sábado, 27 de setembro de 2025

O Brasil diante dos Quinta-Coluna

A expressão “Quinta-Coluna” surgiu durante a Guerra Civil Espanhola, em 1936, quando quatro colunas militares do Exército franquista avançavam sobre Madri, e simpatizantes fascistas na cidade desenvolviam ações de sabotagem ao governo da Frente Popular.

Esse grupo foi chamado, então, de “Quinta-Coluna” para designar como traição o papel de agentes internos que enfraquecem as defesas nacionais ou abrem caminho para tropas invasoras.

 Algumas fontes históricas referem que o general golpista Gonzalo Queipo de Llano y Serra, conhecido por ter ordenado assassinatos em massa em Sevilha, teria dito: “A quinta-Coluna está esperando para saudar-nos dentro da cidade”.

No contexto da Segunda Guerra Mundial, a expressão foi muito utilizada para identificar pessoas ou grupos que, de dentro dos países aliados, colaboravam com o Eixo por meio de espionagem, sabotagem, propaganda subversiva e difusão de boatos.

As ações dos traidores se davam, assim, tanto no plano militar quanto no plano psicológico, para desmoralizar a resistência.

Um exemplo notável ocorreu nos Países Baixos, em maio de 1940, durante a invasão alemã. Membros do movimento fascista holandês Nationaal-Socialistische Bewwring (NSB), liderado por Anton Adriaan Mussert, atuaram de forma coordenada para ajudar os nazistas, fornecendo listas de opositores e de judeus às autoridades alemãs, sabotando comunicações e vias de transporte militar holandês e guiando as tropas alemãs por rotas alternativas para evitar a defesa.

Essas ações produziram danos imensos e os responsáveis por elas foram, após a Guerra, denunciados, processados e julgados, sendo executados como traidores entre 1945 e 1946, sendo o partido fascista holandês banido.

Sobre o papel vergonhoso do colaboracionismo e a importância da resistência na Europa ocupada, aliás, vale muito assistir ao filme Número 24 (Netflix), que conta, de maneira especialmente delicada, a história do herói Gunnar Sønsteby, líder da resistência norueguesa.

O Brasil também teve os seus Quinta-Coluna como ficou comprovado no caso da rede de espionagem desmantelada no porto de Santos em 1942.

Um dos líderes desse esquema era o alemão Albrecht Gustav Engels (codinome “Alfredo”), que organizou uma rede de simpatizantes locais, entre eles um certo Josef Starziczny, que foi preso enquanto espionava a movimentação de navios aliados.

Com auxílio do FBI, a polícia brasileira chegou a dezenas de outros colaboradores. Os quinta-coluna, nesse caso, informavam sobre o movimento de navios para submarinos alemães no Atlântico. A rede de espionagem foi formada por imigrantes alemães, muitos naturalizados; por membros e simpatizantes da Ação Integralista Brasileira (AIB) e por alguns militares e técnicos (pilotos, engenheiros), que, por convicção ideológica ou interesse, colaboraram, oferecendo também dados sobre aeródromos, pistas e movimentação de aviões.

Tudo isso é história que, no Brasil, se repete agora, ainda que como farsa, na conduta da família Bolsonaro.

É, de fato, incrível que um deputado federal se licencie de seu mandato e se mude para os Estados Unidos para demandar de seu aliado de extrema direita sanções ao Brasil para debilitar sua economia na tentativa de obstaculizar o funcionamento do Poder Judiciário.

As armas aqui não são fuzis nem transmissões clandestinas de rádio, mas lobby externo que caracteriza o mais flagrante ato de traição à Pátria que se tem notícia.

A diferença básica com os quinta-coluna está na forma. Enquanto os traidores de ontem agiam nas sombras, os de hoje se exibem nas redes sociais e se declaram admiradores da nação que abre injusta e inaceitável guerra comercial contra o Brasil, país que os quinta-coluna juraram defender.

Estamos, salvo melhor juízo, lidando aqui com crime contra a soberania nacional, prática tipificada pelo artigo 359-L do Código Penal: “Negociar com governo ou grupo estrangeiro, ou seus agentes, com o fim de provocar atos típicos de guerra contra o País ou invadi-lo”.

