quarta-feira, 14 de setembro de 2022

O Furibundismo Golpista

 

Chaves e Bolsonaro na onda do populismo barato
Se Bolsonaro abandonasse o golpismo e só fizesse, a partir de agora, um discurso totalmente democrático, as eleições deste ano estariam, ainda assim, miseravelmente manchadas pela canalhice política, intelectual e moral.

A PEC que libera benefícios sociais a caminhoneiros e taxistas é uma aberração, um crime eleitoral, criado pelo presidente e aceito pelo Congresso.

Frauda, de uma só vez, a Lei Eleitoral, a Lei de Responsabilidade Fiscal e a Constituição. E, no entanto, na melhor das hipóteses para o Estado de Direito, o Supremo pode vir, no máximo, a declarar inconstitucional o estado de emergência.

O golpe legiferante, como sabemos, foi desferido em parceria com o Centrão, numa armadilha meticulosamente montada por Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, que divide o controle do governo com Ciro Nogueira (PP-PI), outro líder do Centrão, que também ocupa a chefia da Casa Civil (esteve, lembre-se, presente à fatídica reunião de Bolsonaro com os embaixadores estrangeiros.

Ocorre que o golpe meramente eleitoreiro não aplaca a sanha canalha e golpista de Bolsonaro. Além de não ser uma garantia de que vá vencer a eleição, não atende a seus anseios de ditadorzinho populista mequetrefe. Ele não quer um segundo mandato para governar o Brasil e implementar um conjunto determinado de medidas. Isso é coisa própria de políticos que têm uma agenda, um conjunto de convicções, um eixo de governança (embora não sejamos obrigados a concordar com elas).

Bolsonaro não tem nada. Como não tinha em 2018. Puxem pela memória. Venceu a disputa, levou a Presidência, passou a ser o homem mais poderoso da República, e nem por isso seu discurso se tornou menos furibundo.

Segue o mesmo padrão de furibundismo típico dos ditadores da América Latina. O que mais há de semelhante a Hugo Chaves no mundo, hoje, chama-se Jair Bolsonaro.

Sei que muitos da Esquerda Brasileira, se ofendem com esta comparação, por acreditarem ser Hugo Chaves um líder de esquerda. Porém, jamais consideraria Chaves um político progressista, ou sequer de esquerda. Isso porque, talvez, eu tenha mais em conta a esquerda política do que estes próprios esquerdistas denominacionais.

Chaves está para Bolsonaro, assim como Bolsonaro está para Chaves.

As últimas eleições presidenciais no Brasil foram marcadas por excepcionalidades. Em 2014, um acidente aéreo, tirou a vida de Eduardo Campos, candidato ao cargo de presidente. Em 2018, foi uma facada desferida em Bolsonaro, por Adélio Bispo, um psicopata.

Agora, em 2022, as excepcionalidades são várias. Além das PECs criando benefícios proibidos em ano eleitoral, há a participação ativa de parte das Forças Armadas em tentar evitar que as eleições transcorram de forma legal.

Parte da culpa recai sobre o Ministro do Supremo Luís Roberto Barroso, que convidou o Exército a participar de uma comissão eleitoral.

Membros do comando das Forças Armadas passaram a colocar sob desconfiança o trabalho do STE, e atacar as urnas eletrônicas, além dos pedidos absurdos e impraticáveis fetos pelos militares membros da Comissão feitos à Justiça Eleitoral.

Como as Forças Armadas sempre atuaram no auxílio logístico dos pleitos, cabe a este colunista, humildemente, perguntar:

Podemos confiar totalmente na integridade das Urnas que estiverem sob a guarda das Forças Armadas?

Somente o tempo poderá responder.

Outra pergunta que será respondida pelo tempo, mas que evidentemente já desconfiamos da resposta, será o comportamento de Bolsonaro após sua mais que certa derrota nas urnas.

Há ainda quem duvide que ele está sendo chamado de Trump dos Trópicos à toa?

Ele tentará de todas as maneiras se agarrar ao cargo, e não duvide, que seria inclusive capaz de cometer as mesmas barbáries cometidas pelo Trump original, após sua derrota nas eleições americanas.

O resultado pode ser muito ruim para o Brasil, o golpe dando certo ou não.

Pelo voto ou pelo golpe, a manutenção de Bolsonaro na presidência da República seria por si só, uma catástrofe.

Nenhum comentário:

Postar um comentário