sexta-feira, 30 de setembro de 2022

O Povo é o Último Bastião Contra o Autoritarismo

 

Entraremos para a história, como a geração que fracassou politicamente. E as gerações futuras terão muito material para sentir vergonha e aversão a este momento que estamos vivendo.

Achamos normal, uma presidente eleita ser retirada do cargo sem praticar crime administrativo, pelo simples motivo de revanchismo. Assistimos inertes um Congresso manipular os fatos, e votar um processo de impeachment com transmissão em TV aberta, com ares de produção cinematográfica.

Aplaudimos a atuação nefasta de um juiz em parceria com promotores e alas da justiça, apoiados pela poderosa Rede Globo. Este mesmo juiz condenou (e teve sua decisão referendada pelos Tribunais Superiores), sem provas um ex-presidente da República.

Vimos com satisfação, este mesmo ex-presidente ser preso durante 580 dias, e pouco nos importamos se este mesmo juiz, noventamente em parceria com a Rede Globo, manipulou informações para induzir o STF a erro, e alcançar seus objetivos.

Graças a esta manipulação, o Ministro Gilmar Mendes negou um Habeas-corpus preventivo ao ex-presidente, e assistiu o condenado ser conduzido à sua cela no dia seguinte.

Vale ainda citar que o mesmo juiz, logo depois abandonou a magistratura para se tornar ministro do presidente que ajudou a eleger. E atualmente durante sua campanha de candidatura ao Senado, afirmou que ele e o atual presidente tem um mesmo inimigo histórico: o PT. Só não disse se essa relação já existia quando burlou os processos contra o ex-presidente preso.

E por fim, desde 2019, assistimos ao atual presidente atuar de forma criminosa e vergonhosa, atentando contra a democracia e contra as instituições.

Blindado pelo mesmo Congresso que causou uma presidente sem motivo, comprado por um orçamento secreto. Blindado pela atuação nojenta de uma procuradoria-geral da República que atua como a espécie de assessoria jurídica do presidente.

A última escalada de mentiras e ataques criminosos foi contra a Justiça Eleitoral, com foco principal nas urnas eletrônicas, na tentativa de impedir o processo eleitoral e tentar se perpetuar no poder, já que lhe falta coragem (e apoio total dentro das Forças Armadas, evidente) para tentar um golpe de estado abertamente.

Mas, isso não foi o suficiente. Eles não tem limites. A falta de caráter alcançou ultrapassou todos os limites. Impossibilitado de evitar as eleições, restará ainda criar a das maiores vergonhas pela qual já passou a nação brasileira.

A criação de um candidato fake.

A justiça mais uma vez atua de forma covarde e vergonhosa, permitindo que um candidato entre na disputa mesmo sob flagrante crime de falsidade ideológica. Permite que o partido do presidente (PL), apresente um relatório forjado e criminoso sobre o processo eleitoral. Permite que uma chapa que praticou crime eleitoral em parceria com o Congresso continue na disputa. O golpe legiferante das PECs dos auxílios (compra de votos com dinheiro público oficializada), segue adiante, sem que nenhuma providência seja tomada.

Só existe uma força que pode dar fim a este descalabro que vem ocorrendo no país: o povo.

O povo, através das urnas e não das armas, do voto e não das mentiras, pode por fim a esta escalada de autoritarismo dentro do Brasil.

O povo, é o último bastião de resistência a este mal que vem tomando espaço e contaminando todo o país.

terça-feira, 27 de setembro de 2022

O Manifesto Cironaro à Nação

 

Advinha quem criticou a imprensa, o STF, as pesquisas eleitorais e alegou ser o único político honesto que lutará contra "o sistema"?

Quem usou tropa de choque na Internet para atacar jornalistas e adversários?

Quem disse que quando eleito, irá atropelar o Congresso Nacional, apoiado na suposta força do povo que o elegeria?

Se você pensou em Jair Bolsonaro, errou feio, pois a resposta correta é Ciro Gomes.