O fato já seria de uma gravidade extraordinária, mas o que há de pior em torno dele não é sequer a ação dos traidores empenhados apenas em salvar um covarde da cadeia.

O que espanta é que os quinta-coluna tenham uma legião de apoiadores no Brasil, a começar pela bancada da extrema direita no Congresso Nacional, cujos representantes chegaram ao ponto de abrir bandeira em apoio a Trump na sede do Poder Legislativo.

O mesmo Poder que, aliás, não foi até agora sequer capaz de cassar o mandato do traidor.

Assim, a ação lesa-pátria é transformada em ato de “resistência” e naturalizada por parte significativa da mídia, como se fosse a extensão da tal “polarização” política-ideológica, impreciso conceito que acomoda as mentes cansadas e os oportunistas e legitima a ação dos bandidos contra o Brasil.


TEXTO DE:

Marcos Rolin

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Há química entre Lula e Trump?

Lula chegou na bancada da ONU e botou o pé na mesa.

Disse com muita firmeza da força da soberania do país, o douro da democracia e a fortaleza das instituições.

Manteve a força da palavra para mais uma vez denunciar o genocídio dos palestinos e reforçando que se deve haver a criação do estado da Palestina antes que vire hotéis, cassinos e puteiros de luxo, patrocinados pelos EUA e Israel, já que possuem um lobby fortíssimo da narrativa jornalística.

Destacou veementemente o compromisso com a agenda climática, onde haverá em breve a COP 30 no Pará.

Distribuiu beijos e abraços em chefes de Estado, esfuziantes junto com Macron, inclusive uma “química” dita por Trump em plenária, depois de bater e ameaçar o Brasil de todas as maneiras, obviamente ainda com as narrativa bolsonarista na mente.

Lula estrategista já aproveitou e fez acordos com a Califórnia, estado rival de Trump, sobre mercado de carbono e transição energética, algo que Trump está fazendo uma regressão com o lobby petrolífero e dane-se o mundo.

O negócio é que líder reconhece líder, isso desde os primórdios antes de Cristo.

E Trump percebeu que Lula não é o cachaceiro analfabeto que deve ter ouvido uma dezena de vezes da tal família subserviente, especialista em rachadinhas, cujo o pai foi condenado por tentativa de golpe de Estado.

Lula e Trump não vão se tornar amigos, mas uma coisa é certa: a relação entre Brasil e EUA diplomaticamente poderá melhorar um pouco, ainda mais se ambos sentarem pra conversar.


TEXTO DE:

Thiago Muniz

Carlos Ratazana Massa ataca Júnior Lima

O apresentador Carlos Massa, o Ratinho, disse recentemente que Júnior Limanão tem talento como a irmã Sandy”, que “nunca cantou de verdade”, que tem um grupo “que é uma bosta” e que sua manifestação política foi “bobagem”.

É preciso ir além do escândalo midiático: cada uma dessas frases, quando analisada sob à luz da ciência política, não traduz discordância, mas sim, discurso de ódio.

O que Ratinho faz é operar no registro da humilhação, tentando reduzir uma figura pública à insignificância, não por argumentos racionais, mas pelo ataque direto à sua identidade e à sua trajetória artística.

Isso não é crítica, isso é destruição simbólica. Isso é dircurso de ódio. É a certeza da impunidade que se vislumbra quando se tem um microfone que represente algum tipo de poder nas mãos.

O ataque não é à toa. O comunicador é pai de político, usa o microfone de palanque e age mais como um deles, do que como um comunicador que fala ou opera para todos os telespectadores.

Se você não pensa como ele, e é uma pessoa pública, cuidado! Pode se tornar um alvo e, a qualquer momento, ser xingado de “bosta”.

O nível é baixo demais.

Quando Ratinho diz que Júniornão tem talento como a irmã”, ele não está apenas emitindo uma opinião estética. Ele instrumentaliza a comparação como forma de aniquilação subjetiva: nega ao outro a legitimidade de existir artisticamente, amputando sua identidade e relegando-o a um eterno “apêndice” de Sandy.

