terça-feira, 30 de julho de 2024

Fraude na Venezuela é fato, menos para alguns esquerdotolos

Edmundo González venceu as eleições na Venezuela, isso é fato. Porém, o ditador Nicolás Maduro, usou todo o aparato do governo pata praticar uma fraude debaixo dos olhos de todo o planeta.

O Conselho Nacional Eleitoral ( CNE ), que é submisso ao ditador, simplesmente fez desaparecer as atas de registros das urnas e declarou vencedor o facínora Maduro.

Bastou ser declarado de maneira fraudulenta como presidente reeleito, Maduro já acionou o exército e sua força de segurança para perseguir, prender e até mesmo matar.

O mundo não fará absolutamente nada. Assistirá ao massacre do povo venezuelano pelas mãos deste tirano, dando seus chiliques em notas inúteis de repúdio.

Doze países das Américas não reconhecem a vitória de Maduro.

Por outro lado, somente líderes nada democráticos parabenizaram Maduro pelo golpe vem sucedido: Daniel Ortega, o ditador orelhudo da Nicarágua; Putin, o ditador da Rússia; e o porta-voz da China, já que lá o ditador tem preguiça até de falar, enquanto o povo trabalha até 18 horas por dia.

Mas teve gente ruim contra Maduro também. O alucinado que recebe conselhos de cachorros mortos, Javier Milei, deu aquele show de bizarrice costumeiro.

Enquanto isso, o maior líder democrático da América, o presidente Lula, se faz de Soninha Toda Pura e evita comentar o ocorrido a Venezuela.

Lula sabe que Maduro é vagabundo, sabe que fraudou as eleições, sabe que está mandando prender e matando pessoas na Venezuela, mas mesmo assim, por motivos que só ele sabe, minimiza o que houve por lá.

Dá até para se pensar que Lula talvez considere exagero dizer que Bolsonaro também tentou algo parecido por aqui.

Vou terminar essa coluna com uma foto de um certo líder que foi preso e perseguido por um regime militar e que depois acabou sendo eleito dianteira democrática como presidente de seu país.

Anos depois este mesmo líder, sofreu um golpe judiciário, sendo preso sem provas e impedido de disputar as eleições de seu país, vendo logo depois o juiz que o condenou ir trabalhar como ministro do homem que ajudou eleger.

Será que Lula conhece ou mesmo se lembra deste líder?

Se lembrasse, talvez jamais apoiasse um canalha como Maduro.

Eis a imagem abaixo:

terça-feira, 23 de julho de 2024

Aniversário de 55 anos do homem na lua, onde na atualidade, o Chefe da Assessoria de Imprensa ganha bicho!

No dia 20 de julho de 1969, o astronauta Neil Armstrong, levado pela Apollo 11, foi o primeiro homem a pisar na lua. Há exatos 55 anos. Por causa disso, eu que na época assisti na televisão em preto e branco aquele desembarque, me tornei amante e estudioso dos foguetes. Tanto que sonhei na virada da noite de ontem para hoje, que estava na lua, participando de acontecimentos únicos.

Por favor, sentem-se para não caírem no chão, estupefatos de emoção com uma das minhas descobertas: na lua tem futebol e os lunáticos torcem muito pelos seus clubes. Inclusive tem um clube que tem uma torcida fanática com uma cara própria, aguerrida, ilusa, onde inclusive os mais jovens tem como vocação levar chifres na cabeça: O Lua Nova Futebol Clube.

Só que o Lua Nova nesse momento atravessa uma crise, em todas as suas frentes. Dentro e fora dos terrenos de jogo. A principal delas é o somatório da falta de ética, de princípios, de transparência.

Pois bem, vou contar um pouco das características do Lua Nova Futebol Clube para vocês:

Imaginem um clube de futebol, semi falido, com dívidas crescentes, com uma gestão inconsequente, incompetente e irresponsável. Contas maquiadas, com dinheiro mal gasto, adiantamento de verbas sem o devido aval de quem deveria cuidar das finanças com esmero. Aliados a isso, investimentos mal feitos, de valores exorbitantes e fora do mercado (isso sem falar nas comissões). Passos maiores do que as pernas, mas que não resistem às declarações do imposto de renda lunático se comparadas com o volume dos cartões de crédito e as suas cartas de vinhos feitas das melhores uvas de kriptonita, cultivadas nos anéis de Saturno!!!

