segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Está Escrito

No mundo da contravenção, para manter o seu "império" funcionando tem que estar tudo controlado de maneira sólida e organizada. E a etapa de sucessão deve estar bem definida para que não haja percalços lá na frente. Mas nem todos os impérios entendem dessa maneira; seja por vaidades, ganância ou até a mesmo a sensação de invulnerabilidade páira neles.

A série "Tá escrito" do Globoplay mostra bem essa sensação de invulnerabilidade, nos clãs Andrade e Garcia, famílias poderosíssimas da contravenção carioca que literalmente mandavam soltar e prender quem eles quisessem. 

Ambos os patriarcas: Castor de Andrade e Miro Garcia; por serem poderosos tinham o dever de definir de maneira clara a sucessão do clã para que não houvesse os ruídos. Em tese já havia a sucessão em ambas as famílias. Na família Andrade havia a divisão dos negócios e na família Garcia havia o herdeiro natural na qual ficaria mais poderoso do que já era na época.

Na família Andrade; Castor já tinha o seu braço direito operador do jogo do bicho, seu sobrinho Rogério de Andrade, nas máquinas de caça níqueis quem operava era o seu genro Fernando Iggnácio.

Mas daí você pergunta: e onde se encontra o filho de Castor, Paulinho de Andrade? Paulinho era engenheiro, tinha escritório e era o braço direito de Castor no Carnaval da Mocidade Independente de Padre Miguel.

Parece muito bem definido a sucessão, não é vero?

Errado!

Faltou a definição com as cartas na mesa. Castor estava debilitado de saúde mas não contava em morrer em 1997, aquela velha sensação de invulnerabilidade.

Na família Garcia a situação era mais simples, porém não menos complicada. Miro tinha 2 filhos: Maninho e Bid. Maninho era amado e Bid o renegado. Maninho era tão amado que foi apadrinhado por outro bicheiro poderosíssimo de sua época: Ângelo Maria Longa, o Tio Patinhas.

Tio Patinhas não tinha filhos, assim que faleceu Maninho herdou os negócios do bicho de seu padrinho. Maninho não tinha nem 30 anos e era um dos homens mais poderosos da Cúpula do Jogo do Bicho.

Ganancioso, audacioso e perigoso, fazia questão de demonstrar o seu poder. Uma de suas demonstrações de poder foi a tentativa de dominar pontos de caças níqueis em territórios de outros contraventores, na zona oeste do RJ.

 Novamente a sensação de invulnerabilidade pairou no ar. Maninho ao sair da academia foi fuzilado impiedosamente. Para seu pai, Miro; uma dor intensa que suscitou tempos depois em sua morte. Em pouco tempo a família Garcia perdeu seu patriarca e seu herdeiro natural de maneira intensa.

Faltou clareza na definição de sucessão de ambos os clãs. Isso é só uma degustação do que conta na série, há muitos detalhes que podemos entender os ultimos 30 anos de eventos envolvendo essas 2 famílias mais famosas da contravenção carioca.


TEXTO DE:

Thiago Muniz

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