Na psicanálise, isso se chama violência narcísica: negar ao outro a possibilidade de individuação.

Na política, é discurso de ódio porque não confronta ideias, mas inferioriza o ser humano. Não é sobre música: é sobre silenciar.

A frase “nunca cantou de verdade, quem canta é a Sandy” se agrava. Trata-se de um mecanismo clássico do discurso de ódio: reescrever a realidade para invalidar a experiência do outro.

Não se ataca a manifestação política de Júnior, mas sua própria existência profissional.

É exatamente assim que se fabrica a exclusão social por meio do ódio: pela negação da realidade e pela tentativa de convencer o público de que o outro “não é nada”.

E, quando diz que o grupo de Júnioré uma bosta”, Ratinho apenas fala de si mesmo.

TEXTO DE:
Alessandro Lo-Bianco

terça-feira, 23 de setembro de 2025

ONU: Lula encanta, Trump divide

Na Assembleia Geral da ONU, palco onde líderes mundiais buscam projeção global, a métrica de impacto não está apenas nas palavras ditas, mas nas reações que provocam.

E neste quesito, Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump tiveram jornadas bem distintas.

O presidente brasileiro foi aplaudido sete vezes durante seu discurso. Já o americano, apenas uma.

O contraste revela mais do que simpatia ou antipatia momentânea — expõe estilos, agendas e credibilidades distintas diante da comunidade internacional.

Lula: o Brasil de volta ao concerto mundial

Lula subiu ao púlpito com a energia de quem tenta reposicionar o Brasil como voz do Sul Global e ator confiável em debates universais. Falou de desigualdade social, combate à fome, defesa da Amazônia, igualdade de gênero e raça, e não hesitou em denunciar sanções unilaterais e o “genocídio em Gaza”.

O plenário reagiu em momentos estratégicos: quando ele afirmou que “o Brasil está de volta”, ao destacar a queda do desmatamento, ao criticar embargos econômicos e ao defender direitos humanos. O roteiro estava afinado: ética, soberania e multilateralismo. Para muitos, soou como música — e os aplausos foram a prova.

Ainda assim, não faltam ressalvas. Há quem veja excesso de retórica e pouco detalhamento sobre viabilidade prática de suas propostas.

Mas, em termos de soft power, Lula conseguiu o que queria: sair de Nova York como o presidente que dialoga e mobiliza.

Trump: entre o aplauso tímido e as risadas desconfortáveis

Donald Trump, por sua vez, levou ao plenário o mesmo estilo que marcou sua presidência: combativo, nacionalista e autocentrado. Repetiu a cartilha do “America First”, atacou instituições multilaterais, questionou políticas climáticas e falou em acordos comerciais injustos.

Pediu um cessar-fogo imediato em Gaza, mencionou reféns, mas o impacto foi discreto: um único aplauso.

Em outros trechos, vieram risadas — um retrato claro da distância entre sua retórica de campanha e a expectativa de diplomacia num espaço coletivo como a ONU.

Críticos apontam que Trump parecia falar mais para sua base doméstica do que para chefes de Estado. Sua ênfase em soberania soou, para muitos diplomatas, como um recado de isolamento, não de liderança.

Dois mundos, duas recepções

O contraste não poderia ser maior. Lula tentou — e conseguiu — projetar o Brasil como voz de consenso e esperança, mesmo entre críticas e contradições internas.

Trump reforçou sua marca pessoal, mas encontrou resistência num ambiente que preza o multilateralismo.

Se aplausos fossem votos, Lula teria vencido por goleada. Mas, na ONU, eles significam algo mais sutil: a disposição dos países em ouvir e, talvez, seguir um caminho comum.

E nessa arena, entre palmas e risos, ficou claro que, ao menos por uma noite, o Brasil falou mais alto que os Estados Unidos.

Por fim, Trump anunciou que se encontrará com Lula, talvez já na próxima semana. Além de dizer que gostou do líder brasileiro no pouco tempo que se encontraram.

sábado, 20 de setembro de 2025

Trump transformou os EUA em um parquinho — e a gente nem ganhou ingresso

Sabe quando você era criança e tinha aquele colega que sempre dizia: “a bola é minha, só joga quem eu quiser”? Pois é. Agora esse colega cresceu, virou presidente e atende pelo nome de Donald Trump.

