quinta-feira, 2 de outubro de 2025

As cotas raciais e o incômodo da elite cordial

Pois é…

As cotas raciais seguem incomodando. E incomodam não porque sejam injustas, mas justamente porque expõem, de forma cruel, a injustiça estrutural que sempre se quis esconder debaixo do tapete da tal “democracia racial” brasileira.

Sim, aquele mito simpático de que, por aqui, todos convivem como iguais — mito conveniente, diga-se, para quem nunca teve de disputar vaga de emprego com o CEP e a cor da pele já marcados como estigma.

O argumento contra as cotas é conhecido: “todos devem ter as mesmas chances; basta estudar”.

Ah, o mérito!

Essa palavrinha mágica, tão bonita nos discursos de formatura, mas que, no Brasil real, mais se parece a uma ficção científica.

Ora, como falar em mérito quando um garoto da periferia chega ao cursinho sem jamais ter tido uma aula decente de física, enquanto o seu concorrente já fez intercâmbio e tem inglês fluente?

Chamar isso de competição justa é o mesmo que exigir de quem corre descalço que vença o atleta de tênis importado.

Eis o ponto: o que as cotas fazem é apenas admitir o óbvio, aquilo que a elite branca e escolarizada sempre soube — mas nunca gostou de ver reconhecido em lei.

Por isso, tanto incômodo.

Não se trata de uma disputa filosófica sobre justiça universal, mas do medo concreto de perder privilégios seculares.

E há o componente simbólico: cotas escancaram que o Brasil é, sim, um país racista. E isso dói na alma da elite cordial, que prefere posar de “tolerante” enquanto mantém intacta a estrutura que exclui.

É mais confortável acreditar que somos todos iguais e que a desigualdade é só questão de esforço. Difícil é encarar o espelho que mostra a cor da desigualdade.

Por isso, caro leitor, as cotas não incomodam por serem injustas.

 Incomodam por serem justas demais.

Porque, no fundo, o maior temor não é que “o outro” esteja ocupando um espaço que não lhe pertence, mas que finalmente ocupe o espaço que sempre lhe foi negado.

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Trump amigo do mundo, inimigo dos EUA


É preciso admitir: este segundo governo do camarada Trump é um estrondoso sucesso e, arrisco afirmar, sem precedentes neste século. A quantidade e a qualidade de suas vultosas realizações em meros 9 meses é de tirar o fôlego, até mesmo do mais otimistas em relação ao seu atual mandato.  

Nem me atreveria a tentar citar todas as suas realizações, porém é possível fazer um apanhado geral daquilo que é mais importante, como:

- Perseguição a estrangeiros, provocando um caos social em diversas cidades e uma queda considerável no número de turistas que visitam os EUA, afetando uma das maiores fontes de renda do país;

- Cortes de milhares de cargos estatais, inviabilizando a operação regular de diversos organismos federais;

- Estímulo aberto a uma verdadeira “fuga de cérebros”, com proibição da permanência de estudantes estrangeiros das universidades do país e com a taxação em 100 mil dólares para a obtenção do visto de trabalho H-1B, concedido a profissionais altamente especializados;

- Elevação das taxas importações de praticamente todos os parceiros comerciais dos EUA, fomentando a quebra de empresas do país, desemprego, inflação, desabastecimento e insegurança na população, além de motivar muitos países a buscarem e desenvolverem novos mercados que excluem os Estados Unidos;

- Cortes enormes de investimentos em pesquisa, o que provocara debandada de cientistas para outros países;

- Taxação de filmes produzidos fora dos EUA, o que limitará a ação de Hollywood e a realização de festivais de cinema e de cultura no país, causando prejuízos ainda não calculados;

- Condução de uma verdadeira “cruzada antivacina”, o que já provocou a maior epidemia de sarampo no país dos últimos 30 anos e seguramente provocará o ressurgimento de doenças praticamente extintas;

- Estremecimento das relações com diversos países, acelerando o crescimento dos BRICS e do abandono paulatino do dólar como moeda de transações comerciais internacionais;

- Invasão por forças militares de cidades estadunidenses consideradas por ele como “inseguras”, gerando uma crise entre a Casa Branca e diversos governadores, inclusive de estados importantes, como a Califórnia;

- Apoio irrestrito a Israel e ao genocídio palestino, semeando o sentimento anti-EUA no mundo.

Nem se elegessem um inimigo declarado dos Estados Unidos para a Casa Branca o estrago seria tão grande e em tão pouco tempo. 

Trump é um verdadeiro ícone do declínio do império estadunidense e seu segundo mandato será lembrado pelos historiadores como um marco deste processo.

E ainda temos maravilhosos 3 nos e 3 meses pela frente!

Camarada Trump, presente!

TEXTO DE:
Alexandre Périgo

Isenção do IR até R$ 5 mil: alívio imediato e impacto social duradouro


A eventual aprovação, pela Câmara, da isenção do Imposto de Renda para quem recebe até cinco mil reais e sua sanção pelo presidente Lula representariam uma das maiores mudanças recentes na política tributária brasileira.

O benefício direto é claro: milhões de trabalhadores da base da classe média deixariam de ter parte do salário retido, o que, em tempos de inflação persistente e crédito caro, se traduz em mais fôlego para o consumo e alívio nas contas do mês.

Do ponto de vista social, a medida ataca uma distorção antiga: a defasagem da tabela do IR que, ao não ser corrigida integralmente, ampliava a carga sobre rendas mais baixas. O ganho líquido pode reforçar o mercado interno e reduzir a sensação de injustiça fiscal que há anos alimenta críticas ao sistema tributário.

Ainda que o debate sobre o custo fiscal permaneça — com impacto potencial na arrecadação da União —, os benefícios imediatos para a renda das famílias e para a economia real dão ao projeto um peso político significativo. Se aprovada, a isenção será vista não apenas como uma promessa cumprida, mas como uma reaproximação do Estado com o trabalhador assalariado.

Esta é uma pauta tão delicada, que acaba unindo, mesmo que por força, governo e oposição.

sábado, 27 de setembro de 2025

O Brasil diante dos Quinta-Coluna

A expressão “Quinta-Coluna” surgiu durante a Guerra Civil Espanhola, em 1936, quando quatro colunas militares do Exército franquista avançavam sobre Madri, e simpatizantes fascistas na cidade desenvolviam ações de sabotagem ao governo da Frente Popular.

Esse grupo foi chamado, então, de “Quinta-Coluna” para designar como traição o papel de agentes internos que enfraquecem as defesas nacionais ou abrem caminho para tropas invasoras.

