terça-feira, 8 de setembro de 2015

Cidade dos Anjos

Campo Grande
Campo Grande chegou a passar por dias como a bela Berlim do romance Der Himmel über Berlin ( escrito e dirigido por Wim Wenders, 1987 ), onde almas perdidas sofriam e se desesperavam em silêncio.
Porém este romance teve um remake de Brad Silberling ( Cidade dos Anjos, 1998 ), e quem sabe Campo Grande possa passar por uma releitura também.
Uma releitura não só na esfera política mas em todos os aspectos que regem a vida dos moradores e até dos turistas da capital do estado.
Quando vemos pessoas reclamarem que não há um só local para lazer cultural na cidade, ficamos pessimistas, mas quando descobrimos que quando o povo nas ruas se refere a lazer cultural como única e exclusivamente um palco duas caixas de som e uma dupla sertaneja qualquer, nos desesperamos.
Tudo vazio...
Tudo nesta cidade está triste e sem cores. Não se tem nada que possa ser apontado como um horizonte de esperanças, que possa mudar este quadro.
Um vazio.
Mas como nos limitamos a falar de política, logo pensamos que não há nenhuma pessoa hoje que agrade a gregos, troianos, vândalos e visigodos.
Sabemos somente que Gilmar Olarte, hoje sem partido, jamais será eleito para prefeito de Campo Grande. Fora isso, não temos nenhuma certeza.
Será que Alcídes Bernal conseguiria se eleger? Mesmo tendo sido vítima de uma conspiração digna de um pastelão argentino?
Dificilmente, pois a turma do revanchismo que vibrou quando ele perdeu o cargo ainda é muito numerosa, e não dará o braço a torcer mesmo vendo desmoronar o castelo de mentiras criado ao redor dele.
- Não, você eu não quero...
Nos sobra as velhas e mesmas ultrapassadas opções: Nelsinho Trad, Edson Giroto, Carlos Marun, Marquinhos Trad, Suel Ferrante, e até mesmo Rose Modesto que poderia tentar usar o cargo de vice-governadora para alcançar a prefeitura.
Nada de novo, nada que prometa realmente um futuro real para a cidade.
E isso é muito ruim se pensarmos que a capital ajudaria a alavancar o interior.
Nada haveria de pior em dar novamente a cidade nas mãos da família Trad que pode até mesmo tentar com dois candidatos de uma vez: Nelsinho e Marquinhos.
Não podemos também contar com aqueles que todo ano colocam seus nomes a disposição, como Edil Albuquerque, Paulo Siufi, Luís Mandetta, pois estes estão atravessando uma fase de vida política horrorosa.
- Quero voltar...
Teremos pelo visto uma disputa muito assombrada, onde nomes como o rato-que-abandona-navio Ricardo Ayache pode tentar usar seu nome na frente da Cassems para angariar votos. Apenas uma suposição, já que o mesmo ainda não definiu nada.
A disputa será centralizada entre PT, PSDB e PMDB, tendo Nelsinho como o cavalo que correria por fora, somado talvez ao Psol e ao PV. Talvez surja alguém do Prona que sempre aposta em vôo solo.
- Se não for eu, que seja meu irmão...
O PSDB deve mesmo apostar em Rose Modesto, já que esta ocupa o segundo maior cargo que o partido tem hoje.
Já o PMDB pode definir seu candidato na base da bala, pois todo mundo quer ser candidato pela sigla, e Marquinhos Trad ainda não saiu de lá, mas Marun já deu recado durante o desfile do dia 7 que é um pré-candidato, já deixando claro que quer a cadeira. Ainda há o fantasma Giroto rodeando por ali...
Já o PT terá uma dura missão: quem terá a coragem de tentar vencer não só a eleição como também derrubar esse momento atual definido como "todos contra o PT".?
O partido vem sofrendo uma perseguição idiota não por parte do povo, pois este tem direito de gostar e não gostar de quem quiser, mas uma perseguição sim dos grande canais de comunicação.
As TVs, jornais e revistas de grande porte optaram pela indignação seletiva. Ou seja, o "roubo" do PT é sempre pior que o "roubo" dos outros. É claro, que como é o partido que ocupa a presidência da república sempre será o mais visado pela mídia, mas já está ficando ridículo este comportamento paranóico ( e que levará a muitos chingarem aqui, dizendo que estamos defendendo o PT e deveríamos ir para Cuba por isso, o que confirmaria a nossa teoria ).
Delcídio do Amaral, o mais tucano dos petistas teria coragem de tentar mais uma vez? Difícil, o melhor seria mudar esse cabelo "Antôniofagundânico".
- Não me vejo como traíra, mas me vêem como uma...
Pelo visto tudo que está acontecendo hoje no quadro político de Campo Grande, leva-nos a crer que um velho duelo do passado pode voltar a ocorrer.
José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, contra o italiano Andrea Puccinelli.
Os dois são os únicos nomes que podem unir dos dois lados um povo que hoje está disperso, no que se refere a política.
De um lado, uma pessoa que poderá levar o ódio "modinha" contra o PT ao nível máximo e atrair aqueles que temem a famosa invasão comuna que está atrasada desde 1959, e do outro um militante aguerrido que pode reacender a chama dos petistas e ainda atrair aqueles que sempre odiaram o italiano e creditam a ele todas as tragédias mundiais mesmo que ele nem sequer houvesse nascido quando ocorreram.
Uma luta que colocaria nas ruas bandeiras, carros de som, papelada, e gente rouca e nervosa. Tudo o que a lei não quer mais nem ouvir falar.
Se isso acontecesse, mesmo não sabendo qual dos dois sairia vencedor, só o fato de tirar de vez a possibilidade de um Trad voltar a ocupar o cargo de prefeito, já valeria a pena.
Não que tenhamos alguma coisa contra a família Trad, mas é porque não estamos mais na monarquia, e até onde sabemos eles não se chamam "irmãos Winchester" para viverem do "negócio da família".
- Vamos conversar?
Mas, esperemos, pois afinal, ainda há muita água para rolar debaixo dessa ponte.
E ainda bem que não é na Avenida Fernando Correia da Costa, senão desmoronava tudo de novo...