Os Estados Unidos, antes chamados de “terra da liberdade”, agora parecem mais a pracinha particular dele.

Jimmy Kimmel: piada proibida no recreio

Jimmy Kimmel fez o que qualquer apresentador de late-night faz: piada. Mas a FCC, presidida por um indicado de Trump, não achou graça. Resultado: o programa dele foi suspenso.

É como se o governo tivesse dito: “Quer liberdade de expressão? Beleza. Mas só se for para elogiar meu cabelo”.

Próxima temporada de Jimmy Kimmel Live!? Talvez só se mudar o nome para Jimmy Trump Live!

Tarifaço: quando o recreio vira guerra de lancheira

E como brincar só com a mídia não basta, Trump resolveu brincar também com a economia mundial como se fosse uma grande partida de Banco Imobiliário. Aumentou tarifas não só contra rivais, mas contra amigos de longa data como Canadá e Europa.

É como cobrar pedágio para brincar de balanço. “Quer vender queijo suíço? Beleza, mas agora custa 25% a mais. Quer tequila mexicana? Pode, mas com sobretaxa de recreio.”

O resultado? Consumidor americano pagando mais caro até no cachorro-quente. Mas ei, pelo menos o Trump pode dizer que “ganhou” no recreio.

O manual do playground autoritário

A lógica é simples:

  • Se você rir dele, tá fora do parquinho.

  • Se você quiser vender brinquedo, paga tarifa.

  • E se você discordar, vai para o escorregador da censura.

É a versão política do velho “quem manda aqui sou eu”.

Democracia na gangorra

A democracia americana sempre gostou de posar de exemplo para o mundo. Mas agora parece estar naquela gangorra de parque velho: faz barulho, range e pode quebrar a qualquer momento.

Enquanto isso, o Trump se balança no topo, feliz da vida, gritando: “Olha mãe, sem mãos!”.

Parque de diversões ou circo?

Os EUA já foram chamados de “terra da liberdade”. Agora estão virando “terra do playground particular”.

A diferença? No parquinho do Trump, não tem risada garantida. Só ingresso caro, censura e muita marra de quem acha que é dono da bola.

A grande dúvida é: os americanos vão continuar brincando nesse parque ou finalmente alguém vai chamar o segurança para desligar a roda-gigante?


*Otexto foi editado ao estilo Talk Show, em apoio ao apresentador Jimmy Kimmel

sábado, 13 de setembro de 2025

Divagações sobre um julgamento

Bolsonaro dedicou seu voto no impeachment de Dilma ao torturador Brilhante Ustra dentro do plenário da Câmara dos Deputados. Ali ele iniciou sua campanha rumo ao Palácio do Planalto. Ele é filho da ditadura militar, seu herdeiro político e ideológico. 

O Brasil, ao contrário de vizinhos como o Chile e a Argentina, nunca levou ao banco dos réus os militares que impuseram uma ditadura que durou 21 anos e promoveu tortura, perseguições e assassinatos que marcaram com sangue a história do país. Não só os golpistas de 1964, mas os responsáveis por todas as tentativas e golpes na história da República foram perdoados e anistiados. A própria República foi inaugurada com um golpe militar. 

Por isso esse julgamento é tão importante e carregado de simbolismos. A condenação do ex-presdidente e de seus ex-ministros e assessores, tanto civis quanto militares, pela tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e outros crimes correlatos é inédita e serve de exemplo para o mundo num momento em que as democracias estão sob ataque intenso. Mais do que isso, punir militares de alta patente é um desagravo e uma forma de fazer justiça à memória de tantos brasileiros torturados, perseguidos e mortos pela ditadura. É sobretudo um aviso, um indicativo aos militares de que aventuras golpistas serão punidas com o rigor da lei. 

Por tudo isso o voto decisivo ter sido dado por uma mulher, a ministra Cármem Lúcia, deixa tudo ainda mais simbólico. Um voto sucinto, claro, objetivo e corajoso contra uma organização criminosa comandada por um homem que fez questão de manifestar sua misoginia em vários momentos de sua vida pública. 

