Lingua Preta
Não me faça perguntas, e eu não te direi mentiras.
segunda-feira, 18 de março de 2024
Carta de Satanás para Bolsonaro
terça-feira, 12 de março de 2024
Quantas Lolos ainda serão necessárias para que o racismo chegue ao fim?
Joaquim Nabuco escreveu brilhantemente na sua obra Minha Formação:
A escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil.
Para a pequena Lolo, moradora de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, foram necessários apenas 4 anos para sentir na pele as consequências desta característica nacional.
O que deveria ser um dia normal de aula para ela, se tornou um pesadelo.
Lolo, como toda criança tem de passar por esse processo de adaptação que é a escola. Conhecer um novo ambiente, novas crianças e outros adultos que terão o papel de autoridade semelhante ao dos pais.
Uma nova rotina, novas regras, horários, comida, atividades, deveres, enfim, praticamente uma nova vida.
Para uma criança de 4 anos, o mundo é todo alegria. Não há, salvo raríssimas exceções, a maldade.
Porém, há ainda a escravidão.
Ela espalhou por nossas vastas solidões uma grande suavidade; seu contato foi a primeira forma que recebeu a natureza virgem do país, e foi a que ele guardou; ela povoou-o como se fosse uma religião natural e viva, com seus mitos, suas legendas, seus encantamentos;
Lolo aos 4 anos não tem noção de que alguma pessoa possa lhe desejar fazer mal. Para ela, o mal é um conceito ainda inatingível. Mas isto não lhe é garantia de que o mal não possa ocorrer.
Para Lolo, sua pele, sua cor, ainda não é uma característica que a diferencie das demais crianças. Para ela, todos somos iguais. Crianças, adultos, idosos, todos são seres humanos.
Um pensamento infantil.
Mas a escravidão, no Brasil...
insuflou-lhe sua alma infantil, suas tristezas sem pesar, suas lágrimas sem amargor, seu silêncio sem concentração, suas alegrias sem causa, sua felicidade sem dia seguinte...
Lolo, com sua alma infantil, fez o que uma criança normal faz todos os dias nas milhões de escolas pelo Brasil afora. Foi carinhosa com um de seus colegas de classe. Um abraço.
Deu um simples abraço em outra criança, e ficou ali, na fila, como aprendeu a fazer todos os dias.
Mas então, o pai da outra criança, simplesmente entrou na escola, agredindo a diretora da unidade que se encontrava no portão, e empurrou Lolo pelas costas.
Assustada, acuada, Lolo teve ainda de ouvir ameaças com o dedo do agressor diante de seu rostinho assustado.
A polícia foi acionada e o agressor confessou que já havia tentado ensinar o filho a bater na pequena Lolo. O motivo? Ele não soube explicar. Não precisava, estava na cara. Não na dele, na de Lolo.
Diretora, monitora do pátio, e agressor foram ouvidos na delegacia especializada.
Lolo foi ouvida pela psicóloga ainda com a chupetas na boca. Ela não sabia explicar o que tinha feito de errado.
É melhor assim.
Como poderia uma pessoa em sã consciência explicar a uma pequena criança de 4 anos que seu erro foi ter nascido negra?
Como poderia uma pessoa normal tentar incutir na cabeça de uma criança de 4 anos que isso será pelo resto de sua vida, uma rotina?
Como poderia alguém, conseguir fazer Lolo entender que ela jamais iria poder consertar o seu erro, pois está estampado na pele?
Lolo terá ainda muito tempo para entender o que aconteceu no dia de hoje. Ainda há a esperança de que o tempo apague de sua memória o ocorrido.
Pode ser difícil, mas quem sabe Deus não se compadece e abençoa essa criança com o esquecimento?
Eu, velho, não conseguirei esquecer, embora preferisse.
Tampouco conseguirei entender como uma pessoa tem a coragem de agredir uma criança de 4 anos apenas por causa da sua cor.
Há muitas Lolos por esse Brasil afora. Algumas já são da minha idade, e ainda continuam sendo humilhadas por causa da sua cor.
Isso não vai mudar, infelizmente eu sei. Nabuco estava certo, por mais que me doa admitir.
A escravidão...
É ela o suspiro indefinível que exalam ao luar as nossas noites de Campo Grande ( no texto original, do norte ).
Obs. O nome da criança foi substituído para preservar sua identidade.
sábado, 9 de março de 2024
CCJ da Câmara vai virar palco de fake news e retrocesso
O Bolsonarismo realmente é uma desgraça para o país.
Não há como conviver de maneira minimamente pacífica com um grupo de vagabundos rematados como essa corja.
E podem parecer um pouco duras as minhas palavras, porém, basta ver a maneira como essa caterva atua para entender porque não podemos mais manter um discurso manso.
Além de conseguir colocar a deputada Nicole Xupetinha na Comissão de Educação da Câmara, para debater pautas que sequer existem e tentar destruir toda e qualquer prática do governo que tenha a intenção de melhorar a educação, o bolsonarismo explica outra peste na Comissão de Constituição e Justiça ( CCJ ).
