“Meus heróis vão me deixando sozinho e triste na pista.”
(Paulo-Roberto Andel)
Jards acordou de uma cirurgia cantando “Meu nome é Gal”; bem a característica dele, alegre e de bom humor, mesmo que seu rosto dissesse o contrário; e assim ele se despediu desse planeta; cantando e feliz.
A cada ser genial como Jards Macalé que nos deixa o coração aperta. Um artista fundamental para a música brasileira. Cantor, compositor, instrumentista e inquieto criador. Macalé construiu uma obra marcada pela liberdade e pela experimentação.
Um herói quase desconhecido, que embora não goste do reconhecimento em massa de muitos de seus pares, é um pilar indiscutível da música criado através do Atlântico. Revolucionário, visionário, moderno - há muitos adjetivos para descrevê-lo.
Aquele que entrou no Hotel das Estrelas e foi ser violonista de Nora Ney e Gal Costa. Ao sair, driblou o mal secreto da besta fera, o Dragão da Maldade e os contrastes de Macunaíma no cinema, assinando suas trilhas dissonantes, ainda que seu feito mor na sétima arte tenha sido mesmo ser dublê do nosso maior super-herói, Kid Morengueira, nas cenas perigosas dos morros cariocas.
Macalé nunca foi apenas um artista, foi um gesto de resistência.
Um homem que viveu a música com uma verdade tão intensa que não cabia em rótulos, nem em modas, nem nos limites impostos pela indústria.
Compositor inquieto, cantor de voz que doía e libertava, figura central da contracultura.
Foi também opositor firme da ditadura militar (1964-1985), colocando a sua arte na linha de frente.
Ao lado de Chico Buarque marcou o histórico Banquete dos Mendigos (MAM, 1973), enfrentando a censura com coragem. E de coragem fica a sua obra, com poesia e verdade, sua arte permanecerá.
TEXTO DE:
Thiago Muniz

Nenhum comentário:
Postar um comentário