Aliado a isso, esse clube vende uma falsa imagem de liberdade, de engajamentos nas questões básicas da sociedade. Clubinho paz e amor. Tudo zen!

Por outro lado, a história na terra ensina que, de 1933 a 1945, o político alemão e filologista Paul Joseph Goebles, também Ministro da Propaganda Nazista, determinou, de forma absoluta, os caminhos da imprensa, da arte e informação alemã. O tal de “pensamento único”, que costuma a tratar o contraditório, à base de difamações, descréditos, assassinatos de currículos e, se preciso for, extrema putaria. E, principalmente, inventa as suas falsas verdades.

Pois bem, o tal clube lacrador lá da lua, o da paz e do amor, quase 80 anos depois, repete os rituais mentirosos, deturpados e falsos, utilizados na terra pelo Zezinho alemão. A ditadura, censura e controle de toda a informação. E para isso, para sua divulgação, tem uma tropa de tapados cujos interesses são diferentes do que os desejos de bola na rede.

Repito: Imaginem um clube de futebol, semi falido, com dívidas crescentes, com uma gestão inconseqüente, incompetente e irresponsável. Contas maquiadas, com dinheiro mal gasto, adiantamento de verbas sem o devido aval de quem deveria cuidar das finanças com esmero. Aliados a isso, investimentos mal feitos, de valores exorbitantes e fora do mercado (isso sem falar nas comissões). Passos maiores do que as pernas, mas que não resistem às declarações do imposto de renda lunático se comparadas com o volume dos cartões de crédito e as suas cartas de vinhos feitas das melhores uvas de Kriptonita, cultivadas nos anéis de Saturno!!!?

Imaginaram???

Agora acrescente nessa lunática bagunça financeira, que o chefe da assessoria de imprensa do Lua Nova ganha 94 mil reais por mês e que nunca chutou 2 bolas na vida... “Cá pra nós”... Que multinacional aqui na terra paga esses valores no Brasil ao chefe da assessoria de imprensa? A Coca-Cola? A Nestlé? A Volkswagen? Ou até mesmo nas brasileiras Petrobrás e Ambev esse salário existe?

Mas esse clube lunático paga! Com um adendo: o chefe da assessoria de imprensa, que nunca chutou 2 bolas na lua, recebe bicho, premiação, a cada vitória do time do Lua Nova Futebol Clube.

Do nada descobri que não fui à lua de foguete e sim embarquei na música e na poesia do genial Guilherme Arantes, o “Lindo Balão Azul”. Por mais que dê voltas à minha cabeça, fico na dúvida: se “Eu vivo sempre no mundo da lua, tenho alma de artista, sou um gênio sonhador e romântico” ou se tem gente lunática que prefere “brincar de esconde-esconde numa nebulosa”, de forma não transparente, a amar de forma graciosa o Lua Nova Futebol Clube?

O Presidente do Lua Nova Futebol Clube, um marciano que caiu de paraquedas na lua, também conhecido como Jacuguaçu, ave da família Penélope Obscura, está muito preocupado com a sua vertiginosa queda de popularidade. Haja pesquisa - fizeram duas (uma quantitativa e outra qualitativa. Apesar de que a sua vaidade é maior do que o seu espelho, como extraterrestre que é não aguentará ser vaiado no Craterão (o estádio do Lua Nova Futebol Clube). Por isso, desde já está se vestindo com a fantasia do bom moço, adepto das conversas de pé de ouvido.

Penso numa viagem como a da Apolo 13, que deverá acontecer no final de 2025, coincidindo com mudança de presidente no Lua Nova Futebol Clube. O novo astronauta que assumirá a presidência, ao conhecer a tragédia financeira do Lua Cheia, do quanto rasgaram de dinheiro, das bombas relógios e dos esqueletos que serão encontrados e fundos falsos de gavetas, já preparou o seu discurso de renúncia:

- "Houston, we’ve had a problem" (“Houston, tivemos um problema”).

