quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Na letra de “Bonsucesso 68” as primeiras gotas da violência no conta-gotas da vida - Parte 2

Na letra de “Bonsucesso 68” as primeiras gotas da violência no conta-gotas da vida.

Antonio Gonzalez


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Por que não cortaram o mal pela raiz na década de 1970? 

Por que o discurso de que somente com acesso à educação se resolveria o problema da violência não foi transformado em realidade?

Por que as melhores condições de moradia não foram postas em prática?

Por que as políticas de segurança sempre visaram castrar uma vez o acontecido e jamais foram de prevenção?


Há 61 anos sob o lema de “bandido bom é bandido morto” nascia a Escuderia Le Cocq que originalmente era uma milícia de policiais no Rio de Janeiro que, ao longo dos anos, foi associada a grupos de extermínio. Posteriormente, o nome foi usado para uma associação de detetives particulares e ex-policiais. 

Posteriormente o Esquadrão da Morte e o Mão Branca.

O filme Cidade de Deus embora lançado em 2002, narra cerca de 20 anos de história (1960–1980) da formação e do endurecimento da violência nas favelas cariocas.

Na década 1960 mostra o surgimento da favela Cidade de Deus, criada pelo governo como conjunto habitacional para famílias removidas de outras áreas do Rio.

Já nos anos 1970 acompanha o crescimento da criminalidade e o domínio das gangues de jovens, com destaque para a ascensão de Zé Pequeno.

No início dos anos 1980 - o filme termina nesse período - surge uma nova geração de traficantes tomando o controle da comunidade.

Tudo isso rolou durante os governos Médici, Geisel e Figueiredo.  Por que eles não cortaram a cabeça daquela serpente?

Se você chegou até aqui sabe que a atualidade é apenas um remake, como a recente novela VALE TUDO.

Afirmo que o que vimos ontem não pode ser resumido aos atuais governos, estadual e federal. A atualidade é apenas a consequência de quem teve oportunidade de não deixar a víbora crescer, mas para nada se preocupou com as classes menos favorecidas, nem com a gente preta, nem com o que o salário mínimo da época permitia colocar na geladeira. Somente visou a ganância financeira. De pai para filho, os sobrenomes se repetem.

Essa guerra não começou neste século. Não obstante é urgente que seja resolvida.  Mas um povo que não conhece a sua história certamente falará abobrinhas sobre como resolver as questões da Segurança, da Saúde, da Educação e da Habitação.

É evidente que não se pode pensar em resolver o problema da Segurança Pública com o fígado, menos ainda com ódio e racismo.

Repito, segurança só funciona se for de prevenção. No resto, sem mudar o conceito de todas as pontas de direção – governos, polícias e população (principalmente na hora de votar) – continuaremos com uma única certeza: a espera da data do próximo extermínio.

Sem embargo, vale questionar quem financia a entrada de armas e drogas no país e quem fecha os olhos para tal.

Mas isso é papo para outro dia.

Minha solidariedade às famílias dos policiais mortos. E que a bandidagem entenda que o crime – na escala que eles frequentam – somente permite 2 saídas: ou a cadeia ou um paletó de madeira.


TEXTO DE:

Antonio Gonzalez



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