sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Acidente em Vinhedo: Uma tragédia que nos lembra outra

Foram 4 mil metros em 60 segundos.

A queda do avião da companhia aérea VOEPASS, de modelo ATR-72-500, tirou a vida de 61 pessoas. Eram 57 passageiros e 4 tripulantes.

O avião é o meio de transporte mais seguro do mundo, dizem. E estatístiente é mesmo.

O problema é que nós não voamos em estatísticas, mas em aviões.

E aviões caem.

Um avião nunca cai por causa de um único fator. Precisa haver uma série de fatores que se unam para que um avião caia. Por exemplo, uma turbulência não é suficiente para fazer o avião cair, ela só conseguiria isso se estivesse aliada a um erro humano ou uma falha mecânica.

Até por isso a tal "caixa preta" é tão importante.

São 61 pessoas que morrem de uma hora para outra. Na verdade, leva 60 segundos para chegar ao chão e ironicamente tirar o chão dos pés de familiares e amigos.

Ninguém espera morrer assim. Esse tipo de morte nunca é bem aceita. Como nenhuma morte deveria ser, afinal.

Estas pessoas não estavam doentes, acamadas, internadas, enfim, em processo de preparação para morte. Estavam vivos aqui, e 60 segundos depois mortos ali.

Por isso toda essa comoção em torno do caso.

Muita gente vai ficar pensando no que poderia ter sido feito para salvar essas vidas.

Quem não conseguiu embarcar já deu relatos de que se sent como tendo nascido de novo. E agradecem a Deus terem sido escolhidos para ter perdido o voo. Não é o caso do piloto que estava de sobreaviso e foi escalado para voar de última hora. Para ele a sorte ou a escolha de Deus não valeu.

Talvez dizer que Deus escolheu poupar uns e decidiu que outros não valiam a pena ser salvos seja um pouco injusto com Deus.

Talvez houvesse alguém ruim ali que as pessoas possam considerar que merecia morrer. Ou alguém que não decolou merecesse ser poupado.

Mas e os outros? Não mereciam igualmente ser poupados?

Ou vamos usar a desculpa de que a hora deles havia chegado.

Mas então, porque Deus não deu ao menos a chance de uma despedida? Seria Deus tão insensível assim, para matar por remessa?

Bom, não vou cá eu fazer juízo de valor sobre Deus. Ele é Deus e meus valores são bem mais baixos que os Dele.

Mas não posso deixar de falar sobre o tempo em que se morria tanto no Brasil, que poderia se dizer que caía uma dezena de aviões por dia.

No auge da pandemia de Covid.

No dia mais letal da doença, 3541 pessoas morreram ( 29 de março de 2021 ).

Seriam necessários 58 aeronaves ATR-72 caindo em um mesmo dia.

E mesmo com essa quantidade de mortes, não havia comoção ou empatia.

Houve sim, um festival das piores coisa ditas e feitas por muita gente que se tivesse agido minimamente diferente, teria salvado milhares de vidas.

Havia uma pessoa em particular, que fazia uma pregação diária contra a vacina, que promovia a exposição ao vírus, que chamava de covardes ou efeminados quem tomasse medidas de cautela.

E médicos? Houve médicos que prescreveram tratamentos COMPLETAMENTE INÚTEIS, como se seu fanatismo ideológico mudasse a natureza básica da medicina. E por isso assistiam pessoas morreram aos montes, a ponto de não haver mais vagas nos cemitérios. Mas não foram capazes de deixar sua convicção assassina de lado nem mesmo para cumprir o juramento de Hipócrates.

"Ah mas voce vai falar sobre isso agora?"

Sim, por um motivo bem lógico.

No caso desta tragédia aérea ocorrida hoje, dezenas de especialistas se desdobraram no estudo do ocorrido para tentar criar novas maneiras de se prevenir que novas mortes venham ocorrer no futuro.

Portanto, é bem plausível, que eu, não desejando no futuro que mortes que poderiam ser evitadas como na época da pandemia possam voltar a ocorrer, tente apontar o causador maior do problema para que mortes possam ser evitadas no futuro.

E no caso da pandemia do Covid, o maior fator causador de mortes, foi o comportamento insano e criminoso de Jair Messias Bolsonaro.

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