Não me questionem sobre o que é ficção ou realidade. Reafirmo que sou um amante e estudioso dos foguetes. Isso me ensinou as 7 razões do problema na Apollo 13. Pra começar e pra terminar, a culpa nunca foi, nem será do piloto da nave espacial (é o que dizem os manuais vendidos em fascículos nas bancas de jornais).

Finalizo com uma lembrança de um pensamento do filósofo Ibraim Sued e o dedico à diretoria do Lua Nova Futebol Club: "Olho vivo, que cavalo não desce escada"!

Fui!


TEXTO DE:
Antonio Gonzalez


quinta-feira, 18 de julho de 2024

Marisa Monte: Histórias curiosas por trás de cinco músicas

Marisa Monte é uma das maiores cantoras do Brasil, e não será exagero dizer do mundo.

Neste especial, trazemos algumas particularidades de cinco de seus maiores sucessos. Cinco histórias simpáticas sobre músicas da maravilhosa cantora.

GENTILEZA

Você pode ter visto as placas de "Gentileza gera Gentileza" em várias cidades brasileiras, sem saber a história por trás da frase. Esse era o lema do Profeta Gentileza, cujo nome civil é José Datrino.

A partir de 1980, ele fez inscrições artísticas em verde e amarelo nas pilastras do Viaduto do Gasômetro, no Rio de Janeiro. Eram críticas sociais e propostas para uma vida com mais respeito e bem-estar. Anos mais tarde, as artes foram apagadas com uma tinta pela Companhia de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro. E assim surgiu a inspiração para a música Gentileza, de Marisa Monte.

"Apagaram tudo // Pintaram tudo de cinza // Só ficou no muro tristeza e tinta fresca // Nós que passamos apressados // Pelas ruas da cidade // Merecemos ler as letras e as palavras de Gentileza"

A letra é um protesto ao estilo de vida frio das grandes cidades, em que muitas vezes a gentileza fica em segundo plano. O clip completa a mensagem da composição, com imagens do Profeta Gentileza em meio as cenas do cotidiano da capital carioca.

AMOR I LOVE YOU

Há 25 anos, nascia a atriz Clara Buarque, filha do cantor Carlinhos Brown com Helena Buarque, e, também, a fonte de inspiração para o hit Amor I Love You. A música é uma composição de Marisa Monte com o artista, que é parceiro dela na banda Tribalistas.

Considerada uma das melhores músicas da cultura pop brasileira dos anos 2000, a letra é uma declaração de amor. O sucesso foi tanto que Amor I Love You recebeu uma indicação ao Grammy Latino, na categoria de Melhor Canção Brasileira.

De acordo com a própria Clara, a canção foi escrita em homenagem a ela. Ao responder um perfil nas redes sociais, em 2021, a atriz confirmou que o pai e Marisa escreveram a música para ela "quando estava na barriga da mãe".

A música conta ainda com um trecho do livro O Primo Basílio, de Eça de Queirós, recitado por Arnaldo Antunes,  que também integra os Tribalistas. A obra é uma crítica às famílias burguesas urbanas no século XIX, que escondiam os problemas para viver de aparência.

No Twitter, Marisa disse que o trecho lido "descreve a sensação da personagem Luísa ao se apaixonar". O clip também mostra imagens de um casal e figurinos do século XIX.

JÁ SEI NAMORAR

Um dos maiores hits dos Tribalistas quase ficou "esquecido", nas palavras de Marisa. Em entrevista dada ao programa Conversa com Bial, ela revelou ter enviado duas melodias para Arnaldo Antunes em uma fita cassete. Uma delas se tornou o sucesso Beija Eu, do primeiro álbum de estúdio da cantora.

"A outra ficou pra lá. Quando eu fui para Bahia, sei lá, dez anos depois, para gravar com eles ( Arnaldo e Brown ), eu, claro, vasculhei e levei essa fita cassete. E falei que tinha outra música aqui na fita. Era Jásei namorar. Eu e o Brown fizemos essa primeira frase, o Arnaldo chegou e a gente terminou junto".