 Algumas fontes históricas referem que o general golpista Gonzalo Queipo de Llano y Serra, conhecido por ter ordenado assassinatos em massa em Sevilha, teria dito: “A quinta-Coluna está esperando para saudar-nos dentro da cidade”.

No contexto da Segunda Guerra Mundial, a expressão foi muito utilizada para identificar pessoas ou grupos que, de dentro dos países aliados, colaboravam com o Eixo por meio de espionagem, sabotagem, propaganda subversiva e difusão de boatos.

As ações dos traidores se davam, assim, tanto no plano militar quanto no plano psicológico, para desmoralizar a resistência.

Um exemplo notável ocorreu nos Países Baixos, em maio de 1940, durante a invasão alemã. Membros do movimento fascista holandês Nationaal-Socialistische Bewwring (NSB), liderado por Anton Adriaan Mussert, atuaram de forma coordenada para ajudar os nazistas, fornecendo listas de opositores e de judeus às autoridades alemãs, sabotando comunicações e vias de transporte militar holandês e guiando as tropas alemãs por rotas alternativas para evitar a defesa.

Essas ações produziram danos imensos e os responsáveis por elas foram, após a Guerra, denunciados, processados e julgados, sendo executados como traidores entre 1945 e 1946, sendo o partido fascista holandês banido.

Sobre o papel vergonhoso do colaboracionismo e a importância da resistência na Europa ocupada, aliás, vale muito assistir ao filme Número 24 (Netflix), que conta, de maneira especialmente delicada, a história do herói Gunnar Sønsteby, líder da resistência norueguesa.

O Brasil também teve os seus Quinta-Coluna como ficou comprovado no caso da rede de espionagem desmantelada no porto de Santos em 1942.

Um dos líderes desse esquema era o alemão Albrecht Gustav Engels (codinome “Alfredo”), que organizou uma rede de simpatizantes locais, entre eles um certo Josef Starziczny, que foi preso enquanto espionava a movimentação de navios aliados.

Com auxílio do FBI, a polícia brasileira chegou a dezenas de outros colaboradores. Os quinta-coluna, nesse caso, informavam sobre o movimento de navios para submarinos alemães no Atlântico. A rede de espionagem foi formada por imigrantes alemães, muitos naturalizados; por membros e simpatizantes da Ação Integralista Brasileira (AIB) e por alguns militares e técnicos (pilotos, engenheiros), que, por convicção ideológica ou interesse, colaboraram, oferecendo também dados sobre aeródromos, pistas e movimentação de aviões.

Tudo isso é história que, no Brasil, se repete agora, ainda que como farsa, na conduta da família Bolsonaro.

É, de fato, incrível que um deputado federal se licencie de seu mandato e se mude para os Estados Unidos para demandar de seu aliado de extrema direita sanções ao Brasil para debilitar sua economia na tentativa de obstaculizar o funcionamento do Poder Judiciário.

As armas aqui não são fuzis nem transmissões clandestinas de rádio, mas lobby externo que caracteriza o mais flagrante ato de traição à Pátria que se tem notícia.

A diferença básica com os quinta-coluna está na forma. Enquanto os traidores de ontem agiam nas sombras, os de hoje se exibem nas redes sociais e se declaram admiradores da nação que abre injusta e inaceitável guerra comercial contra o Brasil, país que os quinta-coluna juraram defender.

Estamos, salvo melhor juízo, lidando aqui com crime contra a soberania nacional, prática tipificada pelo artigo 359-L do Código Penal: “Negociar com governo ou grupo estrangeiro, ou seus agentes, com o fim de provocar atos típicos de guerra contra o País ou invadi-lo”.

O fato já seria de uma gravidade extraordinária, mas o que há de pior em torno dele não é sequer a ação dos traidores empenhados apenas em salvar um covarde da cadeia.

O que espanta é que os quinta-coluna tenham uma legião de apoiadores no Brasil, a começar pela bancada da extrema direita no Congresso Nacional, cujos representantes chegaram ao ponto de abrir bandeira em apoio a Trump na sede do Poder Legislativo.

O mesmo Poder que, aliás, não foi até agora sequer capaz de cassar o mandato do traidor.

Assim, a ação lesa-pátria é transformada em ato de “resistência” e naturalizada por parte significativa da mídia, como se fosse a extensão da tal “polarização” política-ideológica, impreciso conceito que acomoda as mentes cansadas e os oportunistas e legitima a ação dos bandidos contra o Brasil.


TEXTO DE:

Marcos Rolin

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Há química entre Lula e Trump?

Lula chegou na bancada da ONU e botou o pé na mesa.

Disse com muita firmeza da força da soberania do país, o douro da democracia e a fortaleza das instituições.

Manteve a força da palavra para mais uma vez denunciar o genocídio dos palestinos e reforçando que se deve haver a criação do estado da Palestina antes que vire hotéis, cassinos e puteiros de luxo, patrocinados pelos EUA e Israel, já que possuem um lobby fortíssimo da narrativa jornalística.

Destacou veementemente o compromisso com a agenda climática, onde haverá em breve a COP 30 no Pará.

Distribuiu beijos e abraços em chefes de Estado, esfuziantes junto com Macron, inclusive uma “química” dita por Trump em plenária, depois de bater e ameaçar o Brasil de todas as maneiras, obviamente ainda com as narrativa bolsonarista na mente.

Lula estrategista já aproveitou e fez acordos com a Califórnia, estado rival de Trump, sobre mercado de carbono e transição energética, algo que Trump está fazendo uma regressão com o lobby petrolífero e dane-se o mundo.

O negócio é que líder reconhece líder, isso desde os primórdios antes de Cristo.

E Trump percebeu que Lula não é o cachaceiro analfabeto que deve ter ouvido uma dezena de vezes da tal família subserviente, especialista em rachadinhas, cujo o pai foi condenado por tentativa de golpe de Estado.

Lula e Trump não vão se tornar amigos, mas uma coisa é certa: a relação entre Brasil e EUA diplomaticamente poderá melhorar um pouco, ainda mais se ambos sentarem pra conversar.


TEXTO DE:

Thiago Muniz

Carlos Ratazana Massa ataca Júnior Lima

O apresentador Carlos Massa, o Ratinho, disse recentemente que Júnior Limanão tem talento como a irmã Sandy”, que “nunca cantou de verdade”, que tem um grupo “que é uma bosta” e que sua manifestação política foi “bobagem”.

É preciso ir além do escândalo midiático: cada uma dessas frases, quando analisada sob à luz da ciência política, não traduz discordância, mas sim, discurso de ódio.