Ciro que iniciou a campanha como candidato a presidente, termina como candidato a um novo Bolsonaro.

Um Bolsonaro mais à esquerda, com mais vocabulário, mais leitura, porém, igual em temperamento.

Ciro Gomes disse tantas barbaridades em seu "manifesto à nação", que chegaria a deixar Bolsonaro com a face corada, se este último tivesse um mínimo de vergonha na sua cara sebosa.

Muitos eleitores na época das pré-candidaturas, tinham a intenção de votar em Ciro Gomes no primeiro turno. Porém, conforme foram se dando os fatos, o próprio Ciro foi convencendo os eleitores a migrarem para o famoso "voto útil" ao Lula.

O motivo é meio óbvio: este mesmo discurso pavimentou a chegada de Bolsonaro ao poder e causou uma desgraça atrás da outra. Até mesmo por isso, quem poderia acreditar no mesmo discurso agora?

Ora, e por que alguém seria obrigado a confiar que Ciro conduziria o país a um caminho diferente do de Bolsonaro se ele usa o mesmo discurso para vencer a eleição? Ou ao menos para evitar que Lula vença logo no primeiro turno?

Ciro já chegou a reproduzir a ideia mais difundida entre os bolsonaristas: a extinção total do PT.

Em suma, Ciro, já pensa em 2026. Ele mesmo disse que não faria mais campanha para ladrão nem que o pau tore (sic), referindo-se ao atual candidato ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, em uma entrevista.

Ciro não cansa de repetir que Lula não foi inocentado. Que isso seria uma narrativa do PT. Essa é uma meia verdade. Realmente, Lula não foi inocentado, pois para que isso ocorresse teríamos de considerar que os processos contra o ex-presidente foram legítimos.

Porém, os processos contra Lula foram anulados pois o juiz responsável pela condenação foi considerado suspeito e incompetente (aquele juiz que após a condenação foi ser ministro daquele que ajudou a eleger). Isto, Ciro ignora solenemente.

Por fim, o que restará para Ciro Gomes?

Talvez nem mesmo o PDT, pois é impossível que o partido apoie Bolsonaro em um possível segundo turno, como Ciro vem fazendo objetivamente neste primeiro turno.

É praticamente o fim melancólico de uma carreira política longa e produtiva.

Como diria Leonel Brizola: a política ama a traição, mas odeia o traidor.

Mesmo que Ciro esteja apenas traindo a si mesmo e sua trajetória política, tendo inclusive atuado por anos nos governos petistas.

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

O Furibundismo Golpista

 

Chaves e Bolsonaro na onda do populismo barato
Se Bolsonaro abandonasse o golpismo e só fizesse, a partir de agora, um discurso totalmente democrático, as eleições deste ano estariam, ainda assim, miseravelmente manchadas pela canalhice política, intelectual e moral.

A PEC que libera benefícios sociais a caminhoneiros e taxistas é uma aberração, um crime eleitoral, criado pelo presidente e aceito pelo Congresso.

Frauda, de uma só vez, a Lei Eleitoral, a Lei de Responsabilidade Fiscal e a Constituição. E, no entanto, na melhor das hipóteses para o Estado de Direito, o Supremo pode vir, no máximo, a declarar inconstitucional o estado de emergência.

O golpe legiferante, como sabemos, foi desferido em parceria com o Centrão, numa armadilha meticulosamente montada por Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, que divide o controle do governo com Ciro Nogueira (PP-PI), outro líder do Centrão, que também ocupa a chefia da Casa Civil (esteve, lembre-se, presente à fatídica reunião de Bolsonaro com os embaixadores estrangeiros.

Ocorre que o golpe meramente eleitoreiro não aplaca a sanha canalha e golpista de Bolsonaro. Além de não ser uma garantia de que vá vencer a eleição, não atende a seus anseios de ditadorzinho populista mequetrefe. Ele não quer um segundo mandato para governar o Brasil e implementar um conjunto determinado de medidas. Isso é coisa própria de políticos que têm uma agenda, um conjunto de convicções, um eixo de governança (embora não sejamos obrigados a concordar com elas).