VILAREJO

O álbum Infinito Particular, lançado em 2006, exaltou Marisa Monte como compositora. Todo o projeto foi escrito por ela ao lado de outros artistas. É nele que está a música Vilarejo.

A letra foi composta ao lado dos amigos da banda Tribalistas, Brown e Antunes, e Pedro Baby, filho de Baby Consuelo e Pepeu Gomes. E, de acordo com a artista, a canção fala sobre uma utopia.

"Vilarejo é um local imaginário, mora no sonho, dentro de cada um de nós. Cada um de nós tem uma recordação de algum lugar que dá aquela sensação, conforto, aquela alegria e aquele prazer de estar naquele vilarejo, mas ele está dentro da gente te mesmo", explicou.

Apesar da melodia e das mensagens alegres, o clipe é bem sombrio. Em meio a cenas de Marisa tocando um violão, há imagens tristes, como guerras, pessoas passando fome, e desigualdade social, em um filtro preto e branco.

A música tem um simbolismo especial para Marisa. Nas redes sociais, ela compartilhou o comentário de uma seguidora sobre a experiência de ser mãe com Vilarejo ao fundo.

DÉJÀ VU

Presente no mais recente álbum da cantora, Portas, a canção Déjà Vu é resultado de uma parceria com Chico Brown, filho de Carlinhos Brown e neto de Chico Buarque. Em entrevista ao O Popular, o cantor disse que escreveu os cinco primeiros versos da música, inspirado por ritmos africanos.

Marisa e Chico finalizaram a faixa por telefone. "Eu mandei (whats app), um arranjo cantando a melodia em versos, toquei instrumentalmente. O que era o final de uma música, ela transformou em refrão", disse na entrevista.

A parceria se repetiu em outras quatro músicas do Portas, como é o caso de Em Qualquer Tom. Brown revelou que começou a escrever a faixa, mas não conseguia finalizar, nem com a ajuda do avô.

Foi só mostrar a canção para Marisa, que Em Qualquer Tom nasceu. "(Compor com a) Marisa é uma coisa muito coletiva e mágica por mais que a melodia já esteja entrelaçada ou seja um quebra-cabeça que a gente vai montando junto. É sempre uma troca muito bonita, genuína", contou o artista.

FONTE

segunda-feira, 15 de julho de 2024

Donald Trump: atentado, fake ou algum amante revoltado?


1
Trump apelou ao modo “a lá Bolsonaro”, inventou o tiro fake na orelha a vai mandar atestado médico até as eleições, não vai comparecer mais a debates e só vai aparecer em alguma entrevista se o jornalista for seu súdito.

2
A extrema direita se comunica pelo mundo afora, já iniciaram a campanha de canonização de Trump; a começar por Bolsonaro e Milei, seus “baba-ovos” principais. São métodos e passos sincronizados.

3
O atirador identificado era um vagabundo membro do partido Republicano, ou seja, a própria extrema-direita é capaz de se auto destruir e se odiar.

TEXTO DE:
Thiago Muniz

domingo, 7 de julho de 2024

"O Avesso da Pele" em Mato Grosso do Sul

No começo do mês de março de 2024, passou a circular nas redes sociais e pela mídia um vídeo atribuído à Profa. Janaína Andréa Halmenschlager Venzon, diretora de uma escola pública localizada em Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul (1).

No vídeo, ela apresenta um alerta sobre o livro “O Avesso da Pele”, publicado em 2020 e vencedor do Prêmio Jabuti em 2021, escrito pelo Prof. Dr. Jeferson Tenório, renomado escritor e ativista carioca radicado em Porto Alegre (2).

Segundo a crítica apresentada pela diretora, que até então assume não ter lido o livro em sua totalidade e com a devida atenção, a publicação traria um vocabulário de baixo calão e apresentaria narrativas sobre cenas de sexo e a sexualização de certos personagens (3).

Disse que estaria preocupada com os estudantes e lamenta que o governo federal, através do Ministério da Educação, tenha adquirido a obra literária para ser trabalhada com discentes do ensino médio.