O que Ratinho faz é operar no registro da humilhação, tentando reduzir uma figura pública à insignificância, não por argumentos racionais, mas pelo ataque direto à sua identidade e à sua trajetória artística.

Isso não é crítica, isso é destruição simbólica. Isso é dircurso de ódio. É a certeza da impunidade que se vislumbra quando se tem um microfone que represente algum tipo de poder nas mãos.

O ataque não é à toa. O comunicador é pai de político, usa o microfone de palanque e age mais como um deles, do que como um comunicador que fala ou opera para todos os telespectadores.

Se você não pensa como ele, e é uma pessoa pública, cuidado! Pode se tornar um alvo e, a qualquer momento, ser xingado de “bosta”.

O nível é baixo demais.

Quando Ratinho diz que Júniornão tem talento como a irmã”, ele não está apenas emitindo uma opinião estética. Ele instrumentaliza a comparação como forma de aniquilação subjetiva: nega ao outro a legitimidade de existir artisticamente, amputando sua identidade e relegando-o a um eterno “apêndice” de Sandy.

Na psicanálise, isso se chama violência narcísica: negar ao outro a possibilidade de individuação.

Na política, é discurso de ódio porque não confronta ideias, mas inferioriza o ser humano. Não é sobre música: é sobre silenciar.

A frase “nunca cantou de verdade, quem canta é a Sandy” se agrava. Trata-se de um mecanismo clássico do discurso de ódio: reescrever a realidade para invalidar a experiência do outro.

Não se ataca a manifestação política de Júnior, mas sua própria existência profissional.

É exatamente assim que se fabrica a exclusão social por meio do ódio: pela negação da realidade e pela tentativa de convencer o público de que o outro “não é nada”.

E, quando diz que o grupo de Júnioré uma bosta”, Ratinho apenas fala de si mesmo.

TEXTO DE:
Alessandro Lo-Bianco

terça-feira, 23 de setembro de 2025

ONU: Lula encanta, Trump divide

Na Assembleia Geral da ONU, palco onde líderes mundiais buscam projeção global, a métrica de impacto não está apenas nas palavras ditas, mas nas reações que provocam.

E neste quesito, Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump tiveram jornadas bem distintas.

O presidente brasileiro foi aplaudido sete vezes durante seu discurso. Já o americano, apenas uma.

O contraste revela mais do que simpatia ou antipatia momentânea — expõe estilos, agendas e credibilidades distintas diante da comunidade internacional.

Lula: o Brasil de volta ao concerto mundial

Lula subiu ao púlpito com a energia de quem tenta reposicionar o Brasil como voz do Sul Global e ator confiável em debates universais. Falou de desigualdade social, combate à fome, defesa da Amazônia, igualdade de gênero e raça, e não hesitou em denunciar sanções unilaterais e o “genocídio em Gaza”.

O plenário reagiu em momentos estratégicos: quando ele afirmou que “o Brasil está de volta”, ao destacar a queda do desmatamento, ao criticar embargos econômicos e ao defender direitos humanos. O roteiro estava afinado: ética, soberania e multilateralismo. Para muitos, soou como música — e os aplausos foram a prova.

Ainda assim, não faltam ressalvas. Há quem veja excesso de retórica e pouco detalhamento sobre viabilidade prática de suas propostas.

Mas, em termos de soft power, Lula conseguiu o que queria: sair de Nova York como o presidente que dialoga e mobiliza.

Trump: entre o aplauso tímido e as risadas desconfortáveis

Donald Trump, por sua vez, levou ao plenário o mesmo estilo que marcou sua presidência: combativo, nacionalista e autocentrado. Repetiu a cartilha do “America First”, atacou instituições multilaterais, questionou políticas climáticas e falou em acordos comerciais injustos.

Pediu um cessar-fogo imediato em Gaza, mencionou reféns, mas o impacto foi discreto: um único aplauso.

Em outros trechos, vieram risadas — um retrato claro da distância entre sua retórica de campanha e a expectativa de diplomacia num espaço coletivo como a ONU.

Críticos apontam que Trump parecia falar mais para sua base doméstica do que para chefes de Estado. Sua ênfase em soberania soou, para muitos diplomatas, como um recado de isolamento, não de liderança.

Dois mundos, duas recepções

O contraste não poderia ser maior. Lula tentou — e conseguiu — projetar o Brasil como voz de consenso e esperança, mesmo entre críticas e contradições internas.

Trump reforçou sua marca pessoal, mas encontrou resistência num ambiente que preza o multilateralismo.

Se aplausos fossem votos, Lula teria vencido por goleada. Mas, na ONU, eles significam algo mais sutil: a disposição dos países em ouvir e, talvez, seguir um caminho comum.

E nessa arena, entre palmas e risos, ficou claro que, ao menos por uma noite, o Brasil falou mais alto que os Estados Unidos.

Por fim, Trump anunciou que se encontrará com Lula, talvez já na próxima semana. Além de dizer que gostou do líder brasileiro no pouco tempo que se encontraram.

sábado, 20 de setembro de 2025

Trump transformou os EUA em um parquinho — e a gente nem ganhou ingresso

Sabe quando você era criança e tinha aquele colega que sempre dizia: “a bola é minha, só joga quem eu quiser”? Pois é. Agora esse colega cresceu, virou presidente e atende pelo nome de Donald Trump.

Os Estados Unidos, antes chamados de “terra da liberdade”, agora parecem mais a pracinha particular dele.

Jimmy Kimmel: piada proibida no recreio

Jimmy Kimmel fez o que qualquer apresentador de late-night faz: piada. Mas a FCC, presidida por um indicado de Trump, não achou graça. Resultado: o programa dele foi suspenso.

É como se o governo tivesse dito: “Quer liberdade de expressão? Beleza. Mas só se for para elogiar meu cabelo”.

Próxima temporada de Jimmy Kimmel Live!? Talvez só se mudar o nome para Jimmy Trump Live!

Tarifaço: quando o recreio vira guerra de lancheira

E como brincar só com a mídia não basta, Trump resolveu brincar também com a economia mundial como se fosse uma grande partida de Banco Imobiliário. Aumentou tarifas não só contra rivais, mas contra amigos de longa data como Canadá e Europa.

É como cobrar pedágio para brincar de balanço. “Quer vender queijo suíço? Beleza, mas agora custa 25% a mais. Quer tequila mexicana? Pode, mas com sobretaxa de recreio.”

O resultado? Consumidor americano pagando mais caro até no cachorro-quente. Mas ei, pelo menos o Trump pode dizer que “ganhou” no recreio.

