quinta-feira, 21 de julho de 2022

Bolsonaro Coloca em Prática Crime de Alta Traição

 

Bolsonaro e seu "brienfing" com embaixadores

Até agora, eu podia chamar o presidente Jair Bolsonaro de criminoso (devido aos seguidos crimes de responsabilidade cometidos impunemente), de mentiroso contumaz e de outros tantos termos nada elogiosos.

Mas a partir de agora, posso incluir no rol de adjetivos relativos a ele o termo traidor.

Bolsonaro não se satisfez apenas em ter de contar uma dúzia de mentiras por dia, e nem de destilar ódio por tudo que existe no mundo, que não seja ele mesmo.

Além de ser um covarde incompetente que entregou o país nas mãos de Arthur Lira, Rodrigo Pacheco e Ciro Nogueira, para sobreviver no cargo apesar de todos os crimes, Bolsonaro também sofre de arremedos de grandeza. Quer ser um ditador.

O pior disso tudo, é que ele realmente acredita que tenha capacidade de ser um ditador. Patologicamente, só pode ser doente, no pior sentido da palavra que você queira usar mesmo. Ele sequer tem a capacidade de decorar um versículo bíblico ou um ditado popular. Também é raro ver Bolsonaro conseguir completar uma frase que faça sentido, ou que não contenha sérios erros de gramática.

Mas desta vez, o staff do presidente, igualmente incompetente e pronto para bajular o seu “mito”, deixou que ele cometesse talvez o crime mais flagrante desde o início de seu mandato: o de alta traição (ferindo tanto a Lei 1.802 de janeiro de 1953 quanto a Lei 1.079 de abril de 1950).

Este, e os demais crimes cometidos pelo presidente , são passíveis de impeachment. Porém, existem algumas condições que impedem que isso aconteça. Primeiro, não há tempo. O processo de impedimento de um presidente é longo. Só o afastamento do cargo para os trabalhos do Congresso seria de 6 meses. Portanto, ele sairia de seu mandato antes da votação do impeachment, anulando inclusive a votação pois esta perderia o objeto. Não há como tomar um cargo que não existe mais.

A segunda condição, é que a PGR teria de indiciar o presidente por crime, e isso jamais vai ocorrer, pois o procurador geral Augusto Aras, já se mostrou procrastinador o suficiente para que se perca por ele qualquer resquício de respeito. Aras esquece que sua prevaricação pode ser muito ruim para ele mesmo em um futuro não tão distante.

Portanto, não há chance de impeachment. Mas não significa que o que Bolsonaro cometeu ficará impune. Além de crime de responsabilidade, ele cometeu crime comum. Crime que não pode ser punido agora, mas que não prescreve. E que poderá ser cobrado após o fim de seu mandato.

 

Mas afinal, qual foi o crime de traição cometido por Bolsonaro?

 

Na segunda-feira (18), ele usou o Palácio da Alvorada e a estrutura do governo para organizar uma reunião com embaixadores de diversos países, no intuito de previamente justificar um golpe de estado que planeja dar no país. Aproveitou para atacar o candidato Luis Inácio Lula da Silva, os ministros Edson Fachim, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.

Bolsonaro apresentou aos embaixadores as mesmas mentiras já totalmente desmoralizadas em outras ocasiões. Deixou claro que seu papel é evitar que as eleições ocorram.

Ao seu lado estavam presentes os ministros: Carlos França (Relações Exteriores, Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), Ciro Nogueira (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral) e Augusto Heleno (GSI).

Todos estes deveriam ser devidamente responsabilizados pelo crime de traição, em semelhança ao presidente.

Que Luís Eduardo Ramos e Augusto Heleno estivessem ali, é algo aceitável, pois são explicitamente meros golpistas reacionários, que não servem e nada ao país, a não ser ter ideias imbecis e ganhar salários que ultrapassam a casa dos cem mil reais mensais.

Porém, a presença de Ciro Nogueira, representante do “centrão político”, significa que também o Congresso apoia Bolsonaro em sua escalada golpista. O silêncio complacente do presidente da Câmara, Arthur Lira, é outro sinal de que a classe política apoia o golpe.

Há silêncio do mercado financeiro, e de instituições como Fiespe, Febraban e outros.

Todos acreditam que caso Bolsonaro assuma seu lugar como o ditador do regime militar do Brasil, serão beneficiados. A história nos deixa centenas de exemplos que comprovam que eles estão completamente errados. Ninguém se beneficia de um golpe antidemocrático, a não ser o próprio ditador. E em certos casos, nem mesmo este está totalmente seguro contra golpes dentro do golpe (que frequentemente ocorrem). O provável destino destes congressistas, em caso de um regime totalitário seria a perda dos direitos políticos e a possível estadia em algum presídio. Até mesmo os que não estão na estrutura do estado correm risco de acabar sendo encarcerados ao prazer do futuro ditador.

 

Bolsonaro fareja a derrota. E age de forma desesperada. Ao fim da fatídica palestra, esperou aplausos da plateia. Afinal, quem não aplaudira uma mente tão iluminada? 

Os aplausos vieram, mas após quase um minuto de espera e silêncio constrangedor onde Bolsonaro perdeu a ação. Seu olhar perdido me deu vergonha. Não tive pena, pois ele é muito mais impiedoso do que eu. Somente vergonha.

Bolsonaro sabe que a cadeia o espera. Assim que terminar o mandato, a justiça não poderá deixar impune seu comportamento de marginal. A não ser em caso de uma anistia moderna.

E pasmem, se o golpe não prosperar, e Lula ou outro qualquer vencer Bolsonaro nas urnas, tenho sérias desconfianças que Bolsonaro passará fezes nas paredes do Palácio da Alvorada antes de entregar ao seu sucessor.

Pode parecer exagero, mas a patologia e a falta de caráter de Bolsonaro avalizam minha desconfiança.

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