o que não tinha e vendido a alma pra supervisora pra poder pagar os dias em que foi estudar e tendo uma úlcera porque não tinha tempo de escrever, nem de ler, nem de acessar a plataforma brasil e nem o comitê sem ética da universidade.

E aí chega na sala de aula já vendo os corpos dóceis citados por Foucault, inclusive o seu emborrachado pela polícia, e já se sentindo parte do aparelho ideológico do Estado do Bordieu e se perguntando pra que serve tanta teoria assim nessa vida e tanta legislação pra cumprir e alinhar LDB com Constituição e PCN, tudo pensado por especialistas, squando na verdade quem está decidindo o que pode ou não ensinar é a bancada evangélica desse país surtado.

Isso se, por sorte, ainda não tiver sido aprovada a queda da estabilidade do servidor público e você já não tiver sido demitida por perseguição política e vai que falou a palavra maldita gênero dentro da sala de aula?

É tudo facinho, vida fácil, só cortar um pouco de EVA e sentar em roda e cantar umas musiquinhas no fim do dia, pode crer.

TEXTO DE:
CORA DESCORADA

Cora Descorada é mulher, mãe, mas não é tão mulher assim pois tem bigode (e quem já teve vó, sabe que com mulher de bigode, nem o diabo pode), e que é pensadora, mas não feminista que é para não ser taxada de histérica e acabar não sendo lida.

domingo, 10 de setembro de 2023

O desafio de ser mulher no Brasil

Não é fácil ser mulher no Brasil (pra não dizer no mundo).

Se você for da igreja, tiver cabelo comprido, e só usar saias, não pode ser de esquerda. Afinal, seu perfil foi moldado pelo patriarcado fundamentalista.

Você precisa cortar seu cabelo e encurtar as roupas. Mas daí, não pode mais ser da igreja.

A não ser que você devolva um dízimo bacana, aí, a igreja te aceita, mas não pode ser de direita, porque lembra demais uma lésbica.

E você sabe, por mais que você seja uma mulher batalhadora, trabalhadora, inteligente e bonita, se não tiver o perfil certo, não pode andar com o bando.

Ser mulher não é fácil.

Mulher tem de aceitar ser cantada na rua, para não parecer grossa, mas não pode sorrir demais, pois pode acabar sendo acusada de ter provocado o estupro.

Estupro aliás, que tem de ser aceito dentro de casa muitas e muitas vezes, pois se não, dá ao homem o direito de procurar outra mulher na rua.

E o tal feminismo?

Não se engane, toda mulher é um pouco feminista.

Mesmo aquela que veste saia e tem cabelo comprido, porque está na igreja e precisa lutar pelo direito de se vestir assim dentro de uma empresa que quer mudar sua roupa ou seu cabelo. Pois é, crente feminista.

Se você cria o filho sozinha, trabalha para pagar as contas e até paga para outra mulher tão ou mais pobre, cuidar seu filho enquanto você batalha, não se engane mulher: você é feminista.

Se você luta na justiça para que o pai pague a pensão, você também é feminista.

E nesse caso vai ser chamada de vagabunda que não quer trabalhar e quer viver nas costas de macho, até mesmo por outras mulheres tão feministas como você. Só que estas no caso, lutam pelo direito de ter liberdade de expressão. Mesmo que a ideia expressa seja de uma escrotidão enorme, a luta pelo direito da mulher se expressar está ali.

Deixe que os homens te toquem no trabalho, pois se não deixar, corre o risco de ser acusada de mimizenta. Pois, hoje em dia o homem não pode nem mesmo encostar sem permissão em uma mulher, sem que uma dessas feministas o acuse de abusado, no mínimo. E você não vai querer ser chamada de feminista, não é?

Mas também não deixe que eles encostem muito para não parecer que você é oferecida. Lembre-se da regra do estupro: não o provoque.

Por falar em regras, quando estiver nervosa ou incomodada com alguma situação, aceite cordialmente aquele perdão masculino. Mulher de TPM, sabe como é...