O manual do playground autoritário

A lógica é simples:

  • Se você rir dele, tá fora do parquinho.

  • Se você quiser vender brinquedo, paga tarifa.

  • E se você discordar, vai para o escorregador da censura.

É a versão política do velho “quem manda aqui sou eu”.

Democracia na gangorra

A democracia americana sempre gostou de posar de exemplo para o mundo. Mas agora parece estar naquela gangorra de parque velho: faz barulho, range e pode quebrar a qualquer momento.

Enquanto isso, o Trump se balança no topo, feliz da vida, gritando: “Olha mãe, sem mãos!”.

Parque de diversões ou circo?

Os EUA já foram chamados de “terra da liberdade”. Agora estão virando “terra do playground particular”.

A diferença? No parquinho do Trump, não tem risada garantida. Só ingresso caro, censura e muita marra de quem acha que é dono da bola.

A grande dúvida é: os americanos vão continuar brincando nesse parque ou finalmente alguém vai chamar o segurança para desligar a roda-gigante?


*Otexto foi editado ao estilo Talk Show, em apoio ao apresentador Jimmy Kimmel

sábado, 13 de setembro de 2025

Divagações sobre um julgamento

Bolsonaro dedicou seu voto no impeachment de Dilma ao torturador Brilhante Ustra dentro do plenário da Câmara dos Deputados. Ali ele iniciou sua campanha rumo ao Palácio do Planalto. Ele é filho da ditadura militar, seu herdeiro político e ideológico. 

O Brasil, ao contrário de vizinhos como o Chile e a Argentina, nunca levou ao banco dos réus os militares que impuseram uma ditadura que durou 21 anos e promoveu tortura, perseguições e assassinatos que marcaram com sangue a história do país. Não só os golpistas de 1964, mas os responsáveis por todas as tentativas e golpes na história da República foram perdoados e anistiados. A própria República foi inaugurada com um golpe militar. 

Por isso esse julgamento é tão importante e carregado de simbolismos. A condenação do ex-presdidente e de seus ex-ministros e assessores, tanto civis quanto militares, pela tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e outros crimes correlatos é inédita e serve de exemplo para o mundo num momento em que as democracias estão sob ataque intenso. Mais do que isso, punir militares de alta patente é um desagravo e uma forma de fazer justiça à memória de tantos brasileiros torturados, perseguidos e mortos pela ditadura. É sobretudo um aviso, um indicativo aos militares de que aventuras golpistas serão punidas com o rigor da lei. 

Por tudo isso o voto decisivo ter sido dado por uma mulher, a ministra Cármem Lúcia, deixa tudo ainda mais simbólico. Um voto sucinto, claro, objetivo e corajoso contra uma organização criminosa comandada por um homem que fez questão de manifestar sua misoginia em vários momentos de sua vida pública. 

O voto da eminente ministra ganha ainda mais destaque por ela ser atualmente a única mulher na Suprema Corte de um país onde somente a partir de 1932 as mulheres começaram a ter direito ao voto. 

Por outro lado, o voto de Fux absolvendo a maioria dos golpistas, por mais incoerente que tenha sido, ajuda a desmontar a tese da extrema direita de que estamos vivendo uma ditadura da toga. Afinal, mesmo na Suprema Corte, apesar do consenso da maioria, há espaço para a divergência e o contraditório. 

Não deixa de ser irônico também que Bolsonaro tenha atuado por 27 anos como parlamentar do baixo clero e agora tenha sido condenado a 27 anos como presidiário. 

Outro dado numerológico que me pareceu curioso pela simbologia é o fato do ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, ter nascido a 13 de dezembro de 1968, justamente o dia em que os militares decretaram o AI-5 ( Ato Institucional nº 5), o ato mais violento da ditadura que instituiu a censura, a tortura, determinou o fechamento do Congresso, a extinção dos partidos e a cassação do mandato dos parlamentares eleitos pelo voto. 

Por fim eu acho um escárnio que a decisão do STF tenha de ser homologada pelo STM (Superior Tribunal Militar) em relação aos três generais e ao almirante. 

Além disso eu acho também que o fato de Bolsonaro ter sido condenado por planejar um golpe deveria invalidar suas duas indicações para o STF. Afinal, se ficou provado que havia um plano de permanecer no poder, a indicação para a Suprema Corte também fazia parte desse plano.

E Bolsonaro ainda precisa responder pelos crimes durante a pandemia que causaram milhares de óbitos, pela adulteração dos cartões de vacinação, pelo roubo das jóias e pela prática de rachadinha. 

Seja como for, para consolidar essa decisão precisamos derrotar a extrema-direita na corrida presidencial e eleger um Congresso mais progressista ano que vem. Afinal de contas o próximo presidente deve indicar três ministros para o STF.

TEXTO DE:
Makely Ka

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Confira as penas do Núcleo Golpista de Bolsonaro

 










And Fux se Fux

Foto Gabriela Biló
Juristas apontam, nessa exaustiva e "defensiva" análise de Fux (que, por sinal, revela a pluralidade do Supremo):

1- Contradição entre Fux se dizer um ministro pautado pela "análise de eficiência do law and economics", mas insistir em teses superadas e já rechaçadas pelo Plenário;

2- Contradição entre posicionamentos de Fux agora e no julgamento dos réus do 8 de janeiro, um verdadeiro "cavalo de pau" na interpretação;

3- Contradição em defender a nulidade do processo na Corte para todos, sendo que Ramagem claramente tem foro;

4- Contradição entre alegar "falta de provas" e não analisar qualquer elemento de prova, desconsiderando todas;

5- Contradição entre sua história, de ministro conhecido por conceder tão poucos Habeas Corpus, e sua repentina "vocação garantista";

7 - Contradição entre abrir seu relatório condenando a "politização" do julgamento e fazer  tremenda politização, ao citar o "Mensalão", as "Jornadas de Junho de 2013" e as ações "Black Blocs", adjetivando-os como "atentatórios à democracia" - crime não imputado por ele, até agora, à intentona em análise, que comprovadamente visava impedir a posse de presidente eleito e, depois, inviabilizar seu governo;

8 - Contradição entre a alegada impossibilidade de analisar "tantos documentos da denúncia em tão pouco tempo" e seu imenso voto, o mais longo de todos, com dezenas de citações;

9 - Contradição entre amparar-se seguidamente no ex-ministro Celso de Mello, crítico contumaz da tentativa de golpe que Fux minimiza ou rejeita;

10 - Contradição suprema entre dizer-se defensor intransigente do Estado Democrático de Direito e argumentar que "não existiu organização criminosa", que "enfraquecer o Estado não é suficiente", e indicando que as meras "tentativas" ou "cogitações" foram individualizadas e de pequeno impacto.