Na ocasião, ainda sugeriu que os duzentos exemplares enviados à escola fossem recolhidos. Com essa atitude, ela manifesta o seu compromisso com a educação dos estudantes do estabelecimento escolar sob sua direção.

Tão logo o vídeo veio à tona, a apreciação veiculada pela referida diretora passou a funcionar como combustível na fogueira da estapafúrdia polarização odienta e maniqueísta que assola a sociedade brasileira: “esquerda” versus “direita”.

A bem da verdade, o romance “O Avesso da Pele” é uma obra de ficção que trata de vários assuntos correlacionados entre si, como, por exemplo, racismo, violência policial, qualidade da educação pública, precárias condições de ensino e desigualdades enfrentadas por estudantes e docentes.

Um tema abordado pelo autor do livro diz respeito à trágica herança da escravidão e, consequentemente, do racismo estrutural que assola o Brasil e a todo o continente americano desde 1492.

Significa dizer que em sua premiada publicação, o Prof. Dr. Jeferson Tenório trata do racismo que, ao mesmo tempo, estrutura relações sociais assimétricas de poder, exploração e dominação, e formas conscientes e inconscientes de pensamento (4).

Como dizia Nelson Mandela, ninguém nasce racista, isto é, ninguém nasce odiando outra pessoa por conta de sua cor da pele, origem etnicorracial e/ou religião. As pessoas aprendem a odiar e a serem racistas a partir do meio social em que vivem.

Da mesma forma, podem ser ensinadas a amar e a serem solidárias umas com as outras, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto, como defendia o líder sul-africano.

Paulo Freire, educador brasileiro muitíssimo prestigiado internacionalmente, já falava sobre isso de outra maneira, ao defender uma educação amorosa para mudar positivamente a sociedade brasileira e o mundo. Portanto, como ninguém nasce racista, torna-se correto afirmar que as pessoas aprendem a ser racistas na vida em sociedade, como nas famílias, escolas e redes sociais, dentre outros lugares físicos ou virtuais.

O racismo e a ideia  de raça ou racialização são invenções do colonialismo e do imperialismo criados na Europa. São produtos de séculos da escravidão de pessoas negras e indígenas, genocídio, usurpação de territórios dos povos originários e, consequentemente, a exploração de milhões de pessoas e imensos recursos ambientais na América Portuguesa.

Embora a escravidão tenha sido oficialmente abolida em 1888, o Estado nacional ainda não conseguiu se retratar à altura com a população negra e indígena, que forma a maioria das pessoas pobres e vítimas de várias formas de violência no país. No entanto, esta realidade, que é trazida à tona na obra “O Avesso da Pele”, especialmente para tratar da população negra, não teria sensibilizado aquela diretora, que, salvo melhor juízo, não fez qualquer vídeo com comentário público a respeito do assunto.

Diante das repercussões da polêmica, das vinte e sete unidades da Federação, até pouco tempo apenas três tinham deliberado pela retirada dos exemplares do livro das bibliotecas de escolas públicas. Dentre elas, está o estado de Mato Grosso do Sul, o “Texas brasileiro” ou o estado onde quem não tem boi seria boi, como dizem alguns escritores regionais.

Na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, o assunto foi tratado de afogadilho. Coube ao deputado Prof. Rinaldo Modesto levar a questão a seus pares. Segundo ele disse: “Não podemos permitir o acesso dos alunos ao livro com uma linguagem pornográfica. Isso representa a banalização do sexo e não tem relação com discriminação”.

Na ocasião, a deputada Lia Nogueira afirmou o seguinte: “O livro é nojento. Não trata de educação sexual, mas trata o sexo de forma banal”. O deputado Caravina, por sua vez, posicionou-se da seguinte maneira: “Defendo que todos os exemplares sejam devolvidos, pois não tem cabimentos [sic.] os alunos terem acesso a um material de baixo nível. Embora, tenha se limitado a ler apenas duas das 100 páginas [sic.] do livro.