Bolsonaro não tem nada. Como não tinha em 2018. Puxem pela memória. Venceu a disputa, levou a Presidência, passou a ser o homem mais poderoso da República, e nem por isso seu discurso se tornou menos furibundo.

Segue o mesmo padrão de furibundismo típico dos ditadores da América Latina. O que mais há de semelhante a Hugo Chaves no mundo, hoje, chama-se Jair Bolsonaro.

Sei que muitos da Esquerda Brasileira, se ofendem com esta comparação, por acreditarem ser Hugo Chaves um líder de esquerda. Porém, jamais consideraria Chaves um político progressista, ou sequer de esquerda. Isso porque, talvez, eu tenha mais em conta a esquerda política do que estes próprios esquerdistas denominacionais.

Chaves está para Bolsonaro, assim como Bolsonaro está para Chaves.

As últimas eleições presidenciais no Brasil foram marcadas por excepcionalidades. Em 2014, um acidente aéreo, tirou a vida de Eduardo Campos, candidato ao cargo de presidente. Em 2018, foi uma facada desferida em Bolsonaro, por Adélio Bispo, um psicopata.

Agora, em 2022, as excepcionalidades são várias. Além das PECs criando benefícios proibidos em ano eleitoral, há a participação ativa de parte das Forças Armadas em tentar evitar que as eleições transcorram de forma legal.

Parte da culpa recai sobre o Ministro do Supremo Luís Roberto Barroso, que convidou o Exército a participar de uma comissão eleitoral.

Membros do comando das Forças Armadas passaram a colocar sob desconfiança o trabalho do STE, e atacar as urnas eletrônicas, além dos pedidos absurdos e impraticáveis fetos pelos militares membros da Comissão feitos à Justiça Eleitoral.

Como as Forças Armadas sempre atuaram no auxílio logístico dos pleitos, cabe a este colunista, humildemente, perguntar:

Podemos confiar totalmente na integridade das Urnas que estiverem sob a guarda das Forças Armadas?

Somente o tempo poderá responder.

Outra pergunta que será respondida pelo tempo, mas que evidentemente já desconfiamos da resposta, será o comportamento de Bolsonaro após sua mais que certa derrota nas urnas.

Há ainda quem duvide que ele está sendo chamado de Trump dos Trópicos à toa?

Ele tentará de todas as maneiras se agarrar ao cargo, e não duvide, que seria inclusive capaz de cometer as mesmas barbáries cometidas pelo Trump original, após sua derrota nas eleições americanas.

O resultado pode ser muito ruim para o Brasil, o golpe dando certo ou não.

Pelo voto ou pelo golpe, a manutenção de Bolsonaro na presidência da República seria por si só, uma catástrofe.

quinta-feira, 8 de setembro de 2022

A broxabilidade do imbroxável

 

Michelle gorfa após beijo

A cada ato novo no seu mandato, Jair Bolsonaro deixa evidente seu desvio de caráter, seu descontrole emocional e sua necessidade patológica de tentar provar sua masculinidade.

O último 7 de Setembro, celebração dos 200 anos da Proclamação da República foi marcado pela que é a pior e mais grotesca manifestação pública de um presidente na história da América Latina, quiçá do mundo moderno.

"Imbroxável! Imbroxável! Imbroxável!

Foi a palavra gritada pelo desequilibrado que ocupa a cadeira de presidente do país.

Para podermos entender quão lastimável é essa situação precisamos lembrar alguns fatores que não podem ser ignorados.

O primeiro é o fato de que o atual governo já teria ido a nocaute há muito tempo, não fosse a ajuda do STF, que fechou os olhos a inúmeras inconstitucionalidades que ocorrem desde 2019, quando da posse de Bolsonaro.