TEXTO DE :
Chico Alencar

Ocorreu no Brasil e chocou Trump

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quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Luiz Fux deu aula... de golpismo e covardia

Após os Ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino votarem pela condenação de Bolsonaro e seu séquito golpista, chegou a vez do Ministro in-Fux-we-trust votar.

Todo mundo com um mínimo de discernimento já previa que Fux iria votar pela inocência de todos os membros do AI-5 do século XXI, mas ele não se contentou apenas em ser sabujo e defender a manutenção de seus visto americano para Disney.

Fux precisava chamar à atenção. Ele carecia da condição de protagonista. Seu ciúme e inveja dos demais ministros, turvou-lhe raciocínio e caráter.

Resolveu que teria esse protagonismo, mesmo que para isso fosse na contramão dos fatos e colocasse em risco sua trajetória.

A história vai lembrar desse episódio, e durante bastante tempo, caricaturas de Fux-USA, circularão pelas páginas da Internet.

Pelo lado dos nazi-tupiniquins, será louvado. Mas isso gera mais vergonha que notoriedade.

Ao votar pela nulidade de todo o processo, Fux, foi contra si mesmo. Afinal, ele votou pela condenação de centenas de réus do 8 de janeiro.

Mas, claro, tratavam-se de "velhinhas com a Bíblia sob a axila". Pois na hora de punir os cabeças, os mandantes, Fux, considerou-se incapaz.

Em seu voto, Fux diz que ele não tem legitimidade para julgar aqueles que estão em posição privilegiada na sociedade. Apenas tem legitimidade para condenar os "joão-ninguém" da rua.

Se tivesse permanecido apenas na tese de que os crimes de Abolição de Estado Democrático de Direito e Golpe de Estado são a mesma coisa, poderia-se debater, divergir, mas ao votar pela anulação completa do julgamento, o Ministro joga seu nome na lama.

"Maldita hora em que Dilma indicou essa verruga ao STF".

O que realmente enoja, é que Fux levou mais de 7 horas, não para usar da interpretação do Código Penal Brasileiro, mas sim, para repetir uma cantilena típica de grupos de Telegram da República de Curitiba.

Que esse episódio não seja esquecido. Fux precisa ser apagado da história do Brasil, a não ser que seja para ser lembrado como uma espécie de Judas da Democracia.

Nem mesmo Bento Manuel Ribeiro, o Caudilho Maudito, foi tão baixo.

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Essa tal gente de bem...

Nenhum discurso, nenhuma imagem e nenhum texto definem tão bem a extrema direita brasileira como a foto da bandeira estadunidense gigante desfilando orgulhosa no dia da independência do Brasil em plena avenida Paulista.

É a contradição definitiva que explica cabalmente quem é essa gente "de bem".

Essa gente é patriota, mas odeia o povo, a cultura e as coisas de nosso país, além de apoiar a interência dos Estados Unidos em nossos assuntos internos.

Essa gente é religiosa, mas apoia o genocídio dos palestinos, a posse de armas e comemora a morte de quem não gosta.

Essa gente é contra o aborto, mas vibra ao ver meninos negros e pobres trancafiados.

Essa gente faz apologia à família, mas é desagregadora, trai o cônjuge, bate e abandona os filhos.

Essa gente diz odiar a corrupção, mas faz vista grossa aos casos escancarados de roubalheira de seus líderes.

Essa gente diz viver em uma ditadura, e diz isso enquanto desfila livremente por todas as cidades brasileiras.

Essa gente diz que em 1964 não se iniciou uma ditadura, pois acha que quem foi torturado e morreu "mereceu".

Essa gente diz que quer liberdade irrestrita, mas não hesita em agredir qualquer casal homoafetivo que ouse demonstrar carinho em público ou em tentar proibir um espetáculo artístico que não atenda suas preferências pessoais.

Essa gente é a consagração do "dois pesos, duas medidas", o ápice do uso do argumento oportunista, a vitória da ostentação da hipocrisia, a apologia do "eu posso, você não". 

Essa gente usa todo esse instrumental do absurdo como camuflagem, debaixo de suas camisetas da CBF, para que não vejamos quem são de verdade: elitistas, intolerantes, racistas, homofóbicos, incultos, vira-latas, truculentos, vulgares e ignorantes.

É um desafio permanente ser obrigado a dividir o oxigênio com eles sem perder o réu primário.

TEXTO DE:

Alexandre Périgo

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Primeiro dia do Julgamento de Bolsonaro

O primeiro dia do julgamento do núcleo golpista liderado pelo ex-presidente Bolsonaro foi calmo.

Abaixo um resumo do que se viu nesse primeiro dia.

Abertura e acusações

  • A sessão teve início às 9h e foi aberta pelo relator, ministro Alexandre de Moraes, que leu o relatório da ação penal nº 2668, detalhando todo o caminho processual desde a investigação até as alegações finais.

  • Em seu discurso, Moraes destacou que o julgamento resistirá a “pressões internas ou externas”, reforçando a defesa da soberania e da democracia brasileira.

  • O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que depoimentos, documentos e registros comprovam que Bolsonaro liderou uma tentativa de golpe de Estado após perder as eleições de 2022. Segundo Gonet, as ações incluíram convocar militares, espalhar desinformação sobre o sistema eleitoral e incitar os ataques de 8 de janeiro de 2023.

Réus e acusações

  • Além de Bolsonaro, também são réus sete ex-altos cargos civis e militares — incluindo Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira, Walter Braga Netto e Mauro Cid — acusados pelos mesmos cinco crimes: organização criminosa armada, golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado por violência e grave ameaça, e deterioração de patrimônio tombado.

  • Alexandre Ramagem, atualmente deputado federal, teve parte das acusações suspensas e responde a apenas três dos cinco crimes.

Defesa dos réus

Após o intervalo para o almoço, as defesas se manifestaram:

  • Mauro Cid: Defesa defendeu a validade da delação premiada e negou ter sido coagido, ressaltando que Cid perdeu a carreira e que não há provas concretas vinculando-o ao golpe.

  • Alexandre Ramagem: Defesa afirmou que ele apenas “compilava pensamentos do presidente” e negou envolvimento em espionagem a ministros do STF.

  • Almir Garnier: Defesa negou que o almirante tenha colocado tropas à disposição de um golpe e contestou a existência de reunião golpista com Bolsonaro .