O voto da eminente ministra ganha ainda mais destaque por ela ser atualmente a única mulher na Suprema Corte de um país onde somente a partir de 1932 as mulheres começaram a ter direito ao voto. 

Por outro lado, o voto de Fux absolvendo a maioria dos golpistas, por mais incoerente que tenha sido, ajuda a desmontar a tese da extrema direita de que estamos vivendo uma ditadura da toga. Afinal, mesmo na Suprema Corte, apesar do consenso da maioria, há espaço para a divergência e o contraditório. 

Não deixa de ser irônico também que Bolsonaro tenha atuado por 27 anos como parlamentar do baixo clero e agora tenha sido condenado a 27 anos como presidiário. 

Outro dado numerológico que me pareceu curioso pela simbologia é o fato do ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, ter nascido a 13 de dezembro de 1968, justamente o dia em que os militares decretaram o AI-5 ( Ato Institucional nº 5), o ato mais violento da ditadura que instituiu a censura, a tortura, determinou o fechamento do Congresso, a extinção dos partidos e a cassação do mandato dos parlamentares eleitos pelo voto. 

Por fim eu acho um escárnio que a decisão do STF tenha de ser homologada pelo STM (Superior Tribunal Militar) em relação aos três generais e ao almirante. 

Além disso eu acho também que o fato de Bolsonaro ter sido condenado por planejar um golpe deveria invalidar suas duas indicações para o STF. Afinal, se ficou provado que havia um plano de permanecer no poder, a indicação para a Suprema Corte também fazia parte desse plano.

E Bolsonaro ainda precisa responder pelos crimes durante a pandemia que causaram milhares de óbitos, pela adulteração dos cartões de vacinação, pelo roubo das jóias e pela prática de rachadinha. 

Seja como for, para consolidar essa decisão precisamos derrotar a extrema-direita na corrida presidencial e eleger um Congresso mais progressista ano que vem. Afinal de contas o próximo presidente deve indicar três ministros para o STF.

TEXTO DE:
Makely Ka

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Confira as penas do Núcleo Golpista de Bolsonaro

 










And Fux se Fux

Foto Gabriela Biló
Juristas apontam, nessa exaustiva e "defensiva" análise de Fux (que, por sinal, revela a pluralidade do Supremo):

1- Contradição entre Fux se dizer um ministro pautado pela "análise de eficiência do law and economics", mas insistir em teses superadas e já rechaçadas pelo Plenário;

2- Contradição entre posicionamentos de Fux agora e no julgamento dos réus do 8 de janeiro, um verdadeiro "cavalo de pau" na interpretação;

3- Contradição em defender a nulidade do processo na Corte para todos, sendo que Ramagem claramente tem foro;

4- Contradição entre alegar "falta de provas" e não analisar qualquer elemento de prova, desconsiderando todas;

5- Contradição entre sua história, de ministro conhecido por conceder tão poucos Habeas Corpus, e sua repentina "vocação garantista";

7 - Contradição entre abrir seu relatório condenando a "politização" do julgamento e fazer  tremenda politização, ao citar o "Mensalão", as "Jornadas de Junho de 2013" e as ações "Black Blocs", adjetivando-os como "atentatórios à democracia" - crime não imputado por ele, até agora, à intentona em análise, que comprovadamente visava impedir a posse de presidente eleito e, depois, inviabilizar seu governo;

8 - Contradição entre a alegada impossibilidade de analisar "tantos documentos da denúncia em tão pouco tempo" e seu imenso voto, o mais longo de todos, com dezenas de citações;

9 - Contradição entre amparar-se seguidamente no ex-ministro Celso de Mello, crítico contumaz da tentativa de golpe que Fux minimiza ou rejeita;

10 - Contradição suprema entre dizer-se defensor intransigente do Estado Democrático de Direito e argumentar que "não existiu organização criminosa", que "enfraquecer o Estado não é suficiente", e indicando que as meras "tentativas" ou "cogitações" foram individualizadas e de pequeno impacto.