Para eles a TPM dura o mês inteiro, porque na sua cabeça não existe motivos para a mulher ficar nervosa. A não ser que seja algo biológico.

Ou seja falta de homem, não é?

Não é fácil ser mulher no Brasil. E todas são feministas. Sabendo disso, ou não.

E ser feminista sem parecer feminista é outro desafio.

Porque até a definição de feminista foi roubada pelos homens. Feminista hoje, significa gay, devassa, leviana, até, porque não, safada.

Lutar para conquistar direitos mínimos todos os dias, cansa. É por isso que existe o feminismo.

Uma mulher assume a luta da outra. E assim por diante.

Há até aquelas que assumem a luta do homem, já que este não se assume.

Todas sofrem, cada uma do seu jeito. Umas mais outras menos. Algumas até ajudam no sofrimento das outras.

Mas não importa o lado, a ideologia, a crença, a inteligência, ou a beleza, todas sofrem. Todas sangram.

Umas pela regra imposta pela natureza, outras por causa de regras impostas por uma sociedade que odeia mulheres.

Não é fácil ser mulher no Brasil e nem em lugar nenhum.


TEXTO DE:

Tarciso Tertuliano

COLABOROU:

Paulo-Roberto Andel

sábado, 9 de setembro de 2023

Fragmentos do Rio num sábado

Moradores em situação de rua no Rio de Janeiro - foto: Gabriel de Paiva
[Oh, é uma tarde carioca tão legal que deveríamos aproveitá-la ao máximo, quero dizer, deveríamos alguns de nós porque a maioria não pode aproveitar nada. Apenas sobrevive e sofre. Alguns de nós se solidarizam e se doem por isso. A maioria, não. O céu do Rio é lindo e azul celeste, mas isso não impede sinos que estão a dobrar por ora - é que os assassinados também se despedem em dias de sol, e nós temos muitos assassinados, quero dizer, alguns de nós porque a maioria é de alienação e descompromisso assustadores. 

[A jovem linda, alva, de cabelos Chanel pretíssimos, sorve uma taça de vinho num restaurante do Largo do Machado. Linda e só, ela alterna os tragos com espiadas lentas no smartphone como se estivesse a ler um texto caudaloso. Sozinha no salão, ela fita a rua e percebe que, à altura do muro que toca o vidro da porta, um pequeno par de olhos é que a fita. Um garotinho preto, talvez de seis ou sete anos, com seus pequenos e aflitos olhos de jabuticaba, talvez um dos garotinhos que vendem drops na região - e que olha pelo vidro porque é sua única chance de estar ali. Em alguns segundos, ela toma um gole, aterrissa a taça na mesa e abre um sorriso que só realça sua beleza. Pequenininho, o menino não alcança a altura do vidro, mas o franzido de sua testa e o brilho do pequeno olhar de criança não deixam dúvidas: ele também está sorrindo. Uma jovem e bela mulher, um garotinho e dois segundos da fraternidade mundial.

[O Arco Metropolitano é uma das vias mais perigosas do Brasil e não são poucas as suas histórias de violência. Ontem tivemos mais um, com uma garotinha de três anos fuzilada por um policial. Em condições normais, isso bastaria para manifestações de dezenas de milhares de pessoas nas ruas, mas a desumanidade tomou a sociedade de tal forma que as piores coisas são naturalizadas. Ninguém liga. É feriado. Uhu! Aguardemos a próxima manchete com a nova criança barbarizada. 

[Jovens de classe média, casais bem sucedidos, intelectuais legítimos e pretensos, moderninhos e descolados, muitos são os frequentadores do CCBB num sábado, para apreciar a exposição de Evandro Teixeira, um dos maiores fotógrafos do mundo. Tempos atrás foi a vez de Walter Firmo, outro gênio. Evandro fez a crônica fotográfica de um Brasil dos mais difíceis, o da ditadura 1964-1985. É certo que as pessoas estão no CCBB em busca de arte, cultura e informação, mas seria bom que refletissem sobre o tempo maligno que Evandro registrou como ninguém, e que até hoje mantém feridas profundas na vida brasileira - basta pensar em tanta gente que foi torturada, estuprada, esquartejada e incinerada em nome do fascismo travestido de patriotismo, que só fez o povo sofrer. 