  • Anderson Torres: Defesa ironizou a “minuta do golpe” apreendida pela PF, chamando-a de “minuta do Google” e sem valor prático.

Encerramento e próximos passos

  • A sessão foi suspensa por volta das 17h55 e será retomada nesta quarta-feira (3/9), a partir das 9h.

  • Estão previstas oito sessões ao todo, distribuídas entre os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro. A fase de votação, que definirá absolvição ou condenação, ocorrerá nas próximas sessões.

  • As penas em caso de condenação podem ultrapassar 30 anos de prisão!

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Julgamento de Bolsonaro: 40 anos de prisão?

O ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus podem ter punição de até 43 anos de prisão caso sejam condenados (queira Deus, serão), com pena máxima pelos crimes que são acusados e as penas sejam somadas.

O grupo responde por cinco crimes.

Os oito réus do chamado "núcleo crucial" serão julgados na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal pela participação ma tentativa de golpe de Estado.

Sim, querido bolsonarista que se faz de lesado, TENTATIVA de golpe é crime previsto no código penal brasileiro.

A Procuradoria-Geral da República pede na denúncia que, em caso de condenação, as penas sejam somadas.

O STF julgará:
- Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin;
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Augusto Heleno, ex-ministro do GSI;
- JAIR BOLSONARO;
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil;

As penas pelos crimes são:
- tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito: pena de 4 a 8 anos;
- tentativa de Golpe de Estado: pena de 4 a 12 anos;
- participação em organização criminosa armada: pena de 3 a 8 anos (pode chegar a 17 anos, com agravantes de uso de arma de fogo e participação de agentes públicos;
- dano qualificado: pena de seis meses a 3 anos;
- deterioração de patrimônio tombado: pena de 1 a 3 anos.

Nós desejamos toda sorte do mundo aos réus e que sejam condenados a cumprir vários anos de prisão para que sirvam de exemplo para qualquer malico que no futuro pense em repetir os mesmos atos.

terça-feira, 26 de agosto de 2025

Nova Vale Tudo

Há milhares de críticas sobre o remake de Vale Tudo, as releituras da escritora Manuela Dias sobre diversos personagens, dos protagonistas aos antagonistas.

Mas temos que pensar o seguinte: o mundo mudou!

Não estamos mais em 1988 onde a visão do mundo era outro. Estamos em 2025, nada fora da realidade.

Uma Odete Roitman poderosa e ninfomaníaca, mas com fragilidades perceptíveis; uma Heleninha menos agressiva e mais reflexiva com a sua doença alcoólica e com a culpa de ter “matado” o seu irmão gêmeo Leonardo.

Falando no Leonardo, a virada de chave da autora foi em manter ele vivo mas sendo escondido e renegado da sociedade pela sua própria mãe, envergonhada pelas supostas sequelas que ele adquiriu com o acidente.

Mas na minha visão manter o personagem só com sequelas não teria total sentido, era então melhor manter a versão original de Gilberto Braga: morto.

Mas Manuela Dias fez melhor, a volta de Leonardo como uma fênix, sobre as cinzas e revigorado pronto para dar o xeque mate em sua própria mãe, a real culpada pelo acidente.

Ivan e Maria de Fátima são da mesma casta: ambiciosos e mau caráters; só que com uma diferença: Fátima dá a cara para o tapa e Ivan se esconde na sua hipocrisia de bom samaritano.

Novamente digo, 1988 não é igual a 2025; o mundo mudou, os comportamentos mudaram e a sociedade se proliferou. 

TEXTO DE:
Thiago Muniz

sábado, 23 de agosto de 2025

Bolsonaro e Lula, mudou governo, mas falcatrua no INSS se repetiu

A menos de uma semana para as eleições presidenciais de 2022, o INSS conduziu uma operação irregular para que a Confederação Nacional dos Trabalhadores Agrícolas (Contag) passasse a descontar mensalidades de mais de 30 mil aposentados e pensionistas, sem que eles tivessem solicitado.

A manobra foi feita em um momento em que o presidente Jair Bolsonaro estava atrás do candidato Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas.

O procedimento foi autorizado pelo INSS por meio de um desbloqueio em lote de benefícios previdenciários, violando as regras da previdência e a legislação federal que rege os processos administrativos, sem qualquer fundamentação técnica, conforme detalhou um relatório da Auditoria-Geral do INSS.

O episódio é semelhamte ao ocorrido no governo Lula em novembro de 2023, também com o desbloqueio em lote de mais de 30 mil benefícios previdenciários a pedido do Contag.

Foi com base nesta autorização indevida que a Polícia Federal pediu o afastamento do então Presdidente do INSS, Alessandro Stefanutto, aceito pela Justiça Federal na Operação Sem Desconto, em 23 de abril.

Agora, as evidências apresentadas pela Auditoria-Geral do INSS nesse novo relatório, de que um expediente semelhante já havia ocorrido ainda no governo Bolsonaro, podem alterar a linha do tempo das irregularidades sob apuração da Operação Sem Desconto, fazendo com que a Polícia Federal possa investigar a cúpula do INSS na gestão passada.

O pedido da Contag chegou ao INSS em 13 de setembro de 2022.

EM 26 de setembro, o INSS solicitou à Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev) o desbloqueio dos 30 mil benefícios previdenciários para inclusão de descontos associativos para a maior entidade sindical rural no Brasil.

A medida foi implementada pela Dataprev em 28 de setembro de 2022, quatro dias antes do 1° turno  das eleições.

Na ocasião, o presidente do INSS era Guilherme Serrano. Seria uma imprecisão dizer que ele deu uma "canetada" para liberar o desconto, já que o relatório da Auditoria-Geral do INSS destaca que não foi possível localizar nenhum processo administrativo a justificar a medida de desbloqueio.

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Ministro Flávio Dino decide que no Brasil, só valem leis brasileiras, para desespero dos vira-latas

O ministro Flávio Dino, do STF, deciciu nesta segunda-feira (18) que leis ou decisões judiciais de outros países não têm efeitos no Brasil, a não ser que passem por uma validação da justiça brasileira.

Sem citar diretamente as sanções impostas ao Ministro Alexandre de Moraes, Dino afirma que o Brasil tem sido "alvo de diversas sanções e ameaças" e que a decisão se mostrou necessária diante da "imposição de força de algumas nações sobre outras".

A decisão se deu no âmbito de uma ação movida pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) no Supremo, que questiona a possibilidade de municípios brasileiros entrarem com ações judiciais no exterior.

