Pois é. O mesmo Lula que enfrentou o FMI, que colocou pobres na universidade e incomodou o andar de cima, agora virou, segundo os puritanos da Esquerda, o ventríloquo do Tio Sam. O raciocínio é uma obra-prima da autofagia ideológica: se o líder da Esquerda não atende à fantasia revolucionária, resta destruí-lo.
Esses militantes da pureza política enxergam o mundo em escala binária, ou se está contra o império, ou é cúmplice dele. Diplomacia, diálogo, pragmatismo? Palavras burguesas, diriam. O problema é que, no mundo real, países não se governam com panfletos.
Lula faz o que estadistas fazem: fala com quem tem poder. E isso inclui Biden, Xi Jinping, Macron, Papa Francisco e agora (por que não?), Trump. O resto é poesia de bar, proferida entre um café e um jazz indignado.
No fundo, essa esquerda que acusa Lula de “agir pelo imperialismo” não odeia o imperialismo. Odeia a realidade.

 
 
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