quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Marcos do Val, o arquétipo do mentiroso em pessoa

 

Quem se arriscou a escrever a História do Futuro, foi Padre Antônio Vieira. Eu jamais tentaria algo tão audacioso. Porém, quem leu a coluna anterior, onde alertei o fato de que o campo progressista estava perdendo o foco e correndo risco de sofrer algum golpe do movimento nazifarofeiro, deve ter visto as revelações do senador Marcos do Val (Phodemos) com olhos de desconfiança.

Vamos aos fatos. Acordei e me deparei com as notícias de que o senador havia durante a madrugada, aberto o bico e confessando a participação em uma tentativa de golpe de estado, e tentativa de incriminar o Ministro do Supremo Alexandre de Moraes. (E creia, parte do golpe ainda está em curso, e já explico). Ele havia sido convidado pelo ex-presidente Bolsonaro (aquele que não pode comer camarão que baixa hospital) e o ex-deputado preso hoje, Daniel Silveira (aquele que só não estava na cadeia porque recebeu indulto ilegal e inconstitucional de Bolsonaro), para uma reunião onde recebeu proposta de atuar como uma espécie de espião, e realizasse uma escuta ilegal na esperança de flagrar alguma confissão de Moraes que pudesse levar a anulação da eleição.

Assisti à entrevista coletiva do senador, e fiquei com a séria desconfiança de que havia algo de muito errado na sua versão.

Mais tarde, por acidente, acabei vendo ele novamente, desta vez ao vivo, na Globo News. E então, a desconfiança inicial, se converteu em uma desconfiança ainda maior de que, ou Marcos do Val tem uma memória muito pior que a minha, ou ele não sabe contar uma história, ou ele é um tremendo mentiroso.

Acabei me decidindo pela mistura das três alternativas.

Do Val, tem a memória tão ruim, que não lembrava o que havia dito para a revista Veja, depois não lembrava do que havia dito na coletiva, e quando finalmente falou aos entrevistadores da Globo News, sequer lembrava onde havia sido o encontro com o presidente.

Ele também não sabe contar uma história. Sua narrativa é tão contraditória que chega ao ponto de desmentir falas dele mesmo. Como na alegação de que Daniel Silveira teria dito que o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) estaria envolvido no esquema, para depois dizer que Silveira não havia citado o órgão, mas que ele concluiu por ele mesmo que o órgão estaria envolvido.

E por fim, posso afirmar com certeza de 99,9% que Do Val é um tremendo mentiroso.

Ele disse algumas verdades: que houve uma reunião com Bolsonaro e Silveira, é uma delas. Outra verdade dita por ele é a de que se fizesse a escuta, a gravação teria sido considerada ilegal. Isso não faz dele um mentiroso.

Mas o fato de ter dito que se negou a seguir com o plano é que faz dele um mentiroso.

Qualquer leitor de Agatha Christie ou Harlan Coben, perceberia a mentira no ato.

Marcos do Val mentiu quando disse que não aceitou realizar o crime. Ele apenas se negou a realizar a escuta ilegal, mas aceitou tentar outra estratégia.

Com o Plano A, pensado por Bolsonaro (pois nas mensagens trocadas entre Do Val e Silveira, há menção ao plano do "01", que é Bolsonaro) descartado. Eles partiram para o Plano B.

Marcos do Val aceita se encontrar com Alexandre de Moraes, e narrar ao ministro fatos sobre a reunião. A ideia era de que o Ministro acabasse agindo de forma ilegal, talvez pedindo que Do Val se reunisse com o presidente usando uma escuta, na tentativa de acusar o Ministro de crime contra o presidente da República.

Note, que o próprio Do Val, alega ter perguntado ao ministro se deveria ir à reunião com os dois acusados e como deveria agir. Provavelmente a reunião já havia ocorrido.

Porém, Do Val, ouviu do ministro Moraes que se ele não fizesse uma denúncia oficial, nada poderia ser feito.

O Plano A havia sido rejeitado, o Plano B havia falhado, então está em andamento o Plano C.

Este terceiro plano é a tentativa de tornar "parcial" o ministro Alexandre de Moraes nos inquéritos contra os crimes anti-democráticos. Do Val disse que trabalha com o Moraes e que tem uma relação estreita com o ministro, intermediando uma espécie de trabalho conjunto entre o Ministério Público de seu estado e o Ministro do Supremo. Eis outra história mal contada, portanto uma meia verdade ou mentira.

A grande mentira de Do Val é ter dito que não havia concordado em realizar o crime. Pois é justamente o que está fazendo agora.

Até por isso, não renunciou ao cargo como havia ameaçado, pois acredita que pode se esconder na imunidade parlamentar, caso o plano não tenha o fim previsto.

E seu delírio de grandeza não acaba por aí, ele ainda quer que o Senado Federal crie uma CPI para investigar os ataque do dia 8 de janeiro, para poder provar que tudo foi comandado pelo atual Ministro da Justiça, Flávio Dino. Esta é uma das teses mais ridículas do nazifarofismo.

Talvez e não possa provar nada disso que coloquei aqui, mas posso dizer que o que me levou a imaginar toda essa teia, foi uma frase que supostamente Moraes teria dito em sua conversa com Do Val: "toda informação é importante".

Este é um erro típico de mentirosos. Justificar uma coisa que não precisa ser justificada. No caso, a enorme vontade de Do Val em entregar tão facilmente a maior quantidade de informações possíveis. Partiu dele o desejo de entregar todas as informações, e não do Ministro Moraes, pois ele disse que já na reunião com os acusados teria pensado em passar as informações o mais rápido possível ao Ministro. Minha conclusão é que o Plano C, é de autoria intelectual de Do Val.

Nem preciso comentar a necessidade quase compulsiva do próprio Do Val em se apresentar como um bastião da honestidade, o tempo todo elogiando a si mesmo e a seu próprio trabalho. Sofre de déficit de atenção e demonstra uma masculinidade bem frágil.

Ele tenta envolver Moraes na trama de forma amadora.

A conclusão que fica de tudo isso é que eu realmente estava certo ao reclamar da lentidão da justiça em punir de uma vez todos os envolvidos nos crimes contra a democracia, contra o genocídio Yanomami, e outros.

Vejamos se agora, de um a vez por todas a promessa de fim de impunidade tão anunciada por Flávio Dino sai do campo da retórica.

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