Ao fixar uma nova tese, Dino determina que medidas e sentenças  de tribunais estrangeiros só terão validade no Brasil se forem homologadas pela Justiça brasileira ou seguirem mecanismos formais de cooperação internacional.

O Ministro também determinou que Estados e Municípios estão impedidos de propor ações em tribunais estrangeiros e que bancos e empresas brasileiras não podem cumprir ordens internacionais sem aval dos tribunais locais.

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Governadores Nazi querem Brasil a favor do MAGA

Em um evento do BTG Pactual, governadores simpatizantes do nazi-fascismo, reclamaram da Medida Provisória do Governo Federal, que abre linha de crédito para empresas afetadas pelo tarifaço do velho gagá alaranjado que preside os EUA.

Para os governadores Rato Júnior, Ronaldo Gagá Caiado, Tarcísio Cara de Areia Mijada de Freitas e Dudu Leitinho, o Brasil deveria se curvar ao ditador estadunidense.

Para eles, o Brasil deveria trabalhar para Make America Great Again, ao invés de tentar salvar suas próprias empresas.

Foram aplaudidos por empresários presentes no evento, o que gera aquela dúvida justificada:
Esses que aplaudiram, vão recorrer ao dinheiro do Governo, ou vão rejeitar em nome da defesa dos EUA?

Óbvio que vão abraçar o dinheiro.

Nestes momentos, os defensores do ESTADO MÍNIMO, recorrem ao MÁXIMO DO ESTADO.

Hipocrisia e cara de "cu doce" é a marca registrada dessa corja, que é tão pobre que a única coisa que possuem, é dinheiro.

Bispo filmado de calcinha fazia investigação sigilosa

Bispo evangélico foi gravado usando calcinha e peruca loura.

Todos ficaram transtornados com o fato, porém, o bispo veio a público ao lado da esposa explicar o ocorrido.

O bispo estava diafarçado, realizando uma investigação secreta.

O bispo fazia uma investigação sigilosa para provar fraude nas urnas eletrônicas, além de tentar provar a trama internacional de aplicação de vacinas contra o Covid, que seriam responsáveis pelo contágio de comunismo que afeta o país.

Agora, com tudo explicado, o bispo volta aos cultos e pode continuar recebendo o dízimo dos fieis.


segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Lei Magnífica

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes decretou hoje (4), a prisão domiciliar do ex-presidente Bolsonaro.

Bolsonaro é aquele golpista que tentou destruir o pais em quatro anos de mandato, mas graças a Deus, falhou.

Nos corredores de Brasília está o maior burburinho. Tarcísio Areia Mijada está todo arrepiado lá em São Paulo.

Alexandre de Moraes teria aplicado a tal Lei Magnífica.

Desculpem, não resisti à piada.

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Entre a Fé e o Orgulho: Por que setores evangélicos têm dificuldade de abandonar o bolsonarismo

Nos últimos anos, o Brasil testemunhou uma aliança robusta entre o bolsonarismo e uma parte expressiva do movimento evangélico.

Ainda que o governo Bolsonaro já tenha terminado e que muitos dos seus erros tenham vindo à tona — do negacionismo na pandemia à fragilização das instituições democráticas, seguida da tentativa frustrada de golpe de estado — grande parte dos líderes e fiéis evangélicos ainda resistem em romper com esse projeto político.

Mas por quê?

A resposta, ao que tudo indica, não é apenas política, mas também teológica e emocional.

O apoio maciço de igrejas a Bolsonaro não foi apenas uma escolha estratégica ou ideológica. Em muitos púlpitos, esse apoio foi apresentado como revelação divina, como se o voto no ex-presidente fosse um dever espiritual.

Líderes disseram ter "ouvido de Deus" que Bolsonaro era o "escolhido", o "rei Ciro moderno", o "ungido por Deus para restaurar o Brasil".

Afinal, seu nome (Jair) é o nome de um dos juízes de Israel, e seu sobrenome é Messias. Os pastores viram nisso um sinal divino, uma profecia. Jamais passou por sua cabeça que isso fosse talvez, uma mera coincidência. Ou quem sabe, na mais pessimista das análises, um engano do próprio Satanás para dividir a Igreja.

Nos anos anteriores, incluindo os dois primeiros mandatos do atual presidente Lula (que foi eleito como principal adversário da Igreja por esses mesmos líderes), o crescimento das igrejas evangélicas no Brasil foi exponencial.

Com o recrudescimento do bolsonarismo dentro dos templos, esse crescimento se reverteu pela primeira vez em anos. Vários fiéis passaram a abandonar suas igrejas por não se reconhecerem mais em seus líderes que se tornaram abertamente autoritários e apostaram em discursos violentos e vingativos nos púlpitos.

Apesar disso tudo, muitos crentes ainda se entregam de corpo e alma a narrativa messiânica de Bolsonaro com fervor, orando e jejuando pela reabilitação de um homem que foi, aos olhos deles, investido de uma missão sagrada.

Abandonar o bolsonarismo, portanto, não é apenas romper com uma figura política. É admitir que se pode ter confundido uma convicção pessoal com uma revelação divina.

É reconhecer que, talvez, o discernimento espiritual falhou. E para um grupo cuja identidade está profundamente enraizada na certeza de que "Deus falou", essa admissão é dolorosa — beira o inaceitável.

Há ainda um fator psicológico importante: o orgulho espiritual.

A cristã prega a humildade, mas na prática, reconhecer publicamente que se errou — e pior, que se errou atribuindo esse erro a Deus — é um fardo quase insuportável. Isso explicaria por que muitos líderes dobram a aposta: preferem reinterpretar os fracassos de Bolsonaro como perseguições ou provações, ao invés de considerar que talvez tenham sido enganados ou tenham errado no julgamento.

Esse apego ao bolsonarismo, então, não é apenas político, mas também existencial. É uma tentativa de preservar a imagem de infalibilidade que muitos ministérios constroem em torno de si. Se eu digo que Deus falou, e depois admito que errei, como poderei manter minha autoridade espiritual sobre os fiéis? Esse dilema é central.

Claro que há exceções. Pastores e líderes que, com coragem, voltaram atrás, pediram perdão e passaram a fazer uma autocrítica honesta. Mas eles ainda são minoria, e frequentemente sofrem retaliações dentro do próprio meio evangélico, rotulados como “desviados” ou “liberais”.

A permanência do bolsonarismo entre os evangélicos não pode ser compreendida apenas com categorias políticas tradicionais. Ela envolve questões de fé, identidade e poder espiritual. Para que esse vínculo se rompa, será necessário um movimento interno de honestidade, humildade e, acima de tudo, disposição para reconhecer que ouvir a voz de Deus exige também discernimento e autocrítica.

