sexta-feira, 7 de março de 2025

Precisamos Modernizar Ainda Mais o Carnaval

Durante muitos anos, escrevi artigos sobre a necessidade de os desfiles das escola de samba no Sambódromo serem realizados em três dias. Finalmente, isso aconteceu este ano e, sem dúvida com muito sucesso.

Meu argumento era óbvio e se confirmou na prática. Toda infraestrutura do Sambódromo já estaria montada, e o impacto positivo de mais de um dia no chamado Grupo Especial da Liesa traria ganhos econômicos significativos para o evento, tanto pelo aumento na arrecadação de bilheteria quanto pela maior comercialização de camarotes e produtos. Além disso, ampliaria a visibilidade dos patrocinadores - tudo isso com uma medida simples e um custo marginal bastante baixo. Ou seja, com uma pequena mudança, tivemos um aumento de 50% na oferta do principal produto dos desfiles: o Grupo Especial.

A decisão acertada do novo presidente da Liesa, Gabriel David, embora tenha recebido críticas de alguns seguimentos, é extremamente positiva. No entanto, acredito que alguns ajustes poderiam ser feitos, e deixo aqui minhas sugestões. Tenho certeza de que o prefeito Eduardo Paes trabalhará em sinergia para aprimorar esse modelo.

O formato de três dias, com 12 escolas, ainda é insuficiente para evitar que algumas agremiações tradicionais sucumbam no futuro, especialmente diante do fortalecimento de novas escolas, não apenas da Baixada Fluminense ( Caxias, Belfort Roxo e Nilópolis ), mas também da região leste da Baía de Guanabara ( Niterói, São Gonçalo e Maricá ), que chegam com alto poder financeiro.

Dessa forma muitas escolas tradicionais do Carnaval, fortemente ligadas à cultura do samba, especialmente da capital - como União da Ilha do Governador ( com alguns dos sambas mais icônicos do Carnaval ), Estácio de Sá, São Clemente, Tradição, Império Serrano, Caprichosos de Pilares, entre outras - terão dificuldades para retornar ao Grupo Especial e tendem a desaparecer. O enfraquecimento dessas escolas teria um impacto cultural e social profundo, especialmente nas comunidades onde estão inseridas, pois elas funcionam como centros de encontro, lazer e valorização da cultura do samba. Diante disso, acredito que o modelo de três dias deveria evoluir de quatro para cinco escolas por dia, ampliando o Grupo Especial de 13 para 15 escolas.

Nessa nova composição, poderíamos inovar com a criação de um prêmio para cada dia de desfile (como se fossem chaves eliminatórias) e, no último dia - sábado, no Desfile das Campeãs -, teríamos a escolha do "Supercampeão", reunindo as três vencedoras de cada noite, que desfilariam junto com a escola vencedora do Grupo Série Ouro.

Esse último dia poderia incluir, além do desfile, uma grande roda de samba ou um show especial para o anúncio do resultado final, transformando o evento em uma verdadeira apoteose.

Toda grande festa precisa se modernizar e não pode se resumir a uma mera competição.

O desfile das escolas de samba na Marquês de Sapucaí impulsiona e fortalece a cultura do samba e do Carnaval ao longo do ano em diversas comunidades. No entanto, à medida que essas escolas perdem seu espaço de destaque, vão se enfraquecendo, especialmente pela falta de seus históricos patronos.

O novo presidente da Liesa, Gabriel David, mesmo enfrentando algumas resistências, tem o vigor da juventude. Com o apoio do prefeito Eduardo Paes, certamente estará aberto a novas propostas e deve considerar essa situação. Caso contrário, há um grande risco de que muitas escolas tradicionais deixem de existir no futuro.

TEXTO DE:
Wagner Victer
Engenheiro, Administrador, Jornalista

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