segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Essa tal gente de bem...

Nenhum discurso, nenhuma imagem e nenhum texto definem tão bem a extrema direita brasileira como a foto da bandeira estadunidense gigante desfilando orgulhosa no dia da independência do Brasil em plena avenida Paulista.

É a contradição definitiva que explica cabalmente quem é essa gente "de bem".

Essa gente é patriota, mas odeia o povo, a cultura e as coisas de nosso país, além de apoiar a interência dos Estados Unidos em nossos assuntos internos.

Essa gente é religiosa, mas apoia o genocídio dos palestinos, a posse de armas e comemora a morte de quem não gosta.

Essa gente é contra o aborto, mas vibra ao ver meninos negros e pobres trancafiados.

Essa gente faz apologia à família, mas é desagregadora, trai o cônjuge, bate e abandona os filhos.

Essa gente diz odiar a corrupção, mas faz vista grossa aos casos escancarados de roubalheira de seus líderes.

Essa gente diz viver em uma ditadura, e diz isso enquanto desfila livremente por todas as cidades brasileiras.

Essa gente diz que em 1964 não se iniciou uma ditadura, pois acha que quem foi torturado e morreu "mereceu".

Essa gente diz que quer liberdade irrestrita, mas não hesita em agredir qualquer casal homoafetivo que ouse demonstrar carinho em público ou em tentar proibir um espetáculo artístico que não atenda suas preferências pessoais.

Essa gente é a consagração do "dois pesos, duas medidas", o ápice do uso do argumento oportunista, a vitória da ostentação da hipocrisia, a apologia do "eu posso, você não". 

Essa gente usa todo esse instrumental do absurdo como camuflagem, debaixo de suas camisetas da CBF, para que não vejamos quem são de verdade: elitistas, intolerantes, racistas, homofóbicos, incultos, vira-latas, truculentos, vulgares e ignorantes.

É um desafio permanente ser obrigado a dividir o oxigênio com eles sem perder o réu primário.

TEXTO DE:

Alexandre Périgo

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