Talvez, mais do que um erro político, o bolsonarismo tenha sido um espelho incômodo que revelou algo que os evangélicos precisam encarar: a tentação de transformar convicções ideológicas em verdades divinas, sem passar pelo crivo da compaixão, da justiça e da verdade — valores centrais do Evangelho que dizem professar.


TEXTO DE:

Tarciso Tertuliano

quinta-feira, 31 de julho de 2025

Caso Zambelli, próximos passos

O professor da Universidade de Brasília (UnB), procurador regional da República e ex-secretário de Cooperação Internacional da Procuradoria-Geral da República (PGR), Vladimir Aras projeta que o processo de extradição da deputada federal Carla Zambelli da Itália para o Brasil pode levar de um ano e meio a dois anos, na melhor das hipóteses do ponto de vista da Justiça brasileira. Aras ressalta que fala como estudioso do tema e não como procurador, já que não atua no caso da deputada.

"Na pior das hipóteses, ela estará solta em breve devido ao espaço para decisão política, como é comum em extradição."
- disse Aras.

Ele foi o secretário de cooperação internacional da PGR quando o Brasil conseguiu, em 2015, a extradição do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, que fugiu para a Itália após ser condenado no Mensalão. Vladimir Aras também é professor de direito processual penal na Universidade de Brasília (UnB) e especialista em Direito Penal Internacional.

Zambelli foi presa na Itália nesta terça-feira, 29. Com dupla cidadania, ela fugiu para o país em junho após ter sido condenada a 10 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por ter pedido a um hacker a invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça, para emitir um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes.

Aras explica que o próximo passo é o equivalente ao Ministério da Justiça italiano decidir se pede ou não a confirmação da prisão de Zambelli. Em caso positivo, caberá a Corte de Apelação em Roma tomar uma decisão sobre o caso.

Em seguida, o Brasil terá prazo de 45 dias para formalizar a extradição. O Ministério Público italiano e a defesa de Zambelli se manifestam no processo e a Corte de Apelação decide sobre a extradição. Os advogados da deputada têm defendido que ela sofre perseguição política no Brasil.

domingo, 27 de julho de 2025

As vísceras da cidade

I

A cidade não para. Ela nunca dorme, ela nunca termina. Ela é vendida para o mundo como o mais belo dos belos rostos, mas vista bem de perto tem sua pele bastante machucada pelo ser humano.


II

A cidade ganha novas tecnologias, os grandes prédios ficam mais modernos, os carros apressados são de última geração,  as pessoas das classes dominantes ostentam suas novidades digitais. Ao mesmo tempo, certas coisas nunca mudam - especialmente quando o tema é degradação. Sim, porque a cidade é linda nas fotografias turísticas, mas é esgarçada à medida em que se avança em direção aos bairros mais populares e populosos.


III

A cidade é humilhada. Ou melhor, ela humilha boa parte de seus habitantes. A violência humilha as pessoas, os transportes de massa, o emprego precarizado, a desigualdade social, a falta de oportunidades, tudo isso compõe uma carga imensa de humilhação às pessoas, e muitas acabam não resistindo: aderem às drogas lícitas e ilícitas, ao fanatismo religioso e a outros recursos para tentar aliviar suas realidades brutais. Vários não aguentam e dão cabo das próprias vidas, mas este é um assunto estupidamente proibido. 


IV

A cidade acaba sendo uma imensa frangueira elétrica num almoço de domingo, com milhões de pessoas fazendo o papel de cachorros, com os olhos bem arregalados, olhando e sonhando com pedaços de frango que nunca terão. 


V

A cidade tem lugares lindos, mas eles não são para todos, mesmo quando têm acesso ou entrada franca. 


VI

As coisas que nunca mudam. Os traficantes perigosos são levados para presídios federais, mas o tráfico continua estuprando, torturando e matando. A milícia também. Há lugares da cidade onde a polícia simplesmente não entra. Atravessar a cidade no fim da noite pode ser risco de morte, a depender do trajeto adotado.


VII

Acontece que essa também é a cidade das esmolas. Esmolinhas. Os políticos dão projetos de esmolinha para meia dúzia e acreditam ter mudado a cidade. O sonho do Carnaval é uma esmola para tanta gente tão sofrida. O sonho do futebol no Maracanã já foi uma grande esmola, mas o povo foi expulso de lá e agora se abriga em biroscas para poder vivenciar sua única alegria. Às vezes temos esmolas de grandes shows como os de Madonna e Lady Gaga, então o grande capital ganha, os trabalhadores minúsculos sobrevivem e ficamos esperando a próxima esmola. 


VIII

A maior prova do descalabro da cidade está nas madrugadas, quando milhares de famintos tentam se abrigar na porta de agências bancárias. Lembre-se: toda vez que você vir uma pessoa em situação de rua desabada numa calçada à tarde, pode ser consequência da pessoa virar a noite acordada, com medo de ser morta, incendiada ou estuprada.


IX

A cidade está crescendo. Temos cada vez mais prédios, voltados para quem já tem apartamentos - a minoria. Surgem novos bairros devidamente gentrificados, onde o povo só aparece como camelô ou prestando os serviços condominiais. "

"O povo? Que se aperte nas favelas."

Nos bairros antigos, há cada vez mais lojas fechadas que nunca mais vão abrir. 

Aliás, a própria rua que, no passado, era um palco de celebração da cidade, agora é cada vez mais mero percurso de passagem. As pessoas têm pressa. As pessoas têm medo. O celular virou o último refúgio das amizades numa cidade que já misturou muitos gênios em muitos bares, mas tirando os nichos da burguesia e alguns pontos esparsos, a vida na rua acabou. Ficaram apenas as pessoas oprimidas pela miséria.


X

"Miséria, miséria em qualquer canto, riquezas são diferentes."

"A morte não causa mais espanto."

A cidade ainda tem beleza sim. Ainda tem poesia. Contudo, as chances são cada vez mais escassas.

A cidade humilha as pessoas, não todas, mas a maioria. 

Muita gente deu seu sangue e sua vida para que a cidade fosse de todos, mas isso jamais aconteceu, e não há esperanças de que o cenário mude. 

Seria possível mudar a cidade para melhor, mas as pessoas que controlam o poder não têm o menor compromisso com o bem comum: parlamentares, empresários, personalidades, banqueiros etc. Nunca estiveram nem estão aí com nada. 


XI

Cidade maravilhosa. 


TEXTO DE:

@p.r.andel