Outra parlamentar, Mara Caseiro, acompanhou a posição de seus colegas: “Quem quiser ler a obra, pode comprá-la em qualquer livraria, mas a distribuição nas escolas não podemos admitir. O palavreado vulgar usado realça a mais triste condição humana”.

Já o deputado Zé Teixeira, esclareceu que “viu” o discurso de um deputado da Assembleia Legislativa de Goiás e concluiu que “aquele livro não aceito para minhas crianças” (5).

Em consequência disso, o governador do estado, Eduardo Ridel, ao acolher as críticas enviadas pelos parlamentares contrários à obra, determinou que todos os exemplares do  livro fossem recolhidos de setenta e cinco escolas públicas estaduais.

Observa-se aqui que tanto aquela diretora sul-rio-grandense quanto o governador e os citados deputados estaduais de Mato Grosso do Sul não leram atentamente “O Avesso da Pele”, tampouco podem ser considerados críticos literários.

Mesmo assim, desqualificaram e condenaram a obra sob alegação de defenderem a moral e os bons costumes que deveriam nortear a formação de estudantes em escolas públicas estaduais. Ao fazerem isso, involuntariamente também promovem a divulgação e a vendagem do livro.

Paradoxalmente, muitos parlamentares sul-mato-grossenses ou radicados em Mato Grosso do Sul, autodeclarados como de direita e defensores da moral e dos bons costumes da família tradicional, promoveram um silêncio ensurdecedor quando um pedreiro autoidentificado como bolsonarista, acostumado a promover apologia à supremacia branca nas redes sociais, deu uma espécie de safanão numa criança negra, conforme noticiado pela imprensa: “O pedreiro bolsonarista Kelver de Miranda, de 32 anos, agrediu uma garotinha de 4 anos na 2ª. feira (11.mar.24), dentro Escola Municipal Professora Iracema de Souza Mendonça, no Bairro Universitário, em Campo Grande (MS).

Nas redes sociais, Kelver defende ideias da extrema direita, deixando claro que é racista e pró-nazismo. Para agredir a garotinha, o homem invadiu um espaço proibido para adultos, ofendendo funcionários da escola.

O ataque de fúria de Kelver ocorreu após a aluninha negra dar um abraço de bom dia no garoto, seu filho, um garotinho branco”(6). Inicialmente, o caso foi tratado como “contravenção” e não como crime de racismo (7). Contudo, a OAB teria se comprometido a analisar a denúncia de racismo contra a criança negra de apenas quatro anos de idade (8).

O caso ocorrido em Campo Grande é emblemático para a constatação apresentada anteriormente, qual seja: ninguém nasce racista, pois as pessoas aprendem aprendem a ser racistas na vida em sociedade, assim como podem aprender a ser solidárias e amorosas entre si. Portanto, ao se abraçarem fraternalmente, as duas crianças deram provas de que a cor da pele não importaria para uma amizade infantil.

Quem agiu de forma preconceituosa foi o pai do menino, que no dia 11 de outubro de 2018 teria feito uma postagem criminosa nas redes sociais com sua própria imagem em pose de suposto militar, na qual há dois cartazes com os dizeres "Morte a Negrada. Bolsonaro Presidente", sendo um com a imagem da suástica nazista e outro com a de um revólver (9). No caso, importa registrar que a apologia ao nazismo é considerado crime à luz da legislação brasileira (Lei n° 7.716/1989).

Em suma, percebe-se que o que mais tem incomodado algumas pessoas em relação ao "O Avesso da Pele" não são as palavras registradas em algumas de suas páginas, haja vista que seus críticos mais ferrenhos sequer o leram atentamente. Fosse apenas por aversão a palavras de baixo calão, extremistas não teriam feito campanha e votado em certo ex-presidente inelegível.

O incômodo não explicitado e, portanto, subliminar, reside no fato da premiada obra ter sido escrita por um reconhecido professor, escritor e ativista negro, cujas ideias não coadunam com certos ideais moralistas defendidos por falsos patriotas e pseudonacionalistas.

Soma-se a isso o fato de a publicação abordar a temática do racismo estrutural e outros problemas que assolam a maioria da população brasileira, constituída por pretos, pardos e indígenas.