TEXTO DE :
Chico Alencar

Ocorreu no Brasil e chocou Trump

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quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Luiz Fux deu aula... de golpismo e covardia

Após os Ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino votarem pela condenação de Bolsonaro e seu séquito golpista, chegou a vez do Ministro in-Fux-we-trust votar.

Todo mundo com um mínimo de discernimento já previa que Fux iria votar pela inocência de todos os membros do AI-5 do século XXI, mas ele não se contentou apenas em ser sabujo e defender a manutenção de seus visto americano para Disney.

Fux precisava chamar à atenção. Ele carecia da condição de protagonista. Seu ciúme e inveja dos demais ministros, turvou-lhe raciocínio e caráter.

Resolveu que teria esse protagonismo, mesmo que para isso fosse na contramão dos fatos e colocasse em risco sua trajetória.

A história vai lembrar desse episódio, e durante bastante tempo, caricaturas de Fux-USA, circularão pelas páginas da Internet.

Pelo lado dos nazi-tupiniquins, será louvado. Mas isso gera mais vergonha que notoriedade.

Ao votar pela nulidade de todo o processo, Fux, foi contra si mesmo. Afinal, ele votou pela condenação de centenas de réus do 8 de janeiro.

Mas, claro, tratavam-se de "velhinhas com a Bíblia sob a axila". Pois na hora de punir os cabeças, os mandantes, Fux, considerou-se incapaz.

Em seu voto, Fux diz que ele não tem legitimidade para julgar aqueles que estão em posição privilegiada na sociedade. Apenas tem legitimidade para condenar os "joão-ninguém" da rua.

Se tivesse permanecido apenas na tese de que os crimes de Abolição de Estado Democrático de Direito e Golpe de Estado são a mesma coisa, poderia-se debater, divergir, mas ao votar pela anulação completa do julgamento, o Ministro joga seu nome na lama.

"Maldita hora em que Dilma indicou essa verruga ao STF".

O que realmente enoja, é que Fux levou mais de 7 horas, não para usar da interpretação do Código Penal Brasileiro, mas sim, para repetir uma cantilena típica de grupos de Telegram da República de Curitiba.

Que esse episódio não seja esquecido. Fux precisa ser apagado da história do Brasil, a não ser que seja para ser lembrado como uma espécie de Judas da Democracia.

Nem mesmo Bento Manuel Ribeiro, o Caudilho Maudito, foi tão baixo.

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Essa tal gente de bem...

Nenhum discurso, nenhuma imagem e nenhum texto definem tão bem a extrema direita brasileira como a foto da bandeira estadunidense gigante desfilando orgulhosa no dia da independência do Brasil em plena avenida Paulista.

É a contradição definitiva que explica cabalmente quem é essa gente "de bem".

Essa gente é patriota, mas odeia o povo, a cultura e as coisas de nosso país, além de apoiar a interência dos Estados Unidos em nossos assuntos internos.

Essa gente é religiosa, mas apoia o genocídio dos palestinos, a posse de armas e comemora a morte de quem não gosta.

Essa gente é contra o aborto, mas vibra ao ver meninos negros e pobres trancafiados.

Essa gente faz apologia à família, mas é desagregadora, trai o cônjuge, bate e abandona os filhos.

Essa gente diz odiar a corrupção, mas faz vista grossa aos casos escancarados de roubalheira de seus líderes.

Essa gente diz viver em uma ditadura, e diz isso enquanto desfila livremente por todas as cidades brasileiras.

Essa gente diz que em 1964 não se iniciou uma ditadura, pois acha que quem foi torturado e morreu "mereceu".

Essa gente diz que quer liberdade irrestrita, mas não hesita em agredir qualquer casal homoafetivo que ouse demonstrar carinho em público ou em tentar proibir um espetáculo artístico que não atenda suas preferências pessoais.

Essa gente é a consagração do "dois pesos, duas medidas", o ápice do uso do argumento oportunista, a vitória da ostentação da hipocrisia, a apologia do "eu posso, você não". 

Essa gente usa todo esse instrumental do absurdo como camuflagem, debaixo de suas camisetas da CBF, para que não vejamos quem são de verdade: elitistas, intolerantes, racistas, homofóbicos, incultos, vira-latas, truculentos, vulgares e ignorantes.