2 comentários:

  1. Boa crônica sobre o deserto cultural da cidade. O problema é que os virtuais artistas ou intelectuais querem fazer obras "para o mundo", isto quando um grande escritor aconselhou a alguém que "contasse a sua aldeia". Assim, o campograndense (ou de outras plagas, aterrado por aqui), como o brasileiro em geral, quer, com a sua primeira obra, já aparecer na Grobo (com r, mesmo!) e estourar na Internet como fenômeno mundial. Se isto não acontece, desiste de pronto, prova de que o brasileiro não desiste nunca... de cruzar os braços e esperar pelo milagre.
    Quanto ao jogo político, na atual fase nazi imposta pelos donos do Brasil (que não se sabe quem são, mas apenas que não moram ao sul do Equador), melhor o PT nem apresentar candidato majoritário, não se coligar com outros partidos (com exceção do PC do B), e contar com sua militância e simpatizantes para aumentar sua bancada municipal (sim, aumentar, pois as coligações para garantir governabilidade apenas transferem votos do PT para os coligados - vide eleição do insosso e biruta Dagoberto).
    Bom, não sou militante petista (nem de outro partido, Odin me livre!), mas é impossível não simpatizar com um partido que provoca tanto naziódio dessa gente que aparentemente pretende levar o país para o abismo.

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  2. Fico feliz que você tenha entendido onde o humilde e até mesmo ruim texto deste até mesmo indigno autor tentou chegar.
    A inclusão de um mero detalhe sobre a vida cultural em um texto político, foi uma pitada de ironia que queria levar o leitor a pensar sobre o assunto de forma inconsciente, e você o notou. Já posso me gabar de ter leitores bem mais inteligentes que muitos outros pseudo-autores inúteis como eu.

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