A reforma da previdência foi inconstitucional, a PEC dos precatórios foi inconstitucional, a atuação do presidente na Pandemia foi criminosa, a PEC do ICMS foi inconstitucional, o benefício concedido a caminhoneiros foi inconstitucional e ilegal, o benefício concedido aos taxistas foi inconstitucional e ilegal. Tudo isso, foi feito sem que o STF causasse problemas.

Os benefícios aos taxistas e caminhoneiros fere inclusive a Lei Eleitoral. O que constitui crime eleitoral por parte do presidente com aval do Congresso, e com prevaricação do STE.

É a oficialização da compra de voto com dinheiro público.

Mas, apesar desse golpe legiferante praticado às vésperas da eleição, os números das pesquisas são cruéis com Bolsonaro. Até mesmo depois dos primeiros pagamentos dos benefícios concedidos, Lula ainda aparece na frente e com possibilidades concretas de vencer inclusive no primeiro turno.

Tudo isso vem deixando ainda mais perigosa a sanha de Bolsonaro por um golpe de estado, que o colocaria como uma espécie de ditador, evitando assim que ele tenha de deixar o cargo e encarar a justiça pelos crimes comuns cometidos no mandato, e que não prescrevem.

Então, veio o 7 de setembro. Dia ideal para que Bolsonaro arregimentasse seus fanáticos e envergonhasse as Forças Armadas obrigando-as a servir como uma espécie de tropa mercenária pessoal.

E então chegamos ao grande momento do dia:

"Imbroxável! Imbroxável! Imbroxável!

Bolsonaro não escuta seus assessores, e quando escuta, escolhe sempre seguir os conselhos daqueles que são tão ou mais imbecis.

Até por isso, decidiu discursar. Porque, para quem já cometeu ilegalidades com dinheiro público, movimentando tropas para um discurso eleitoral (outro crime que o STE não vai sequer comentar) que diferença faria somar a isso algumas frases golpistas?

Durante o discurso, Bolsonaro não satisfeito em atacar os adversários (atacou evidentemente, Lula), precisava também atacar a esposa de seu adversário.

Ele inicia a fala tentando fazer uma comparação entre as duas mulheres, mas evidentemente, até mesmo ele percebeu que o tipo de comentário que pretendia poderia soar muito ruim e causar mais prejuízos a sua já combalida situação em relação ao eleitorado feminino.

Ele então resolve elogiar sua esposa Michelle. Mas, após um beijo que visivelmente causou mal estar na primeira dama, Bolsonaro não resiste aos próprios instintos de macho imbroxável.

O beijo diante de uma plateia assanhada pelo feromônio golpista, deu-lhe aqueles calores das partes baixas.

"Imbroxável! Imbroxável! Imbroxável!

Foi o grito de macho. O grito de homem. Homem que de tão macho precisa o tempo todo tentar convencer não só aos outros, mas a si mesmo de que é macho.

Pode ser que na intimidade (para azar da primeira dama) o presidente seja imbroxável.

O que é realmente broxável, é o atual governo.

Economicamente é uma broxabilidade total nas mãos do burocrata comunista búlgaro da década de 60 imbroxado de liberal, também conhecido como Paulo Guedes.

Administrativamente, a broxabilidade do governo é dividida com os igualmente broxáveis Arhtur Lira e Rodrigo Pacheco.

O preço dos alimentos é outra broxabilidade. Só que esta acaba por imbroxar a vida de milhões de brasileiros.

Bolsonaro pode ser imbroxável, mas vem imbroxando cada vez mais, inclusive sua massa de seguidores fanáticos não-broxáveis.

Pois foi mais um golpe sem ser golpe.

Com direito a convocação erétil:

"Vamos para as ruas por uma última vez!"

Viagrou o presidente durante mais um de seus discursos inflamados, convocando para o dia 7 seus seguidores.

Os imbroxáveis foram às ruas. Mas o golpe broxibilizou.

Foi o golpe broxável.

"Imbroxou! Imbroxou! Imbroxou!"