É um desafio permanente ser obrigado a dividir o oxigênio com eles sem perder o réu primário.

TEXTO DE:

Alexandre Périgo

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Primeiro dia do Julgamento de Bolsonaro

O primeiro dia do julgamento do núcleo golpista liderado pelo ex-presidente Bolsonaro foi calmo.

Abaixo um resumo do que se viu nesse primeiro dia.

Abertura e acusações

  • A sessão teve início às 9h e foi aberta pelo relator, ministro Alexandre de Moraes, que leu o relatório da ação penal nº 2668, detalhando todo o caminho processual desde a investigação até as alegações finais.

  • Em seu discurso, Moraes destacou que o julgamento resistirá a “pressões internas ou externas”, reforçando a defesa da soberania e da democracia brasileira.

  • O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que depoimentos, documentos e registros comprovam que Bolsonaro liderou uma tentativa de golpe de Estado após perder as eleições de 2022. Segundo Gonet, as ações incluíram convocar militares, espalhar desinformação sobre o sistema eleitoral e incitar os ataques de 8 de janeiro de 2023.

Réus e acusações

  • Além de Bolsonaro, também são réus sete ex-altos cargos civis e militares — incluindo Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira, Walter Braga Netto e Mauro Cid — acusados pelos mesmos cinco crimes: organização criminosa armada, golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado por violência e grave ameaça, e deterioração de patrimônio tombado.

  • Alexandre Ramagem, atualmente deputado federal, teve parte das acusações suspensas e responde a apenas três dos cinco crimes.

Defesa dos réus

Após o intervalo para o almoço, as defesas se manifestaram:

  • Mauro Cid: Defesa defendeu a validade da delação premiada e negou ter sido coagido, ressaltando que Cid perdeu a carreira e que não há provas concretas vinculando-o ao golpe.

  • Alexandre Ramagem: Defesa afirmou que ele apenas “compilava pensamentos do presidente” e negou envolvimento em espionagem a ministros do STF.

  • Almir Garnier: Defesa negou que o almirante tenha colocado tropas à disposição de um golpe e contestou a existência de reunião golpista com Bolsonaro .

  • Anderson Torres: Defesa ironizou a “minuta do golpe” apreendida pela PF, chamando-a de “minuta do Google” e sem valor prático.

Encerramento e próximos passos

  • A sessão foi suspensa por volta das 17h55 e será retomada nesta quarta-feira (3/9), a partir das 9h.

  • Estão previstas oito sessões ao todo, distribuídas entre os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro. A fase de votação, que definirá absolvição ou condenação, ocorrerá nas próximas sessões.

  • As penas em caso de condenação podem ultrapassar 30 anos de prisão!

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Julgamento de Bolsonaro: 40 anos de prisão?

O ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus podem ter punição de até 43 anos de prisão caso sejam condenados (queira Deus, serão), com pena máxima pelos crimes que são acusados e as penas sejam somadas.

O grupo responde por cinco crimes.

Os oito réus do chamado "núcleo crucial" serão julgados na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal pela participação ma tentativa de golpe de Estado.

Sim, querido bolsonarista que se faz de lesado, TENTATIVA de golpe é crime previsto no código penal brasileiro.

A Procuradoria-Geral da República pede na denúncia que, em caso de condenação, as penas sejam somadas.

O STF julgará:
- Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin;
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Augusto Heleno, ex-ministro do GSI;
- JAIR BOLSONARO;
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil;

As penas pelos crimes são:
- tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito: pena de 4 a 8 anos;
- tentativa de Golpe de Estado: pena de 4 a 12 anos;
- participação em organização criminosa armada: pena de 3 a 8 anos (pode chegar a 17 anos, com agravantes de uso de arma de fogo e participação de agentes públicos;
- dano qualificado: pena de seis meses a 3 anos;
- deterioração de patrimônio tombado: pena de 1 a 3 anos.

Nós desejamos toda sorte do mundo aos réus e que sejam condenados a cumprir vários anos de prisão para que sirvam de exemplo para qualquer malico que no futuro pense em repetir os mesmos atos.