[Dois camaradas de vinte e poucos anos conversam num botequim perto da Nova Petrobras, no coração do centro. Parecem novos beatniks à primeira vista. Enquanto bebem uma cerveja artesanal, um fala para o outro que está completamente apaixonado por uma garota do trabalho, ao que tudo indica numa agência de publicidade, mas que tem muitas dúvidas se será retribuído na paixão e que, em caso positivo, precisará preparar os pais para terem uma nora trans. O outro dá uma gargalhada de corar Chiquinho Zanzibar, o exótico personagem da noite carioca, e diz: "Irmão, vai fundo. É 2023! Bem-fundo, hein? O apaixonado beatnik dá um sorriso meio sem graça. Numa mesa próxima, uma velhinha com a amaldiçoada camisa da CBF arregala os olhos. O garçom abre outra artesanal e tudo bem. 

[A garotada chutando uma bolinha de plástico numa área de lazer do Méier, enquanto transeuntes passam com as compras de supermercado e o bar está apinhado de gente. Na calçada bem em frente, a marquise é a única companheira de um velhinho que pede esmolas quase chorando. Quase ninguém liga. 


TEXTO DE:

quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Camarão deteve o golpe

Tanto o ex-presidente americano quanto o excrementíssimo da República do Brasil tentaram um golpe de estado.

Os motivos de terem falhado no seu intento foi bem diferente.

O presidente americano fracassou porque o exército não apoiou o seu golpe.

Já o brasileiro teve apoio de muitos militares por baixo dos Panos, porém, dizem que no dia de anunciar o golpe, Jair estava no banheiro.

Estava com prisão de ventre e não conseguiu dar o golpe.

Pelo visto, o presidente camarão foi detido por excesso de camarão...

terça-feira, 5 de setembro de 2023

O Feriado

 

É terça. Chove no Rio. A vida é difícil e opressora. As pessoas sofrem demais, enquanto certa elite econômica alimenta profundo desprezo pelo próximo e pela cidade. A cidade é linda, mas também hostil e não se limita à beleza da enseada de Botafogo ou do Atlântico Sul. Sim, há muita beleza mas também miséria e dor.


O feriado é uma espécie de indulto de Natal da opressão carioca. Um dia de folga é um dia de liberdade para um zilhão de pessoas, que apenas sobrevive entre horas em pé no trem e horas em pé no trabalho. Quando chega em casa não descansa, mas desmaia. Então o feriado é na quinta e a gente já espera o alívio na terça. Um dia sem ser amassado feito sardinha moída em lata é um alívio enorme.


A minoria com algum dinheiro mas longe da riqueza quer celebrar o feriado fugindo da cidade. Pega o carro, mete o pé, emenda a sexta, respira até domingo e volta. Não é uma turma humilhada pela SuperVia e congêneres, mas não deixa de ser oprimida. Para manter seu "padrão de vida", submete-se a práticas detestáveis do mundo corporativo em troca de ostentar fotos no Instagram, e comprar ingressos para os shows de Paul McCartney e Roger Waters - em doze vezes sem juros.


Já fica um clima de tchau no ar. Os pequenos comerciantes são os novos mendigos de luxo, pedindo esmola para os clientes que só pensam no feriado. Um dia de liberdade.


É bom que se diga: feriados são ótimos para descansar e se divertir. O problema é que, para vivê-los na outrora cidade maravilhosa, a gente precisa queimar a véspera, a antevéspera, o dia seguinte e o fim de semana. Tudo para ter algum alívio. No fim, parece até um empréstimo bancário com os tradicionais juros agressivos, que a gente paga com dias de vida. Depois, fazemos as contas para o próximo feriado. 


É terça, dia 05, chove no Rio. Há pessoas desesperadas, desalentadas e outras entregues à própria morte. É um novo feriado. 


TEXTO DE:

@pauloandel