segunda-feira, 27 de outubro de 2025

O dia em que Lula deixou a extrema-direita sem script

Há dias em que a realidade prega peças bem cruéis na bozosfera.

O encontro entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump foi um desses momentos de puro desespero ideológico. A ala bolsonarista, acostumada a viver de rótulos e espantalhos, acordou sem saber se chorava, orava para um pneu ou desmentia com mentiras, o que via.

Sim, caro leitor, o “bebumLula apertou a mão do “rei do mundoTrump (o mesmo Trump que Bolsonaro tratava como guru, farol e quase entidade espiritual). A cena desmontou, num único gesto, anos de narrativa delirante. Como atacar o petista por fazer exatamente o que o bolsonarismo sempre sonhou?

O problema da extrema-direita é que ela precisa do inimigo. Sem o espantalho do “marxismo cultural”, sem o fantasmas do “globalismo” e do "comunismo", resta o quê? A política real, e essa, sabemos, é território onde o populismo tosco se perde.

O encontro entre Lula e Trump não foi apenas simbólico: foi cirúrgico.

Mostrou que Lula entende o jogo do poder internacional, e joga melhor do que os amadores do Twitter. Ao contrário do bolsonarismo, que confunde diplomacia com gritaria, o presidente brasileiro mostrou que conversa até com quem pensa diferente. E, em política externa, isso se chama maturidade.

A turma da direita radical, desorientada, passou o dia tateando o chão. Alguns tentaram argumentar que era “marketing”. Outros fingiram que o encontro não existiu. E houve até quem insinuasse que Trump teria sido “enganado”.

Patético.

É o retrato de um movimento que não sabe mais o que dizer, e que assiste, impotente, ao crescimento de Lula nas pesquisas, apesar da má vontade da mídia e da histeria da oposição.

Aliás, sobre a mídia: parte dela segue praticando o velho esporte nacional o “Lulismo envergonhado”. Admite a competência do presidente em sussurros, mas corre para publicar a próxima crítica travestida de “análise isenta”.

É a neutralidade seletiva de sempre: o incômodo de ver o ex-operário agir com a estatura que os “homens de bem” achavam que só eles possuíam.

Lula, goste-se ou não, é um político de fôlego histórico. Enquanto a oposição se debate entre teorias conspiratórias e vídeos de WhatsApp, ele fala com líderes mundiais: de Biden a Xi Jinping, agora passando por Trump. É o tal “isolamento internacional” que só existe nas manchetes fabricadas por quem torce contra o Brasil.

No fim, a cena é quase poética: Trump e Lula, dois homens que dividiram seus países, sentados à mesa. E a extrema-direita brasileira, que se alimentava do ódio a um e da devoção ao outro, sem saber para qual santo rezar.

Lula não apenas desconcertou os adversários. Desarmou o discurso. E, convenhamos, nada é mais devastador para quem vive de ressentimento do que ver o alvo de seus ataques conversar civilizadamente com o próprio ídolo.

No xadrez político, o rei segue de pé, e os peões da fúria ideológica continuam tropeçando uns nos outros, sem entender por que o jogo mudou.

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