sexta-feira, 2 de abril de 2021

A Importância de um bom Discurso

 

Owerlack Lins Júnior
Desde tempos remotos, o homem faz da oratória seu grande veículo de comunicação, de expressão, independente de idioma ou dialeto.

Na antiguidade fomos brindados com a oratória discursiva de Péricles, Demóstenes, Cícero em falas até hoje lembradas e sempre tão contemporâneas.

Exemplos de grandes oradores pelo mundo são fartos.
Winston Churchill, Ghandi, Roosevelt, Mandela, Fidel Castro, Barack Obama.
O mundo corporativo nos apresentou oradores como Steve Jobs e Bill Gates paralisando platéias em suas apresentações.

A política nacional sempre foi pródiga em grandes oradores a encantar as massas.

Rui Barbosa, que inspirou até samba de enredo na União da Ilha com o "Rui barboseava no Senado...".

Afonso Celso, em seu livro 'Oito Anos de Parlamento" descreve a habilidade oratória de Joaquim Nabuco.

O século passado nos foi generoso com esses políticos e suas falas.

Getúlio Vargas e o seu "Trabalhadores e trabalhadoras do Brasil" dava a senha da fala aos trabalhistas.

Carlos Lacerda assumia o "Corvo" com sua voracidade em estilo quase neopentecostal.

Ulisses Guimarães era o discurso rebuscado quatrocentão paulista.

Fernando Henrique Cardoso reproduzia a fala do sociólogo, quase um alter ego da intelectualidade geracional de 1968.

E quem nunca parou para ouvir o velho caudilho Leonel de Moura Brizola, com seu sotaque de fronteira carregado, entremeando a política, jargões dos pampas e apelidos inesquecíveis aos seus adversários.

Que falta nos faz velho Briza.

Mas fiz todo esse passeio para falar e escrever sobre Luiz Inácio Lula da Silva.

Ontem, o ex-presidente concedeu entrevista curta, de uma hora, ao jornalista Reinaldo Azevedo na Band News.

Curta, mas suficiente para esperançar os ouvidos tão maltratados ultimamente.

Lula não tem erudição no discurso, tem a vivência.

Fala com os olhos, seduz com a interpretação, conquista com a simplicidade.

Seria um Messias? Longe de ser. Pecador, mesmo que apenas por omissão até que se prove o contrário, como muitos outros.

Mas, em tempos de que o "Messias" de plantão em Brasília não possui sequer 500 palavras no vocabulário, tem como livro de cabeceira a biografia de um torturador assassino e não consegue conjugar de forma correta um verbo em uma frase, ouvir quem fala ao povo afaga a alma.

Antes que cheguem os patrulheiros de plantão, não sou petista, nunca fui nem quando era moda ser.

Mas ainda existo, resisto e penso.

Owerlack Lins Júnior

Nenhum comentário:

Postar um comentário