sábado, 25 de janeiro de 2025

Complexo de Vira-Lata

Por complexo de vira-lata entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. O brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a autoestima.

(Nelson Rodrigues)


Eu ainda fico impressionado com o tamanho da capacidade do complexo de vira lata do brasileiro e brasileira medíocre.

Não aplaude um filme tão bem feito como “Ainda estou aqui” mas bate palma para qualquer enlatado estrangeiro, de preferência estadunidense.

Não quer enxergar de fato o real potencial das nossas riquezas em favorecimento da riqueza de terceiros que não estão nem aí para nós. 

Essa mesma rede medíocre que presta continência para a bandeira dos EUA, que implora para um convite (e são recusados) para a posse de Donald Trump e comemoram tomando neve na cara fazendo lives nas redes sociais.

Para Nelson Rodrigues, a “síndrome de vira- lata” descrevia o sentimento de inferioridade cultural e social que, segundo ele, impregnava o imaginário brasileiro, levando-o a enxergar o país como incapaz de competir de igual para igual com o resto do mundo.

Assim, “complexo de vira-lata” seria a ideia que muitos brasileiros têm, mesmo que não saibam ou não admitam, de que o Brasil, no fundo, é uma coisa meio fuleira, como cigarro falsificado contrabandeado do Paraguai ou como os cachorros “vira-lata” de rua, sem pedigree, sem eira nem beira.

Seria um complexo de inferioridade, uma baixa autoestima, uma sina de derrotado. E, para complicar, misturada com a ideia de ser grande: um destino ou vocação que nunca se realiza…

Em suma, um misto de esperança e desespero, de sonhar grande e apatia, de mania de grandeza e puxa-saquismo – tudo junto e misturado.


TEXTO DE:

Thiago Muniz

Nenhum comentário:

Postar um comentário