PRETA
Filha de Gilberto Gil, Preta carregava no sangue a música, a arte e a luta. Mas ela fez mais do que herdar — ela construiu. Cantou, encantou, enfrentou o preconceito com um sorriso no rosto e orgulho no peito. Preta foi resistência em forma de voz, presença e afeto.
Como mulher negra, ela nunca se calou. Falou sobre amor, corpo, autoestima e racismo com a coragem de quem sabia o peso — e o poder — de sua existência. Inspirou gerações com sua autenticidade, seu carisma inesquecível e seu compromisso com a verdade.
Preta era festa, mas também era firmeza. Era abraço, mas também era bandeira. E acima de tudo, era amor — pelo povo, pela arte, pela vida.
TEXTO DE:
Tarciso Tertuliano

PRETA GIL
Sempre gostei da imagem de Preta Gil; independente da época, enquanto ainda produtora no backstage ora como uma lagarta virando borboleta para a vida de cantora. Preta irradiava alegria, bom humor, plenitude, independência e criação. Uma partida tão precoce, ainda mais com os papéis invertidos onde eu fico mais chocado, os pais perderem seus filhos.
Preta foi fiel a quem lhe deu a mão, e agarrou-se com unhas e dentes na batalha contra a miserável da doença, foi uma guerreira evidenciando que era notório seu amor à vida. Quis que o destino a levasse.
Alô! Alô! Preta Gil, Aquele Abraço! Preta tinha swing, tinha sex appeal, clímax, tinha borogodó; independente de seu peso e altura, não importava, ela irradiava essas nuances de maneira natural, aos gordofóbicos de plantão aquele grande “fuck you”.
Preta não desistiu; suponho que mesmo sabendo que perderia a luta, não baixou a guarda. Uma guerreira igual a muitos que lutam contra essa doença. Vai fazer falta a sua presença, a sua alegria, o seu trio elétrico que encantava multidões, a sua ternura, o seu amor pela família.
Que os orixás a acompanhem e a guiem pelo equilíbrio espiritual. Axé!
TEXTO DE:
Thiago Muniz