Ocorre que no Brasil e em outros tantos países, como a Espanha, ser negro, talentoso e antirracista incomoda a muitas pessoas. Os casos de racismo registrados contra o jogador Vinícius Júnior, atacante do Real Madrid, estão aí para dirimir dúvidas.

Nota-se ainda que em Mato Grosso do Sul foi instalada, pois, uma espécie de censura dos tempos do chumbo. Daqui em diante, escritores como Aluízio de Azevedo, Jorge Amado, Gilberto Freyre, Darcy Ribeiro e muitos outros poderão ser censurados e recolhidos da biblioteca de escolas públicas.

Os censores de agora são idênticos aos incautos dantes e apoiadores da ditadura militar. O que desejam é tão somente transformar trabalhadores e cidadãos em bois mansos para neles colocar a canga da subalternidade colonialista, agora travestida com outras roupagens.


TEXTO DE:

Paulo Marcos Esselin

professor aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul ( UFMS )


Referências:

(1) Vídeo “Polêmica: Livro ‘O avesso da pele’ será recolhido de escolas”. Publicado no canal Planeta News, São Luiz, 7 mar. 2024. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FQ0nl78X5ZA. Acesso em: 23 mar. 2024.

(2) TENÓRIO, Jeferson. O avesso da pele. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.

(3) KOBER, Julian. Entenda a polêmica envolvendo o livro “O Avesso da Pele”. Portal Gaz, Santa Cruz do Sul, 4 mar. 2024. Disponível em: https://www.gaz.com.br/entenda-a-polemica-envolvendo-o-livro-o-avesso-da-pele/#:~:text=“O%20Avesso%20da%20Pele%20foi,descrever%20cenas%20de%20atos%20sexuaisAcesso em: 23 mar. 2024.

(4) Para saber mais sobre o assunto, ver: EREMITES DE OLIVEIRA, Jorge; DIALLO, Alfa Oumar. Racismo estrutural e carreiras jurídicas publicas no Brasil. Cadernos do LEPAARQ, Pelotas, 20 (39): 321-346, 2023. Disponível em: https://www.academia.edu/104037618/Racismo_estrutural_e_carreiras_jurídicas_publicas_no_Brasil. Acesso em: 26 mar. 2024.

(5) GIMENES, Heloíse. Deputados estaduais repudiam distribuição de livro “O Avesso da Pele”. A Crítica, Campo Grande, 5 mar. 2024. Disponível em: https://www.acritica.net/editorias/politica/deputados-estaduais-repudiam-distribuicao-de-livro-o-avesso-da-pele/723420/. Acesso em: 3 abr. 2024.

(6) PAI bolsonarista agride garotinha negra que abraçou seu filho na creche (vídeo). MS Notícias, Campo Grande, 12 mar. 2024. Disponível em: https://www.msnoticias.com.br/policia/pai-bolsonarista-agride-garotinha-negra-que-abracou-seu-filho-na/147434/. Acesso em: 3 abr. 2024.

(7) JESUS, Marta de. Episódio de pai que deu safanão em aluna de 4 anos é tratado como contravenção. Primeira Página, Campo Grande, 13 mar. 2024. Disponível em: https://primeirapagina.com.br/seguranca/episodio-de-pai-que-deu-safanao-em-aluna-de-4-anos-e-tratado-como-contravencao/. Acesso em: 3 abr. 2024.

(8) ZURUTUZA, Anahi. OAB vai analisar denúncia de racismo contra criança. Campo Grande News, Campo Grande, 20 mar. 2024. Disponível em: https://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/oab-vai-analisar-denuncia-de-racismo-contra-crianca. Acesso em: 3 abr. 2024.

(9) TEODORO, Plínio. “Morte à negrada. Bolsonaro presidente”, diz post nazista de agressor de menina de 4 anos. Revista Fórum, São Paulo, 14 mar. 2024. Disponível em: https://revistaforum.com.br/brasil/2024/3/14/morte-negrada-bolsonaro-presidente-diz-post-nazista-de-agressor-de-menina-de-anos-155669.html.