Na Assembleia Geral da ONU, palco onde líderes mundiais buscam projeção global, a métrica de impacto não está apenas nas palavras ditas, mas nas reações que provocam.
E neste quesito, Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump tiveram jornadas bem distintas.
O presidente brasileiro foi aplaudido sete vezes durante seu discurso. Já o americano, apenas uma.
O contraste revela mais do que simpatia ou antipatia momentânea — expõe estilos, agendas e credibilidades distintas diante da comunidade internacional.
Lula: o Brasil de volta ao concerto mundial
Lula subiu ao púlpito com a energia de quem tenta reposicionar o Brasil como voz do Sul Global e ator confiável em debates universais. Falou de desigualdade social, combate à fome, defesa da Amazônia, igualdade de gênero e raça, e não hesitou em denunciar sanções unilaterais e o “genocídio em Gaza”.
O plenário reagiu em momentos estratégicos: quando ele afirmou que “o Brasil está de volta”, ao destacar a queda do desmatamento, ao criticar embargos econômicos e ao defender direitos humanos. O roteiro estava afinado: ética, soberania e multilateralismo. Para muitos, soou como música — e os aplausos foram a prova.
Ainda assim, não faltam ressalvas. Há quem veja excesso de retórica e pouco detalhamento sobre viabilidade prática de suas propostas.
Mas, em termos de soft power, Lula conseguiu o que queria: sair de Nova York como o presidente que dialoga e mobiliza.
Trump: entre o aplauso tímido e as risadas desconfortáveis
Donald Trump, por sua vez, levou ao plenário o mesmo estilo que marcou sua presidência: combativo, nacionalista e autocentrado. Repetiu a cartilha do “America First”, atacou instituições multilaterais, questionou políticas climáticas e falou em acordos comerciais injustos.
Pediu um cessar-fogo imediato em Gaza, mencionou reféns, mas o impacto foi discreto: um único aplauso.
Em outros trechos, vieram risadas — um retrato claro da distância entre sua retórica de campanha e a expectativa de diplomacia num espaço coletivo como a ONU.
Críticos apontam que Trump parecia falar mais para sua base doméstica do que para chefes de Estado. Sua ênfase em soberania soou, para muitos diplomatas, como um recado de isolamento, não de liderança.
Dois mundos, duas recepções
O contraste não poderia ser maior. Lula tentou — e conseguiu — projetar o Brasil como voz de consenso e esperança, mesmo entre críticas e contradições internas.
Trump reforçou sua marca pessoal, mas encontrou resistência num ambiente que preza o multilateralismo.
Se aplausos fossem votos, Lula teria vencido por goleada. Mas, na ONU, eles significam algo mais sutil: a disposição dos países em ouvir e, talvez, seguir um caminho comum.
E nessa arena, entre palmas e risos, ficou claro que, ao menos por uma noite, o Brasil falou mais alto que os Estados Unidos.
Por fim, Trump anunciou que se encontrará com Lula, talvez já na próxima semana. Além de dizer que gostou do líder brasileiro no pouco tempo que se encontraram.
Nenhum comentário:
Postar um comentário