segunda-feira, 27 de outubro de 2025

O imperialismo de Lula e o delírio da esquerda toda pura

Existe no Brasil, uma ala da Esquerda que vive em permanente estado de assembleia estudantil. Uma turma que tem febre por citar Trotsky, Lenin, Marx, mas que sentia nojinho de Brizola e odeia o próprio Lula.

Para esse grupo, o encontro entre Lula e Donald Trump não é diplomacia, é submissão, é traição. O ex-metalúrgico, dizem, finalmente revelou sua face oculta: um agente do imperialismo ianque infiltrado no PT desde os anos 1980. Falta só aparecer de terno e gravata da CIA.

Pois é. O mesmo Lula que enfrentou o FMI, que colocou pobres na universidade e incomodou o andar de cima, agora virou, segundo os puritanos da Esquerda, o ventríloquo do Tio Sam. O raciocínio é uma obra-prima da autofagia ideológica: se o líder da Esquerda não atende à fantasia revolucionária, resta destruí-lo.

Esses militantes da pureza política enxergam o mundo em escala binária, ou se está contra o império, ou é cúmplice dele. Diplomacia, diálogo, pragmatismo? Palavras burguesas, diriam. O problema é que, no mundo real, países não se governam com panfletos.

Lula faz o que estadistas fazem: fala com quem tem poder. E isso inclui Biden, Xi Jinping, Macron, Papa Francisco e agora (por que não?), Trump. O resto é poesia de bar, proferida entre um café e um jazz indignado.

No fundo, essa esquerda que acusa Lula de “agir pelo imperialismo” não odeia o imperialismo. Odeia a realidade.

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