E a primeira grande ideia dessa deputada de mente brilhante já é um retrocesso absurdo.
Ela quer o fim da cota para mulheres na política.
Atualmente, a lei garante 30% das vagas para candidaturas dos partidos para mulheres.
A deputada é contra por achar que política não é lugar para mulher (?).
Para ela, mulheres seriam mais úteis por exemplo, escolhendo o terno do marido deputado.
"Não deveria existir uma lei que obrigue mulheres serem candidatas. Porque corremos o risco de haverem um monte de mulheres de esquerda ditando as regras do país. Mulher que é mulher mesmo não escolhe o banheiro que usa." (sic), disse a deputada.
Alguém precisa ir até a Região Sul, ensinar o uso do verbo haver, urgentemente.
Preparem-se para audiência públicas na Comissão de Educação debatendo banheiro unissex, e a CCJ tendo de lidar com projetos de anistia para golpistas vagabundos.
É o que restou pata a oposição no Brasil, que quando esteve no poder não tinha projeto nenhum além de coçar as bolas do projetinho de ditador.
sábado, 2 de março de 2024
Simone Tebet destaca PIBão de Lula
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024
Bolsonaro é CIS, TRANS ou só ignorante?
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024
Impeachment de Lula é mais uma ideia grotesca da bozosfera
terça-feira, 20 de fevereiro de 2024
Lula errou, admito.
O presidente Lula discursou mais uma vez em um dos inúmeros encontros inúteis de nações, onde se fala muito e se concretiza pouco ou nada.
O problema é que desta vez, Lula acabou soltando uma frase pra lá de infeliz sobre os conflitos na Faixa de Gaza. Abaixo segue a cantilena:
"O que está acontecendo na Faixa de Gaza é com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar judeus."
A afirmação é ao mesmo tempo, mentirosa e temerária.
Se Lula mentiu de maneira consciente e tinha apenas a intenção de chocar os ouvintes ou atacar o governo do Primeiro Ministro nazista de Israel, Netanyahu, só ele poderia confirmar.
O que eu posso afirmar é que o que eu escrevi acima: mentirosa e temerária.
A afirmação é mentirosa, porque quando Lula diz que não houve nenhum outro momento histórico comparável aos conflitos na Palestina, ignora um sem número de outros conflitos que ocorreram apenas do momento do Holocausto até hoje.
Posso citar aqui, alguns conflitos ocorridos após 1945, que causaram mais de 1 milhão de mortes:
Guerra da Coreia - 1,2 milhão
Guerra do Vietnã/Indochina - 800 mil e 3,8 milhão
Guerra Civil da Nigéria - 1 milhão
Guerra Civil da Etiópia - 1,9 milhão
Guerra Afegã Soviética - 2,5 milhão
Conflito Irã/Iraque - 1 milhão
Segunda Guerra do Congo/Guerra Mundial Africana - 2,5 milhão e 5,4 milhão
Aqui não estão incluídos conflitos menores mais não menos sangrentos. Não está presente também todas as intervenções assassinas dos Estragos Unidos em outros países e nem os genocídios ocorridos em diversas nações.
O Holocausto não deve ser banalizado a ponto de ser usado como um evento comparativo, pois causa a impressão de que tudo que for feito abaixo do Holocausto é justificável.
O próprio Netanyahu em 2015 em plena assembleia da ONU, fez uma fala infeliz sobre o Holocausto.
Além de mentirosa, a afirmação de Lula foi temerária.
Ele deu a Netanyahu, que já estava em desgraça até mesmo diante da opinião pública de Israel, a munição que este necessitava para justificar suas ações.
A fala descabida de Lula não acabará com a guerra na Palestina, mas pelo contrário, deu fôlego e motivação para que Netanyahu justifique até mesmo um recrudescimento de suas ações.
Agora, falando em consequências internas, Lula reacendeu a fúria da oposição que estava minguando dentro de sua própria insignificância.
Até o momento desta coluna um pedido de impeachment de Lula já contava com 122 assinaturas. Parece evidente que a oposição não conseguirá o número necessário de assinaturas, ao menos desta vez.
O erro de Lula ainda serviu para motivar ainda mais as convocações para a manifestação em defesa do Golpe, que será realizada dia 25, sob o comando do Boca de Farofa.
E por fim, Lula continua a passos largos seu afastamento da classe evangélica no Brasil.
Uma parcela da esquerda que nutre ódio contra evangélicos e mesmo à religião, comemora e defende esse afastamento.
O que essa ala ignora é que a perda da parcela de evangélicos que ainda apoiam Lula apesar de seus deslizes, pode levar a uma derrota nas urnas para um bolsonazista que se apresente falsamente como um moderado.
Uma verdadeira estratégia ao estilo auto-sabotagem para quem se elegeu alegando ser um presidente de todos.
Que Lula comece a se policiar um pouco. Pois cada deslize seu, colabora com o fortalecimento das fileiras nazi-bozistas no país.